“Óleo negro” (2 de outubro de 1946)

Para aqueles que alimentam as razões simplistas de carater pejorativo, ou para aqueles apaixonados, que rezam por cartilhas de sentimentos contrarios aos genuinamente nacionais, por certo a notícia do jorro do petróleo veiu em má hora.

Em má hora convenhamos, na concepção doentia e na mentalidade feirante dessa gente, que, ou não pulsa com a vida brasileira, ou aspira transformar estas terras, em colonias escravas de outras raças e de outros costumes.

Para aqueles outros, que arfam e se sentem derramantes de orgulho, por estarem sobreados pelo sacrosanto Pavilhão Verde e Amarelo, o motivo ostenta um prisma diferente, um aspecto diverso, um encare contrário.

Não poderia ser diferente e nem tãopouco seria possível, que vingassem quaesquer motivos de apatismo, pelos interesses nacionais, por parte daqueles que têm amôr à esta Terra de Santa Cruz e, que, pugnam pelo ideal de brasilidade. Aqueles indivíduos que defendem estas plagas, pensando por elas, apontando suas vagas e opinando sobre suas ações, e, labutando em suas terras com o único interesse e dever, que lhes são outorgados por Deus, de serem filhos dilétos das cálidas regiões brasileiras.

Só os desnaturados é que não desenfream os cérebros, para pensar pela grande pátria brasileira e pelo seu futuro, para coadjuvar ideais e consorciar sentimentos, comungando princípios idênticos!

Um motivo se transparece agora, na realidade dos anseios nacionais, e no sonho lúgubre dos que ainda acreditavam, que, outros povos subjugariam nossos nativos. É a história do sangue da terra brasileira, o petróleo nacional.

Devanearam as imagens desconexas dos que são pela inatividade e retrospecto do Brasil e, ferveram borbulhantemente, os sentimentos patrióticos dos que formam na marcha do desenvolvimento nacional.

O Brasil já deixa jorrar de suas entranhas, o “ouro negro” em abundancia, em proporções tais, de coloca-lo com saliência entre os maiores produtores de petróleo do mundo!

Não mui distante da Capital Baiana, no distrito de Candeias, acaba de se atestar, materialmente, a produção de petróleo, superior a mil e oitocentos barris, ou sejam, cerca de duzentos mil cruzeiros diários.

O referido poço, é o maior do Brasil, têm a profundidade de setenta metros, custaram seus trabalhos de perfuração apenas seiscentos mil cruzeiros, e, pelas comprovadas características de produção e pelas excelentes qualidades do produto, é um dos mais importantes do mundo!

Cabe agora, ao governo da União, apoiar, proteger e garantir o seguimento e as explorações dessa ordem. Já prevemos que todas as providências serão desdobradas e antevemos que, na realidade, teremos distilada a gazolina nacional, e, outros produtos oriundos do “óleo negro”.

Esta terra não desaponta, os que por ela trabalham ou os que a lavram, e, aí temos uma das mais convincentes provas, parte do grande rosário de eloquências, que constantemente estamos provando com justo e paradigmo orgulho.

Extraído da primeira página do Correio de Marília de 2 de outubro de 1946, quando José Arnaldo ainda assinava José Padilla Bravos, seu nome de batismo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)