O Curso Ginasial Noturno (28 de julho de 1956)

O povo mariliense, através das providências de suas autoridades e das lutas de seus vereadores, conseguiu tornar realidade um velho sonho, uma antiga e justa aspiração de sua mocidade estudantil: a criação e instalação de um curso ginasial noturno e gratuito, de carater oficial.

Não há necessidade de relatarmos aqui, com minúcias, as oportunidades que tal curso oferecerá aos estudantes pobres, principalmente àquêles que trabalham durante o dia e pretendem estudar à noite. Maximé considerando-se as elevadas taxas educacionais dos dias de hoje. Há no entanto, uma ressalva a fazer-se ao povo mariliense, em especial a sua mocidade estudantil: É que, segundo estamos informados, está se apresentando aquém das expectativas, o interêsse que a criação de tal curso deveria despertar. Parece mesmo que o número dos pretensiosos a desfrutar dêsse privilégio, será diminuto e poderá inclusive, acarretar o não funcionamento do aludido curso noturno, se o coeficiente de matrículas não atingir o limite mínimo previsto por lei.

Ora, isso é um fato que não deixa de se mostrar como doloroso para um centro como Marília. Que se tal acontecer, não deixará de constituir-se numa decepção às lutas daquêles que mais se empenharam para tornar realidade sua vigência. Que estará acontecendo à margem de tudo isso? Quais serão os motivos dêsse desinterêsse tão acentuado, quando tanta gente demonstrava, há pouco, uma vontade indômita de haurir as luzes da ciência e bradava por aí que não poderia estudar, em virtude da necessidade de trabalhar para o próprio sustento ou para auxiliar a subsistência da família?

Não sabemos, mas procuraremos saber o que se está passando a respeito.

O fato é que o povo de Marília deve reconhecer os trabalhos desenvolvidos por uma plêiade de marilienses que tomou parte nessa luta; igualmente, deve ser grato ao sr. Governador do Estado, que atendeu a essa reivindicação de Marília.

Se o curso ginasial noturno, que deverá funcionar a partir do próximo mês não tiver vida, pelos motivos citados, com que armas poderemos continuar na trincheira que nos colocamos há anos, nessa contenda gloriosa, encetada pela criação da Faculdade de Marília?

Pensem todos, pois o problema apresenta maior gravidade do que possa parecer à primeira vista. Bom será que reflitam os jovens em idade escolar, em especial os que sempre sonharam em estudar e que precisam trabalhar. Reflitam, também, os pais pobres que têm filhos em idade escolar.

Extraído do Correio de Marília de 28 de julho de 1956

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