Abusos e mais abusos (06 de março de 1956)

Abusos e mais abusos verificam-se pelo Brasil afóra, no que tange aos preços dos artigos de primeira necessidade. Gritar não adianta mesmo. No entanto, a imprensa, que sempre acompanha vigilante o decorrer dêsse indesejável e humilhante estado de coisas, tem mesmo que vir bater seguidamente na questão, embora seus clamores percam-se no deserto da indiferença daquêles que manejam os cordéis dos preços ditados de acordo com os interêsses próprios.

Desejaríamos que os responsáveis por essa situação, se dessem ao trabalho de verificar, pessoalmente, os abusos e mais abusos que aqui se verificam.

Os preços dos gêneros de primeira necessidade, as verduras e frutas vendidas no Mercado Municipal e nas Feiras Livres, são verdadeiramente estarrecedores. Não existe uma semana que os preços não se alterem. Às vezes sofrem elevações diariamente. O pobre, que já vive quase passado fome, está agora na contingência de não poder comprar nem sequem um pé de alface, pelo absurdo preço como é vendido em Marília. As frutas, aqui, ao que nos parece, ostentam preços maiores do que na própria paulicéia, onde a exploração é digna de nota.

Que fazer, então?

Sabemos que não poderemos nós, modestos “escribas” do interior, modificar a ordem dessas contingências. Mas sempre estaremos cumprindo o nosso dever, denunciando aquilo que está “fóra dos eixos”. A COMAP deverá ser reorganizada. O sr. Prefeito Municipal, sempre carinhosamente interessado pelos problemas da cidade e de seu povo, deve voltar as vistas para êsse lado. Não é mais possível viver no clima em que vivemos. São verdadeiros roubos o que se praticam em Marília, contra a economia mariliense, principalmente os infelizes operários e tôdas as famílias pobres!

Extraído do Correio de Marília de 06 de março de 1956

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