Passeios esburacados (08 de agosto de 1956)

Preliminarmente, a atenuante: o tempo, chuvoso como está, não permite mesmo consertos nos passeios públicos, que apresentam em Marília, mais buracos do que queijos suíços. Acontece, porém, que o problema é algo crônico. Apesar de não sermos nenhum “globetrotter”, temos viajado um bocado e conhecemos incontáveis cidades do Estado. E afirmamos que poucas são as “urbes” do nível de adiantamento de Marília, que apresentam o espetáculo igual a nossa cidade, no concernente aos passeios tão amiudamente esburacados.

O caso vem de longe e de há muito há nos ocupamos da questão. Acontece que a situação está a chamar as atenções da Prefeitura Municipal. Agora, com as chuvas, percebe-se mais facilmente as “crateras” imensas e em número incalculável, que existem nos passeios das ruas de Marília. As águas plenam os buracos, atingindo o nível normal das partes calçadas. A profundidade dos mesmos, torna-se ignorada. O pedestre, andando às pressas, às vezes não percebe as covas; leva um tremendo soco, como se tivesse engolido um anzol. Resultado: molha-se mais do que com a própria chuva.

Não estamos exagerando. Há muito que as providências deveriam ter sido tomadas; se a obrigatoriedade dos reparos é de responsabilidade dos proprietários dos imóveis, a Prefeitura que os intima a executá-los, dentro de um prazo estipulando (referimo-nos ao tempo normal, sem chuvas); findo este, a municipalidade que execute a obra e cobre as despesas, acrescidas de uma taxa de administração. Se, a própria Prefeitura compete em alguns casos, a construção desses remendos, está demorando muito em fazer a obrigação. O que é certo, indiscutível, é que várias ruas centrais da cidade, apresentam aspectos desoladores nesse particular. E não é de hoje. É verdade, repetimos, que no momento as chuvas “não dão folga”. Mas é tambem verdade que o problema já está de cabelos brancos.

Por outro lado, alguns remendos que foram feitos ultimamente (antes das chuvas), deixaram muito a desejar. Vimos em vários pontos da cidade, onde o calçamento dos passeios ainda é do tipo de ladrilhos com “gomos” quadrados, ter sido colocada uma camada de cimento nos claros e depois ter-se feito riscos imitativos dos próprios “gomos” dos ladrilhos. Acontece, que tais remendos foram utilizados com uma mistura de cimento e areia, onde a percentagem de areia foi tanta que inutilizou a própria da firmeza do cimento e o simples cotacto das solas dos calçados dos transeuntes, estragou tudo ou quasi tudo. Este tambem é um assunto que deve merecer as atenções do serviço de engenharia da Prefeitura, pois tem sido o mesmo que remendar uma roupa com linha podre.

Aqueles que andam de automóvel, não se apercebem muito bem da gravidade e da feitura do assunto. Porém, os que palmilham as vias publicas, mesmo as centrais, conhecem melhor a questão. E hão de convir conosco. O assunto reclama providencias, ha muito tempo.

Extraído do Correio de Marília de 08 de agosto de 1956

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