A Camara e a Constituição (20 de setembro de 1956)

Reuniu-se anteontem a Câmara Municipal de Marília, em sessão solene, para render publicamente um preito de regozijo ao transcurso do décimo aniversario da promulgação da Carta Magna de 1946.

Foi um gesto dos mais democráticos, que veio provar, o espírito de reconhecimento dos marilienses, através de sua edilidade, o cultuar-se a efeméride grandiosa, o render-se um sentimento de respeito à passagem do 18 de setembro, data importante na atual vida nacional. Data importante, frise-se, pois representa o natalício da promulgação do diploma legal que rege os direitos e deveres dos brasileiros, sob o aspecto intrínsecamente democrático.

Como oradores oficiais da edilidade, usaram da palavra os Drs. Geraldino Furtado de Medeiros e Aniz Badra, que discorreram sobre a data e sobre a Constituição, seu significado, o labor belíssimo da Constituição de 1.946 e a interpretação sintetizada de seus preceitos. Igualmente, por ocasião da abertura dos trabalhos, o Dr. José Guimarães Toni, Presidente da Câmara, abordou com propriedade, em análise prática e natural, as finalidades e os efeitos da Carta Magna da Federação.

Lembrou-se, com inteira justiça, a participação de São Paulo, em sua apoteótica luta de sangue de 1932, quando se bateu de armas em punho pela constitucionalização do Brasil, tendo sido rememorado os átos gloriosos dos paulistas a respeito, numa das mais ricas e belas páginas da História de São Paulo. Falaram ainda os vereadores Dr. Durval Sproesser e Sr. Bernardo Severiano da Silva.

O presidente da Edilidade, fez menção tambem a participação dos gloriosos soldados da Força Expedicionária Brasileira, que, no último conflito mundial, içaram nas íngremes montanhas do classicismo italiano, o Auri-Verde Pendão, símbolo da liberdade, liberdade essa prevista pela Constituição de 1.946.

Oportuníssima, foi, portanto, a manifestação da edilidade mariliense, rendendo um tributo de respeito à passagem da grande data. Principalmente no momento presente, quando tanto se fala em reformar a Carta Magna, em atitudes que não deixam de ser de todo reprováveis , pois as prováveis reformas óra em discussão, deixam transparecer, antes de tudo, um estado geral de desorganização do próprio sistema democrático nacional.

A afluência pública ao recinto do Legislativo mariliense, na noite do último dia 18, demonstrou claramente que o público local participou das homenagens justíssimas que a Câmara Municipal de Marília tributou ao transcurso do 10º aniversário da promulgação da Constituição dos Estados Unidos do Brasil.

Extraído do Correio de Marília de 20 de setembro de 1956

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