A Faculdade para Marília (11 de setembro de 1956)

Todos sabem das lutas empreendidas pelo povo mariliense, através de suas autoridades, entidades representativas e imprensa, objetivando a criação e instalação de um curso oficial de ensino superior em Marília.

Há dias, noticiamos que o projeto de lei do deputado estadual Maurício dos Santos, criando a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em nossa cidade, passara em segunda discussão, na Assembléia Legislativa.

Através de um editorial publicado pela “Folha da Manhã”, ficamos sabendo da existência de cerca de 700 pedidos idênticos, para diversas cidades do interior.

Vejam o que diz o aludido editorial:

“A notícia de que, na Assembléia Legislativa, cerca de 700 projetos que dispõe sôbre a criação de novas escolas estão na iminência de voltar a plenário, depois de inútil e longa permanência na Comissão de Educação e Cultura, coincide com a divulgação de parecer do prof. Almeida Júnior, aprovado pelo Conselho Estadual de Ensino Superior, a propósito da criação de uma Faculdade de Medicina em Campinas. Porque a verdade é que agora as escolas superiores é que estão em moda. Pertence ao passado a fase de reivindicações de instalação de ginásios, escolas normais e até institutos de educação. Hoje, todo município que se preze solicita logo uma Faculdade – seja lá qual for – e encontra sempre quem, na Assembléia, apadrinha sua pretensão.

O prof. Almeida Júnior, no seu parecer, coloca bem a questão. Para se saber da conveniência, é essencial um levantamento quanto possível completo das necessidades do Estado no setor assistencial, “o grau de saúde das populações, o nível de sua cultura, a densidade demográfica, as facilidades de transporte, a difusão das vias de comunicação, a existência ou não de institutos hospitalares”, etc.. Após o exame de dados relacionados com todos êsses índices, aquêle educador conclui que, pelo menos até 1956, não é aconselhável que o “Estado onere as suas finanças com a caríssima instalação de mais uma Faculdade de Medicina”.

Não pretendemos ser melhor do que outros centros da hinterlândia paulista. No entanto, reconhecemos que existem pedidos de instalação de escolas superiores, em número assustador, alguns representando as pretensões (louváveis, diga-se de passagem), de cidades que, por suas localizações próximos a grandes centros, que, por seu número diminuto de habitantes, por sua situação demográfica e outros motivos, poderão prejudicar os interêsses e a consecução irretorquível dêsse melhoramento, aspirado por cidades maiores, como, por exemplo, Marília.

A dedução disso tudo, pode atribuir-se àquilo que bem poderia ser chamado de “gentileza política”, isto é, deputados apresentando projetos a torto e a direito, para se mostrarem agradáveis a algumas pessoas. O número elevado dos projetos congêneres, que deverão ser apreciados pela Assembléia, talvez dê origem a prejuízo para muita gente!

Extraído do Correio de Marília de 11 de setembro de 1956

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