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Mostrando postagens de maio, 2008

Velocidade nas ruas (17 de março de 1956)

Se existem motoristas (profissionais ou amadores) côncios de grande responsabilidade que deve nortear os atos de quem se senta atrás de um volante, existem também aquêles que desconhecem por completo essa necessidade. Se existem “chauffeurs” cuidadosos, atenciosos, responsáveis e meticulosos no dirigir, existem também aquêles outros, que, na direção de um veículo, entendem que o mundo lhes pertence. Estamos vendo isso a tôda hora. Aqui, em São Paulo, no Rio, na China. A crônica policial das grandes cidades, registra um índice verdadeiramente assustador, no que tange a atropelamentos e mortes de trânsito. Não queremos aqui lançar sôbre as costas de todos os motoristas, a responsabilidade de todos os acidentes de trânsito, onde se apresentam mortes e ferimentos. Os pedestres, por suas vezes, também têm a sua responsabilidade e necessitam atenção e cuidado ao andar ou atravessar vias públicas. Mas, uma coisa é irretorquível: a pessoa que dirige um carro, deve ser cuidadosa e dedicada. Dev

Uma luta nóbre (16 de março de 1956)

Numa das últimas sessões da Câmara Municipal de Marília, o vereador Raul Pimazoni ofereceu à edilidade mariliense, o seguinte requerimento: “Requeiro, ouvido o plenário e em regime de urgência, que se oficie ao exmo. sr. Governador do Estado, Jânio Quadros, que tanta amizade tem demonstrado por Marília, a fim de que sua excia. determine a criação de cursos ginasial e normal noturnos, no prédio do Ginásio do Estado local, pois, como bem disse o nobre colega reverendo Álvaro Simões, em sua brilhante “Crônica do Dia”, publicada no conceituado jornal CORREIO DE MARÍLIA, de 4 do corrente, inúmeros são os meninos pobres que trabalham durante o dia a fim de auxiliarem seus progenitores e a outros que, por serem órfãos, são obrigados desde a infância a assumirem a direção e manutenção de seu pobre lar, sem poder com isso prosseguir em seus estudos e ser útil, no dia de amanhã, aos seus familiares e, sobretudo, à Pátria. A mocidade de Marília aguarda com ansiedade e confiança ao apêlo ora dirig

Dona de Casa... E Então? (15 de março de 1956)

E então, senhoras donas de casa? A Associação das Donas de Casas de Marília vai ficar indiferente a essa verdadeira crise que vivemos com referência aos constantes abusos que se verificam nos preços das coisas e gêneros de primeira necessidade? Entendemos ainda que a A. D. C. M. não principiou a agir, conforme prometeu aos marilisenes. As providências dêsse órgão estão se fazendo sentir, de há muito. O sr. Governador do Estado, pessoalmente, correu a estender a sua mão a essas senhoras, dando-lhe o seu apôio. O público mariliense recebeu com aplausos os primeiros trabalhos e a constituição da A. D. C. M.. E esperou, com alguma confiança, as suas providências, as suas ações. Estas, no entanto, estão tardando. Estão fazendo falta. Senhoras, agi! Fazei alguma coisa. Procurai intimidar, pelo menos um pouco, aos que se prevalecem de condições especiais, para esfolar o povo. Vinde a público, para demonstrar à própria COMAP, como se deve agir. O povo ainda está esperando as ações que a A. D.

Rapazes, cuidado! (14 de março de 1956)

Cuidado, rapazes casadoiros! Muito cuidado, porque o mundo de nossos dias anda de pernas para o ar. Homens “virando” mulheres... Mulheres “virando” homens... O que pensariam nossos austeros antepassados, aquêles homens que tinham um orgulho imenso em bater nos peitos e que consideravam um fio de barba como um documento? E aquelas mulheres que eram tipicamente femininas? Que não usavam decotes, que não vestiam calças compridas e jamais mostravam as pernas acima dos tornozelos? Pois bem, o “negócio” hoje é diferente... Modernismo? Sinal dos tempos? Não sabemos... O que nos consta é que parece que a moda “pegou”. A três por dois, muda-se de sexo, como a coisa mais natural do mundo. Sim, natural, pois a própria medicina explica a causa como um fenômeno dos mais naturais. Acontece que ôntem passávamos os olhos por sôbre um jornal da Capital e líamos, estupefatos, o caso da mulher que “virou” homem, dois meses após casada! E o caso não aconteceu em Nova Iorque, não. Nem na Alemanha Ocidental

Isso é progresso (13 de março de 1956)

A revista mensal “Seleções”, apresenta sempre um compêndio de relatos interessantes para ler. Trabalho meticuloso no que diz respeito à escolha de seus artigos, apresentação gráfica impecável e um serviço perfeito de informações referentes ao progresso da técnica e da ciência, fazem com que a aludida revista agrade a gregos e troianos. Agora, por exemplo, passando uma vista d’olhos por sôbre o número do mês em curso, deparamos com um artigo interessante. Faz referência comparativa ao progresso atual – o progresso da era atômica – com a vida rudimentar dos camponeses da Idade Média. Em síntese, o escrito diz mais ou menos o seguinte: Os homens da Idade Média, que viviam emergidos no analfabetismo, sem noções de progresso, de higiene, de cultura, sem amparo social de qualquer natureza, sem pagar “iapês”, seguros etc., sem conhecer cinemas, circos, futebol ou televisão, utilizavam para cozinhar o carvão vegetal. Isso, porque dentro de sua rudimentar inteligência, entendiam os nossos antep

Problemas e demagogia (10 de março de 1956)

Nos balões de ensaio que se processam nos Estados Unidos, para a reeleição do presidente Eisenhower, alguma coisa está parecendo com a situação política cá no Brasil. Vejam os leitores, a respeito, o que publicou há pouco o jornal “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro: “A ‘miséria agrícola’, expressão algo exagerada, constitui um dos temas da campanha do Partido Democrata dos Estados Unidos, em luta com o Partido Republicano, que elegera o general Eisenhower no pleito de 1952. Visam os “democratas” penetrar nos meios rurais, onde cinco milhões de agricultores sofrem as conseqüências e prejuízos da superprodução de 1955, não correspondida pela exportação nem pelos auxílios nem “estoques do govêrno”. O rendimento dos agricultores, que tem diminuído, acusou baixa ainda mais danosa em 1955. As somas recebidas pelos agricultores, na venda dos produtos ou por empréstimos da “Commodity Credit Corporation”, foram de 4% inferiores a do ano anterior. “Poderão os “republicanos”, em defesa do go

Intenções de Paz (09 de março de 1956)

Não se sabe porque cargas d’água, a paz mundial vive tanto ameaçada ultimamente! Curioso: Eisenhower quer a paz; Bulganin, idem. No entanto, as coisas parece que se distanciam cada vez mais da almejada tranquilidade dos povos. Lutas, confabulações, entendimentos, etc., são realizados à miude “em pról da paz”! Os dois países – Estados Unidos e Rússia – que se supõe estejam mais bem armados do globo, inclusive com bombas atômicas, de hidrogênio, cobalto, etc. vivem discutindo a questão. Agora, o presidente americano enviou uma carta ao ministro vermelho Nikolai Bulganin, na qual pede à Rússia que coopere nos novos esforços para o desarmamento. A carta do presidente rejeita também, diplomaticamente, o segundo convite feito por Buganin, para a conclusão de um pacto de amizade de 25 anos de duração, entre os Estados Unidos e a União Soviética. Mas, ao mesmo tempo, segundo se informou, a carta é escrita num tom amigável, “para que possa continuar a correspodencia com Bulganin”. Segundo infor

Novo Cinema (08 de março de 1956)

Informaram-nos que a Empresa Teatral Pedutti, proprietária de uma grande cadeia de cinemas no interior, inclusive os dois locais, irá em breve construir uma casa dêsse gênero de diversões, na Vila São Miguel. Indiscutivelmente, tal medida é oportuna e virá em muito, beneficiar os moradores do mais populoso bairro da cidade. O povo da Vila São Miguel, principalmente aquela parte que trabalha na cidade, dificilmente tem ensejos de assistir às sessões cinematográficas dos outros cinemas, pois aquêles que estão sujeitos a trabalhos de horário comercial, jamais conseguem tempo suficiente para isso. Na primeira sessão o horário entre o deixar do trabalho e o início do espetáculo torna-se diminuto; na segunda sessão, aquêles que devem iniciar as atividades pela manhã, não podem ir, de vez que necessitam repousar relativamente cedo, para trabalhar no dia imediato. Assim, os moradores da Vila São Miguel, via de regra, só conseguem assistir filmes aos domingos. E, para isso, considerando-se a “e

Ainda o caso dos preços (07 de março de 1956)

Em nosso artigo de ôntem, fizemos alusão aos preços vigentes em Marília, dedicando um capítulo especial ao custo de verduras e frutas em Marília. Muitas vezes temos dito, através desta mesma coluna, que nem sempre os culpados diretos são os pequenos comerciantes. A liberdade que gozam os intermediários, os descontroles nesse setor, podem ser as causas principais. A respeito de nossa nota de ôntem, um chacareiro nos procurou, para esclarecer que dentre outras coisas, o abandono dos poderes competentes – a Secretaria da Agricultura, no caso –, com a não distribuição de sementes, adubos e inseticidas, obriga aos verdureiros-plantadores a recorrer a comerciantes particulares. O aludido chacareiro informou-nos então que os preços de inseticidas, adubos e sementes, custam preços astronômicos. Por exemplo, um quilo de sementes de berinjela custa a “insignificância” de três mil cruzeiros! Ao par das explicações que nos fornecia o referido chacareiro, registramos também a sua queixa contra o ór

Abusos e mais abusos (06 de março de 1956)

Abusos e mais abusos verificam-se pelo Brasil afóra, no que tange aos preços dos artigos de primeira necessidade. Gritar não adianta mesmo. No entanto, a imprensa, que sempre acompanha vigilante o decorrer dêsse indesejável e humilhante estado de coisas, tem mesmo que vir bater seguidamente na questão, embora seus clamores percam-se no deserto da indiferença daquêles que manejam os cordéis dos preços ditados de acordo com os interêsses próprios. Desejaríamos que os responsáveis por essa situação, se dessem ao trabalho de verificar, pessoalmente, os abusos e mais abusos que aqui se verificam. Os preços dos gêneros de primeira necessidade, as verduras e frutas vendidas no Mercado Municipal e nas Feiras Livres, são verdadeiramente estarrecedores. Não existe uma semana que os preços não se alterem. Às vezes sofrem elevações diariamente. O pobre, que já vive quase passado fome, está agora na contingência de não poder comprar nem sequem um pé de alface, pelo absurdo preço como é vendido em M

Até o Milho? (03 de março de 1956)

Rapidamente ouvimos o locutor anunciar, através do microfone de uma poderosíssima emissôra paulistana, que a COFAP estaria estudando meios e condições, para importar milho dos Estados Unidos. A princípio, duvidamos daquilo que ouvíramos. Seria possível? Importar milho dos Estados Unidos? Um produto que no Brasil não tem preço por ocasião das colheitas e que para o produtor continua sempre oferecendo o mais baixo preço do mercado? O milho é um cereal de primeira grandeza, indispensável para o tratamento de animais. Para os racionais, seu emprego é ilimitado – no Brasil, infelizmente, quase ninguém sabe utilizar as suas propriedades nutritivas. Seu plantio é fácil; não carece de adubagens, de terrenos especiais. Quase não dá trabalho ao lavrador. Depois da semente lançada ao chão, apenas uma carpa é suficiente – às vezes, nem isso. O milho, uma grande riqueza da lavoura nacional, jamais foi colocado em seu devido lugar. Ninguém se interessou – uma ocasião sequer –, pelo incentivo de sua

O estudo e seu preço (02 de março de 1956)

Nos dá conta a imprensa paulistana, de um caso “sui gêneris” no Brasil: a luta de determinados estabelecimentos educacionais, pelos canais jurídicos, com o objetivo de arbitrar os preços das matrículas e taxas escolares, a bel prazer. Certas escolas, que demonstraram sobejamente o grande espírito comercial, ganharam, nas barras da Justiça, a infausta causa. Em detrimento do próprio povo estudantil. Não compete a nós, analisar a resolução do órgão controlador de preços que fixou o “teto” das taxas e matrículas escolares. Também não pretendemos insinuar qualquer coisa a respeito da ganha de causa referente ao mandato de segurança impetrado pelas escolas e provido pela Justiça. Procuramos, nesta apreciação, analisar apenas o que diz respeito à maioria – estudantes e os pais dêstes, aquêles que arcarão agora, com maiores pagamentos de taxas e matrículas escolares. Dos muitos absurdos que existem no Brasil, o problema da educação é um dêles. Gritante e grandioso, infelizmente. Revelou-nos o

Cães Vadios (01 de março de 1956)

De uns tempos para cá, Marilia tornou-se um centro de cães vadios. As ruas andam infestadas por um verdadeiro exército de cachorros sem dono. Principalmente os bairros. À noite, as ruas da cidade, mormente das vilas, tornam-se verdadeiros canís sem limites. “Vira latas” de todos os tipos, tamanhos e cores, perambulam por aí, latindo ensurdecedoramente aos veículos que passam, perseguindo ciclistas e pedestres. Outras vezes, proporcionam espetáculos degradantes e condenáveis, principalmente às vistas de senhoras e crianças. Faz tempo que a “carrocinha” não percorre as vias públicas, fazendo a limpeza dos cães vadios. É verdade que êsses animais não têm culpa. É verdade também que não se deve adotar medidas drásticas, como, por exemplo, o abate dos cachorros que perambulam pelas ruas da cidade, causando transtornos, encenando fatos condenáveis, atrapalhando a própria limpeza pública com a entornação das latas de lixo e latindo aos automóveis e bicicletas. Qual seria a solução, nesse caso

Um Comércio Curioso (29 de fevereiro de 1956)

Como se já não bastassem os “picaretas” estrangeiros que infestam São Paulo e o interior, vendendo bugigangas, santinhos e quinquilharias, trabalhando contra os próprios interêsses da Fazenda – pois não pagam impostos, em sua maioria –, surgiu agora entre nós, um empreendimento curioso. Um verdadeiro comércio ilegal, que deverá dar bons resultados para aquêles que do mesmo se valem. Trata-se, de um fato que conhecemos apenas por reclamações de alguns de nossos amáveis leitores, pois não temos outros elementos para argumentar melhor e mais amplamente. O que é certo, é que muita gente “vai levando a vida” à custa de uma infinidade de incautos, entregando um envelope contendo u’a medalhinha de Nossa Senhora Aparecida, que, materialmente não chegará a valer um cruzeiro, por ter sido confeccionada de péssimo material. Juntamente com a medalha, a pessoa recebe um cartãozinho impresso, onde o autor ou autores da “novidade” aplicam a “cantada”: Cr$ 20,00! As “finalidades” apregoadas são muitas

Um problema, uma Calamidade (28 de fevereiro de 1956)

Repetidas vezes temos dito, daqui dêste cantinho do “Correio”, da necessidade urgente em que nossas autoridades deverão lançar mão, para solver o angustiante problema existente em Marília, no que tange à imiscuidade de meretrizes e famílias em determinados trechos de nossas vias públicas. Por lei, parece-nos que a chamada “zona do meretrício” em Marília é delimitada. Não sabemos, agora, quais os limites do núcleo. Ignoramos se as decaídas estão invadindo a zona residencial ou se as famílias estão adentrando em seara alheia. O que é certo – e indiscutível – é que numa cidade moderna e progressista como Marília, essa salada, calamitosa e degradante – frise-se bem –, está a exigir as atenções de quem de direito. Não estamos contra as infelizes mulheres que adotaram a profissão de mercantilizar o amor. Pela nossa experiência da vida, entendemos que o meretrício é aquilo que se possa chamar “um mal necessário”. Mas pensamos que as atividades das messalinas, oficializadas deverão cingir-se

Corpo de Bombeiros (25 de fevereiro de 1956)

Na sessão de anteontem, da Câmara Municipal de Marília, o vereador Nassib Cury apresentou à Mesa, um requerimento sugerindo a nomeação de uma comissão de vereadores, para estudar, juntamente com o sr. Prefeito Municipal, as possibilidades de constituir-se em nossa cidade, o Corpo de Bombeiros Municipal. O edil, justificando a necessidade dessa instituição, como um complemento ao próprio progresso da “urb”, sem cingir-se muito em apontar os próprios benefícios que tal corporação trará à cidade, abordou, com dados estatísticos, o “quantum” em cruzeiros, é carreado para fora, como pagamento de prêmio de seguros contra fogo. E foi mais além o vereador em apreço, demonstrando, com cifras (que não conseguimos apanhar), que de acordo com a Lei, se existindo em Marília tal organismo, grande porcentagem dessas somas ficariam entre nós, sendo suficiente para a própria manutenção do aludido serviço de extinção de incêndio. Não há dúvida de que o requerimento do vereador Nassib Cury – por sinal ap

A “Operação Santarém” (24 de fevereiro de 1956)

Todo crime, por mais hediondo que possa parecer, tem, lá no fundo, um resquício de razão de ser. Embora, de forma alguma, possa justificar a sua prática. Assim entendemos, agora, a rebeldia demonstrada pelos oficiais da FAB, Veloso e Lameirão. Essas duas patentes militares de nossa gloriosa Força Aérea, ao fugirem – êste é o termo – do cumprimento do dever, conduzindo um bombardeiro da FAB, praticaram um ato condenável de indisciplina, infringindo vários preceitos do regulamento militar. Verdadeiro ato de insubordinação. A rigor, não conhecemos os pormenores dos motivos que devam os rebelados ter se estribado, para tal proceder. De qualquer maneira, o gesto merece as mais ríspidas censuras, pela loucura que significa. Os rebelados, segundo informam despachos telegráficos procedentes de Belém, teriam já arregimentado um contingente de 150 homens, na luta infausta que esposaram. Êsses homens, que óra fazem parte do movimento de rebeldia, por certo “não sabem com quem casaram as filhas”.

Agora Também o Arroz (23 de fevereiro de 1956)

Várias vezes temos dito, nesta coluna, dos desgovêrnos que imperam no setor do descontrole dos preços, principalmente dos gêneros de primeira necessidade. E, para isso, temos citado aquilo que é um verdadeiro absurdo, uma autêntica afronta ao nacional: pagarmos o açúcar a razão de 10 cruzeiros o quilo, quando êsse mesmo produto é exportado para o Japão ao preço de Cr$1,60 por unidade de quilograma. Agora, também o arroz entrou na dança. Enquanto apodrecem nas fontes, toneladas dêsse precioso e indispensável cereal, segundo noticia a imprensa guanabarina, por motivos de falta de transporte, cogita-se resolver a situação, exportando o produto por preços inferiores ao que paga o consumidor brasileiro, êsse eterno sacrificado. Despe-se um santo, para vestir outro. Por outro lado, informa-se que as autoridades do Ministério do Trabalho estão estudando uma forma de contar com a colaboração das autoridades municipais, estaduais e federais, no sentido de que façam estudos para a extinção do im

A Eterna Maratona (22 de fevereiro de 1956)

As classes representativas do operariado nacional estão se movimentado, a fim de conseguir nova elevação do salário mínimo atualmente vigente. Fundamenta-se tal movimento no absurdo aumento do custo de vida, como não poderia deixar de ser. Como sempre, antes de que tal perspectiva – bem intencionada, aliás – chegue a bom têrmo, estará o Brasil e a inúmera classe dos construtores da grandeza pátria, em condições iguais ou piores. Isto, porque o descontrole existente no setor da desproporção dêsses gigantescos e pirotécnicos aumentos, não têm limites. Demandará tempo o estudo a respeito. Se chegar ao fim e o novo aumento for decretado, nada adiantará. A eterna maratona entre o aumento dos salários e dos preços é coisa velha. E os salários sempre sempre na “rabeira”, sem vantagem, sem qualquer “handicap”. O que falta é um controle governamental mais perfeito. Uma ação mais positiva. Uma guerra declarada aos “tubarões” e intermediários. Sem isso, nada feito. Hoje em dia, tal é o estado de

COMAP, onde estás? (21 de fevereiro de 1956)

Não sabemos de a COMAP está ou não em atividades. Pelo visto, se constituída, está submergida num mar de inércia, de sonolência, de pusilanimidade. Está inativa. Muita coisa existe de errada por aí, a reclamar a presença de uma fiscalização alguma coisa enérgica e persistente. Como se já não bastassem os preços elevadíssimos de tudo o que é necessário à subsistência do mariliense, os abusos se repetem a cada momento. Quem se der ao trabalho de ir consultar os preços de verduras e frutas no Mercado Municipal e nas Feiras Livres, convirá conosco. Antigamente, mesmo antes da existência da COMAP, a Prefeitura fazia afixar em lugar visível no próprio Mercado Municipal, um quadro negro com os preços de tudo o que ali se adquire. Hoje, com o referido “placard” mudo, o mariliense está à mercê das arbitragens descontroladas e pirotécnicas dos preços das coisas. Muitas vezes, os comerciantes do Mercado não têm tôda a culpa. Os intermediários indesejáveis têm a maior responsabilidade. O que é cer

“Museu de Cera” (18 de fevereiro de 1956)

Estivemos no “Museu de Cera”, instalado na Avenida Sampaio Vidal, onde funcionava o Banco Brasileiro de Descontos. Fomos apreciar o espetáculo, mais um dever profissional do que propriamente como expectadores. E gostamos do que vimos, referente à ciência e arte. Um trabalho perfeito de 80 figuras executadas em cera, apresentando uma lição digna de elogios, em tôda a sua realidade. Não existe ali, apesar da impressão que possa causar à primeira vista ao apreciador menos avisado, o sentido propriamente dito daquilo que se chama “impróprio”. O s trabalhos são um conjunto étnico de ciência e arte, executados por cientistas e artistas alemães e mostram uma excelente aula anatômica, prevenindo ainda alguns perigos decorrentes de moléstias e de fenômenos anormais da própria natividade. Deve ser visto por aquêles que se interessam um pouco pelas coisas úteis, sôbre o ângulo da seriedade. Trata-se, realmente, de um serviço cientifico, elevado. Não resta dúvida de que é um pouco dura a lição. Ma

A fumaça dos ônibus (17 de fevereiro de 1956)

Não há muito, tínhamos escrito um artigo, abordando o inconveniente das fumaças dos ônibus circulares (e outros também), deitada pelos canos de escapamento, em linha horizontal, rente ao chão. Até sugerimos, na ocasião, que o sr. Pedro Sola, proprietário da Empresa que serve a cidade, modificasse tal sistema, pelos canos tipo chaminé, lançando ao ar o fumo originário do óleo “Diesel”. Por um motivo qualquer, êsse artigo cedeu lugar a outro, ficou “para amanhã” por algum tempo e acabou indo para o cesto. Agora, numa das sessões da Câmara Municipal de Marília, o vereador dr. Fernando Mauro, ofereceu à mesa da edilidade mariliense, interessante projeto de lei, obrigando a todos os ônibus que servem a cidade, em carater permanente (urbano e municipal), a modificar o referido sistema, a exemplo do que se verifica em São Paulo, Rio de Janeiro e outros grandes centros. Justificou o aludido edil o projeto de lei, apontando os inconvenientes da fumaça lançada para trás pelos coletivos, tendo me

Carnaval em Decadência (16 de fevereiro de 1956)

A julgar pelo tríduo (que é quatríduo) carnavalesco que findou, não há dúvidas de que o carnaval está mesmo em decadência. Pelo menos em Marília. O chamado carnaval de rua, apresentou êste ano um autêntico fracasso. Verdade é que as três primeiras noites tiveram o andamento normal das folias momisticas um tanto prejudicadas pela chuva que caiu insistentemente sôbre a cidade. Mesmo assim, muito mariliense abandonou o aconchego do lar e postou-se ao longo da Avenida Sampaio Vidal, para apreciar aquilo que se chama corso e que, desta vez, não passou de um desfile de veículos. Não fosse o espírito brincalhão de Consuelo Castilho, o popular “C.C.”, com seu elefante fabuloso a percorrer as ruas, a presença do Cordão IV Centenário e um ou outro grupo improvisado de foliões desarmoniosos, teríamos visto, nas ruas, apenas um desfile de veículos. Não vimos as batalhas de confetis e serpentinas e nem tampouco o uso alargado de lança-perfume. O lança-perfume, desta vez, foi substituído por água (m

O grito de carnaval (11 de fevereiro de 1956)

Os clubes locais, os cordões carnavalescos e as “escolas de samba” já deram os seus gritos para o carnaval dêste ano. Muita gente aguarda o “larga” que será, oficialmente dado amanhã, pois como dissemos há poucos dias, o “tríduo” carnavalesco é de há muito um “quatríduo”. Lança-perfumes, confetis, serpentinas, fantasias, cuicas e tamborins, além da vontade de pular de muita gente (gente bem e gente mal, como diriam o Sued e o Thormes), eis o “material” indispensável para as folias momescas. Álcool e gelados, o complemento. A cidade, como nos anos anteriores, “vai pegar fogo”. Muitos irão fazer até sacrifícios para “brincar o carnaval”. Para outros, as loucuras carnavalescas serão indiferentes, como sempre. De uns anos para cá, está desaparecendo o chamado carnaval de rua. Não mais se verificam aquêles carros elegóricos ou enfeitados, os “ranchos” e os cordões entusiásticos. Ultimamente, a não ser o “Cordão IV Centenário”, as extravagâncias dos “bichos esquisitos” do conhecido folião “C

Marilia de Dirceu (10 de fevereiro de 1956)

A data de hoje, marca o 103º aniversário da morte de Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a imortal Marília de Dirceu, cantada nos versos de Tomás Antônio Gonzaga, poeta e inconfidente mineiro. Ninguém sabe ao certo, o dia e ano em que nasceu a maior musa de todos os tempos na história da literatura brasileira. Presume-se que Marília tenha vivido oitenta e quatro anos. Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, morreu sem casar, apesar de sua beleza estonteante. A respeito, no livro “Brasileiras Célebres”, de J. Norberto S. S., encontra-se a seguinte descrição de seu físico: “A rival da mãe do amor na beleza, diz uma testemunha ocular, a deidade mortal que inspirara ao deleitoso Gonzaga tantas liras imortais, a formosura peregrina que lhe despertara o gênio pelos estímulos do amor”... E ainda: “Tomás Antônio Gonzaga, que eternizou a história de seus amores em suas liras, primando na suavidade de suas rimas, que depois foram publicadas com o título de “Marília de Dirceu”, a delineara em seus vers

O preço dos aluguéis (9 de fevereiro de 1956)

A vida não anda nada côr de rosa, é bem verdade. Tudo caro, tudo difícil, tudo escasso, principalmente para os pobres, pois para aquêles que têm recursos, tudo é facil, mesmo a altos preços. Ao par das dificuldades imperantes em vários setores da própria vida mariliense, existe um problema tenebroso, para aquêles que não possuem o lar próprio: é o preço dos aluguéis. Em Marília, êsse problema é dos mais cruciantes. Chega, por vezes, a constituir-se num autêntico abuso, um verdadeiro roubo. Todos sabem, perfeitamente, que uma casa que seja construida nos dias de hoje, fica mesmo numa fortuna, tal o custo do material – tijolos, cal, cimento, telhas, etc.. Concordamos mesmo que uma residência recém-construida, não poderá ser mesmo locada por um preço razoável, porque assim não compensaria, nem em parte à porcentagem de um por cento do capital empregado. No entanto, à miude, em casos dêsse jaez, verificam-se abusos sem conta. O pior, todavia, está nos preços atuais das construções antigas.

Vejam só! (8 de fevereiro de 1956)

Não há muito, dizia um colega da imprensa local, que o jornalista, principalmente o do interior, vez por outra desagrada a alguém, quando, no exercício de seu mistér de informar ou criticar, diz aquilo que se choca diretamente contra a vontade ou o interêsse de qualquer pessoa. O jornalista, assim como o artista de cinema ou teatro, o jogador de futebol e todos aquêles que se exibem ou apresentam qualquer coisa para o público, está mesmo sujeito a críticas. Da mesma maneira que suas ações desagradam a alguns, obtem boa receptividade e encômios por parte de outros. No entanto, muita gente não sabe bem interpretar o direito de critica do profissional de imprensa. Todos gostam de ser elogiados, todos apreciam “alguns garavetos”, mas ninguém se conforma em ver seu nome ou sua ação analisados pela crônica, seja esta escrita ou falada. Outros, todavia, pensam de modo bastante errado: entendem que a pessoa que escreve num jornal é “um testa de ferro” e que aquêlo órgão, para agradar um, pode

Mais uma escorcha (4 de fevereiro de 1956)

Os poderes públicos continuam pusilânimes no que tange aos preços dos gêneros de primeira necessidade. Igualmente as manobras dos intermediários e controladores são ignoradas pelos homens de govêrno e desconhecidas as ações de entidades destinadas a “controlar” estoques e preços de mercadorias imprescindíveis ao consumo do povo. Tais organismos representativos, como dissemos há dias, são mesmo aquilo que se pode chamar de “inimigos oficializados”. Usineiros poderosos estão “cozinhando” o malfadado Instituto do Açucar e do Álcool, insistindo perante dito órgão, para conseguir mais um aumento de preço do açucar. Na verdade, tal produto já foi aumentado, sem razão justificável. O I. A. A. fez exportar quatro milhões de sacas do precioso e indispensável alimento, sob a alegação de excesso de produção. À razão de Cr$1,60 por unidade de quilo, onde o usineiro recebe mais taxa de compensação de 3 cruzeiros e um pouquinho. O consumidor porém, é obrigado a pagar o preço de Cr$9,60 pelo quilo dê

“Golpe Feio” da Paulista (3 de fevereiro de 1956)

Desde o dia 1º do mês em curso, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro colocou em real evidencia, mais uma elevação no custo de tôdas as suas tarifas. Fretes, passagens, leitos e cabines, suplementos, “pulmanns” foram aumentados em seus preços, que já eram bem “crescidinhos”. Sem dados estatísticos, sem cálculos de ponta de lápis, poderemos dizer que de há uns 10 anos para cá, a Paulista está aumentando os preços de tôdas suas tarifas, numa base aproximada de vinte por cento. E quase sempre, com um único pretexto: majoração de salários. Todos sabem que a Cia. Paulista de Estradas de Ferro é um legítimo orgulho no setor de transportes ferroviários do Brasil. Mas, ao par dessa condição, a quase infalivelmente pontual Cia. Paulista está aplicando um autêntico golpe contra o povo em geral. E um “golpe feio”, podem estar certos. A poderosa ferrovia “lascou” um aumento de vinte e dois por cento em suas tarifas “justificando” a atitude com um necessário aumento de salários de seus discipli

Feliz Govêrno “seu” Juscelino! (2 de fevereiro de 1956)

Na ocasião em que começou a ferver o caldeirão da intriga e da confusão nacional, quando principiaram a se conhecer oficialmente os resultados das eleições de 3 de outubro, viemos a público, com nossos despretenciosos escritos, defender a legalidade do regime democrático, o respeito à Constituição e a posse do Presidente eleito. E o fizemos perfeitamente à vontade, porque não tínhamos votado no atual Presidente da República. Em um de nossos artigos, citamos alguns fatos que não são novidade para ninguém. Referimo-nos a certas manobras que campeavam pelas hostes políticas e que desejavam anular as eleições. Pretendiam usar o ilegal, sob a aparência da legalidade. Não viemos acusar ninguém. Apenas comentamos a questão, sob o ponto de vista jornalístico. Tal comentário desagradou alguns de nossos leitores, que nos interpretaram como enamorados de partido político que indicou ou apoiou o então candidato Kubitschek. No entanto, tal representa a verdade. Jamais empunhamos qualquer bandeira p