A culpa é da COMAP (13 de junho de 1956)

Fomos procurados por um determinado cidadão, que bem não conhecemos. Não sabemos seu nome, nem o que faz. Mas pudemos logo perceber suas intenções: defender o ponto de vista da Pasteurização, contra as notas que temos escrito ultimamente, acerca do problema do leite em Marília.

Não sabemos se o aludido elemento fôra instruido pela parte interessada, ou se quis servir de “mediador de paz”. O certo é que o homem se nos apresentou numa reunião social. Conversa vai e vem, o referido personagem tocou no palpitante assunto. Perguntou-nos se temos alguma coisa pessoal com o dono da Pasteurização. Respondemos que a sua pergunta era de todo infantil, pois apenas registramos, como órgão de imprensa, as causas e coisas da cidade. E a verdadeira manobra do leite que atualmente está se desenvolvendo em Marília não é segredo para ninguem.

O homem não se deu por achado. Afirmou que não é verdade que a empresa esteja remetendo leite para São Paulo. Lembramos ao cavalheiro, que antes de escrevermos alguma coisa, procuramos nos inteirar dos fatos. E as informações nos foram fornecidas pela Cia. Paulista de Estrada de Ferro, a empresa transportadora. Aí, o homem “afinou”.

Para êsse cidadão, que se propôs a advogar a injusta causa, aqui vai um esclarecimento. Nada temos contra o Sr. Romero Jr. ou contra quem-quer-que seja, que milite na Pasteurização. Apenas estamos esclarecendo o povo e censurando a atitude da Pasteurização, que, entendemos, deveria, conscienciosamente, nesta época de inverno quando a produção do leite cai, prejudicar o envio para fóra, servindo melhor a cidade. Entendemos que é uma obrigação moral que lhe pesa sobre os ombros. Pensamos ainda que sacrificando a população da cidade, para continuar a remeter o produto para fóra, objetivando lucros maiores com menos trabalho, é um verdadeiro crime contra os necessitados da cidade.

E vamos ainda mais longe: Responsabilizamos quem de direito, pelas não providencias coibitivas e pela não fiscalização; pela não imposição do dever de servir, principalmente o público local e em segundo plano exportar o produto.

A culpa é da COMAP, que é um sinônimo de inércia.

Extraído do Correio de Marília de 13 de junho de 1956

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