Combate ao Cancer (17 de maio de 1956)

A classe médica de Marília, através da Regional local da Associação Paulista de Medicina e por proposição da Associação Paulista de Combate ao Câncer, acaba de levantar a bandeira de lutas contra o terrível mal.

A campanha óra iniciada e que deverá ser ramificada por todos os quadrantes do interior, objetiva duas finalidades distintas: educar o próprio povo sôbre a terrível moléstia, seus perigos e o tratamento adequado, por um lado; a obtenção de fundos para que a Campanha de Combate ao Câncer possa continuar a rota inicialmente traçada na batalha da terrível enfermidade, por outro.

Sabemos que nos Estados Unidos o próprio Govêrno americano dispensa verbas fabulosas para o Hospital Central de Combate ao Câncer em Memphis, nosocômio que conta ainda com auxílios sem conta do próprio povo. Estamos inteirados ainda que no ano passado, no Hospital de Memphis, onde uma verdadeira legião de médicos cancerologistas emprestam inúmeras horas diárias de suas atividades especializadas, os resultados na luta contra o câncer e mesmo sua diagnosticação precoce, vem salvando centenas de vida. A respeito, lemos, há alguns meses, que numa campanha iniciada naquêle hospital, incitando as mulheres a fazerem testes, a fim de ser diagnosticado com precocidade o câncer uterino, que milhares de vítimas vinham fazendo por ano. E, 70.000 mil mulheres se submeteram aos exames que se denominam “esfregaços de Papanicolaou”, onde se constatou positivado o câncer cervical em cerca de 600 casos, quatrocentos e tantos curados radicalmente.

Sabemos que no Brasil, o câncer faz inúmeras vitimas anualmente. Sabemos ainda, que só agora é que a Associação Paulista de Combate ao Câncer vem se tornando capaz de realizar essa nobre obra de combater o mal em larga escala e convenientemente. Em São Paulo já existe um Hospital especializado, moderno, dotado de aparelhagem clínica adequada e contando com um grande número de abnegados cancerologistas.

Mas o tratamento é caríssimo. Nem todos podem arcar com as suas despesas, principalmente sendo longo o período de cura. Então, urge o apôio do povo (manifestado a farta e exuberantemente, quando perdeu a vida o médico-martir dr. Napoleão). E o povo deve contribuir para essa campanha óra levantada em Marília. De todos os meios, de tôdas as maneiras, conforme for possível.

Os médicos marilienses irão realizar palestras, publicar artigos na imprensa e fazer alocuções nas rádios, a respeito. Simultaneamente, promoverão exposições das consequências do terrível mal.

O passo inicial desse sentido e no setor financeiro, foi dado com a realização da partida de futebol amistoso, entre médicos e advogados, cuja renda obtida foi o começo. Outras lutas serão travadas. Os médicos marilienses estão dando um exemplo grandioso. O povo da cidade, generoso como é, não deixará de participar dessa humana campanha.

Extraído do Correio de Marília de 17 de maio de 1956

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