Espíritos destruidores (01 de agosto de 1956)

Muitas vezes, é comum o reclamar-se contra poderes constituídos ou contra empresas particulares, que, de uma ou outra fórma, servem o público, embora disso lhe advenham compensações pré-estabelecidas.

Assim é que muitas vezes, reclama-se contra o estado de higiene de uma instalação sanitária de uso público, contra um jardim ou outro logradouro, contra um local público de qualquer espécie, etc. Aí, então, entra em jogo aquilo que o povo, no seu Ego, chama de “direito”. Clama quem paga imposto ou quem paga ingresso, ou quem, de qualquer modo, julga ter o direito de exigir. Sucede, que, na maioria das vezes, um grande número dêsse mesmo exigente público, se esquece de que não existe direito sem obrigações; de que para se desfrutar a condição de exigir, deve-se, primeiramente, praticar o áto de solver os próprios compromissos ditados pela razão, pelo direito, pela civilidade.

É comum o ver-se dependências de utilidade pública, em verdadeira lastima, atestando, de modo insofismável, o alto grau do espírito destruidor de muita gente. Gente que sente um prazer mórbido em destruir o alheio, em causar prejuizos pecuniários aos proprietários ou a poderes públicos, prejuizos êsses que redundam, em primeira análise, diretamente contra o próprio povo que de tais melhorias, condições ou qualidades deve usufruir.

Dizem os psicanalistas, que as pessoas que se servem de expedientes dessa natureza são anormais; ante isso, somos forçados a considerar que é bem grandinho o número de doentes desse porte no Brasil. Instalações sanitárias de cinemas e teatros, de jardins públicos e de bares da cidade, são bem atestado das práticas desse tipo de gente. Poltronas de cinemas, assentos de ônibus, vidraças de casas comerciais, etc., etc., vivem a comprovar aí, à larga e abundantemente, o que estamos escrevendo e que para ninguem é segredo.

Sabemos que são inúteis todos os apelos de consciência, todas as campanhas e pedidos para que tal casta caia em si, apercebendo-se do mal que causa, dos estragos que pratica, dos prejuizos que acarreta. Uma coisa, no entanto, é bem certa: muita coisa existe errada ou deficiente, por aí, considerada de utilidade pública, deve seus motivos à falta de colaboração do próprio povo.

Espíritos destruidores estão sobrando em toda a parte!

Extraído do Correio de Marília de 01 de agosto de 1956

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