O novo aumento de preços de passagens (11 de agosto de 1956)

Se é verdade que a Cia. Paulista de Estradas de Ferro é a que melhor serve o público em geral, é também verdade que é a mais caro cobra os seus serviços de transportes. Por “dá cá aquela palha”, a Paulista arruma um pretexto e “sapeca” novo aumento em suas tarifas ferroviárias.

Nós, que somos servidos por essa ferrovia, temos razões de sobra para gritar, quando nos vemos na iminência de um novo aumento de preços de passagens e fretes, que virá a ser o terceiro dentro de um ano!

Está transpirando o novo aumento de preços de passagens e fretes ferroviários, para vigorar, segundo consta, já na semana entrante, ou seja, no dia 15. Um absurdo, sem dúvida. É mesmo de estarrecer, de desanimar, de se perder a fé essas muitas coisas que acontecem no Brasil. Três aumentos de preços, num mesmo ano. E não pensem os leitores que são “aumentozinhos”, não. Foram aumentos, com “a” maiúsculo. Acontece, que, quando da última elevação de suas tarifas ferroviárias, a Paulista justificou o áto como conseqüência da elevação dos níveis salariais de seus funcionários e operários. E na ocasião, diziamos que a Paulista tinha feito, era um excelente negócio, aumentando seus já fabulosos lucros, escudada em nomes e trabalhos de seus auxiliares. Exemplificando, diremos o que escrevemos na ocasião: colocando-se numa balança o coeficiente das rendas gerais obtidas em consequência do referido aumento e a porcentagem do acréscimo resultante dos aumentos concedidos na ocasião a seus auxiliares, ainda “sobrou” muito dinheiro para os cofres da Companhia.

Estamos prevendo a repetição do fato. O pretexto do novo nivel de salário mínimo, irá fazer com que grossa tira de couro saia novamente dos costados do povo.

O Governador do Estado, que é a única autoridade competente para autorizar a elevação dessas taxas, que não permita isso. Que não consinta em mais êsse sacrifício para o povo paulista. O Sr. Janio Quadros, que tome essa iniciativa, atenuando em arte a aflição dos brasileiros, em conseqüência da inépcia do Governo Federal, no que diz respeito ao descaso como é tratada atualmente a questão dos preços das coisas de primeira necessidade no Brasil.

Não será difícil para o Governador Jânio Quadros assim agir, principalmente quando agora, S. Excia. procura, por todos os meios, negar aos funcionários públicos o aumento que estes, com justiça, pretendem.

O propalado novo aumento da Cia. Paulista de Estradas de Ferro chega a ser um absurdo, principalmente completando o número de três num mesmo ano. Se o Chefe do Executivo paulista autorizar mais essa escorcha, por certo demonstrará a não existência daquelas intenções que acreditamos imbuir o Sr. Janio Quadros na defesa do povo paulista.

Para nós, êsse novo aumento é estarrecedor! Estarrecedor e incrivel!

Extraído do Correio de Marília de 11 de agosto de 1956

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