Não haverá uma solução (06 de setembro de 1956)

Sim. Esta é a pergunta que dirigimos ao sr. Prefeito Municipal e ao sr. Delegado Regional de Polícia: Não haverá uma solução pacífica, para o problema angustiante da imiscuidade de meretrizes e famílias na cidade de Marília?

Temos repetido, inúmeras vezes, que consideramos o meretrício, como um mal necessário. Temos também dito, que não somos, em particular, contrários àquelas que mercantilizam o amor, vendendo o próprio corpo. Mas a questão, no pé em que está situada, carece de urgentes providências das autoridades responsáveis.

A zona do meretrício, que é delimitada por lei, aqui em Marília não obedece nenhuma restrição. Os forasteiros, muitas vezes, batem em casas de família, pois não há meios possíveis de identificar as casas chamadas suspeitas e as residências familiares. A mistura é incrível e chega a atentar contra os foros de civilidade de nossa culta população. Intercalam-se as casas das meretrizes, com as das famílias, sem que nenhuma providência se tome a respeito. Crianças, moças e senhoras, são obrigadas, constantemente, a passar por vexames de tôda a espécie, em consequência dessa anomalia, que reclama ações.

Existe um plano de mudança da zona do “bas-fond”. Enquanto isso não acontece, por motivos de ordem normal de andamento das providências a respeito, bem seria que os poderes responsáveis providenciassem, no sentido de centralizar as decaídas num só trecho, evitando, para melhor viver, tanto dessas mulheres, como da própria população, os dissabores que estamos percebendo.

Confirmamos o nosso ponto de vista: Nada temos contra as mulheres que praticam o meretrício. Apenas não podemos concordar com os olhos grossos que fazem a respeito, nossas autoridades. A zona referida deve ser delimitada. Existe lei a respeito. O que não pode continuar, é o estado de coisas que se está verificando em Marília, dia a dia mais agravado, com a imiscuidade crescente de famílias e meretrizes.

Vai aumentando o problema, com as famílias “entrando” nas proximidades da região citada, em consequência da crise de habitações e com as mulheres de vida facil “entrando” nas zonas residenciais, sem a menor cerimônia. O problema é muito mais grave do que possa parecer. Pergunte-se a quem reside nas proximidades da mencionada zona ou a quem, por motivos imperiosos, tem necessidade de transitar pela aludida região.

Será que não haverá uma solução?

Extraído do Correio de Marília de 06 de setembro de 1956

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