O grito de carnaval (11 de fevereiro de 1956)

Os clubes locais, os cordões carnavalescos e as “escolas de samba” já deram os seus gritos para o carnaval dêste ano.

Muita gente aguarda o “larga” que será, oficialmente dado amanhã, pois como dissemos há poucos dias, o “tríduo” carnavalesco é de há muito um “quatríduo”.

Lança-perfumes, confetis, serpentinas, fantasias, cuicas e tamborins, além da vontade de pular de muita gente (gente bem e gente mal, como diriam o Sued e o Thormes), eis o “material” indispensável para as folias momescas. Álcool e gelados, o complemento.

A cidade, como nos anos anteriores, “vai pegar fogo”. Muitos irão fazer até sacrifícios para “brincar o carnaval”. Para outros, as loucuras carnavalescas serão indiferentes, como sempre.

De uns anos para cá, está desaparecendo o chamado carnaval de rua. Não mais se verificam aquêles carros elegóricos ou enfeitados, os “ranchos” e os cordões entusiásticos. Ultimamente, a não ser o “Cordão IV Centenário”, as extravagâncias dos “bichos esquisitos” do conhecido folião “C.C.” e um ou outro carro com alguns enfeites, alguns grupos improvisando blocos, o que se vê na Avenida do Fundador é um desfile de automóveis e muita gente apreciando aquilo que denominam “corso”.

O “fogo”, mesmo, só nos clubes. Desde os mais granfinos até as conhecidas “gafieiras”. Ali o barulho aprofunda-se noite a dentro, cessando em altas madrugadas.

Que todos os que participam dos folguedos momescos se divirtam de modo satisfatório, são os nossos votos. Que se não verifiquem abusos de nenhuma espécie, principalmente atentados contra a moral, o condenável vício de esguichar o éter contra os olhos dos outros e que ninguém beba o líquido dos vidros de lança-perfume.

Que tôdas as “brincadeiras” carnavalescas não passem na realidade dos limites da decência estipulados pelo “paralelo 38” do bom senso e da vergonha, são os votos que fazemos ao público e aos foliões marilienses.

Feliz carnaval, leitores!

Extraído do Correio de Marília de 11 de fevereiro de 1956

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