A onda aumentista da cidade (4 de outubro de 1956)

Oportuna proposição foi apresentada pelo vereador Aniz Badra, na última sessão da Câmara Municipal de Marília. O presidente da Associação Paulista de Municípios solicitou informações do Executivo, acerca do número de pedidos entrados na Prefeitura, por intermédio das partes interessadas, pleiteando aumentos de preços de diversos gêneros de utilidade, como o pão, frutas, aves, legumes, carne, café em xícaras, etc.. E mostrou-se o edil assustado e mesmo indignado com a onda aumentista que domina a cidade, quando verdadeiras “manobras” são executadas por pessoas ou grupos interessados, em detrimento do povo mariliense, já tanto sacrificado.

Citou S. S. o caso da elevação do preço do cafezinho, quando alguns bares da cidade, à bel prazer elevaram seu custo para um cruzeiros e cinquenta centavos, sem que, felizmente, tivessem obtido o apôio da maioria dos bares da cidade. Referiu-se também ao fato de um estabelecimento, que, tendo aumentado o preço do café em xícaras para Cr$ 1,50 e percebido depois que a maioria dos bares não acompanhou, baixou o custo dessa utilidade para cinquenta centavos.

O pedido constante do mencionado requerimento, depois de aprovado pela Casa, foi encaminhado ao sr. Prefeito Municipal, pois, conforme afirmou o vereador Badra, nenhuma tentativa de aumento de preços pode ser feita, sem prévia consulta aos poderes competentes sob pena de multas pesadas, estabelecidas por lei.

Na ocasião, o vereador Nasib Cury pediu um aparte, para externar suas dúvidas acerca da interpretação do disposto no artigo 3º da portaria da COFAP que autorizou o último aumento de preço do leite. Em verdade, entendemos que o espírito do citado não teria autorizado à Pasteurização local a elevar o preço do produto, sem primeiro ter encaminhado o pedido, perfeitamente justificado, ao sr. Prefeito Municipal, para o devido encaminhamento à COAP, uma vez que não existe COMAP organizada na cidade. Pelo menos foi o que pudemos deduzir da leitura do mencionado dispositivo. Isto quer dizer, em última análise, que o preço poderia ter sido aumentado, talvez em base mais sensíveis, porém só após os estudos respectivos e não de imediato, após a publicação da malfadada portaria aumentista da famigerada “dona” COFAP.

O requerimento do vereador Aniz Badra, serve para alertar os monopolistas e os interessados em esfolar cada vez mais os marilienses. É bom que a Câmara, que jamais tem descuidado desse pormenor, continue cada vez mais vigilante contra as “manobras” de algumas pessoas que pensam mais nos estômagos do que naquilo que se chama solidariedade; pessoas que só compreendem interesses próprios e que, apesar de alguém ter protestado, repetimos o que temos dito em outras ocasiões: pessoas que têm pedras em lugar de coração e cifrões em lugar de massa encefálica.

Extraído do Correio de Marília de 4 de outubro de 1956

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