Os generos e seus preços (26 de outubro de 1956)

Clama com razão a Imprensa de todos os pontos do país, acerca dos abusos que se praticam sôbre das utilidades de primeira necessidade. De fato, as coisas andam tão descontroladas a respeito, que o Brasil tornou-se um verdadeiro paraiso de gananciosos. Já não existem freios para colocar um dique no movimento altista que desgraçadamente, classifica nossa pátria em primeiro lugar entre as nações mais inflacionarias do mundo.

Nem sempre, pode-se culpar o pequeno comerciante. Este já não dispõe de meios capazes de controlar as vendas, porque comprando pouco, e seguidamente, seguidamente tem que ir pagando mais caro e vendendo mais caro também. O mal precisa ser atacado pela raiz. O ponto vital origina-se quando os intermediários metem o dedo e quando os grandes atacadistas fecham negócios com partidas gigantescas, muitas vezes para armazenar, prendendo o produto e forçando automaticamente as altas dos preços, sob os olhos complacentes dos órgãos controladores de preços.

De qualquer maneira, enquanto o Presidente da República não põe em prática os meios de barateamento do custo de vida, apregoados em sua campanha eleitoral, o povo que vá apertando o cinto. Que vá definhando de fome. Que vá para o diabo.

Vez por outra, a gente vê ou tem conhecimento de uma providência, que maneira direta, vem beneficiar um pouco a aflição das classes média e pobre. Vez por outra aparece um “último mohicano”, fazendo alguma coisa em pról das famílias sacrificadas. De pouca duração são essas providências, regra geral. Mas provam alguma coisa. Provam que ainda existe gente por aí, bem intencionada, que se mais não faz, é porque não pode.

A Prefeitura da cidade de São João da Boa Vista, acaba de dar um exemplo dessa natureza. O público sanjoanense está adquirindo gêneros de primeira necessidade por preços menores do que os do mercado comum. Por exemplo, a banha americana está sendo vendida à razão de Cr$ 30,00 o quilo; penicilina de 400 mil unidades, a Cr$ 10,50.

O poder executivo de São João da Boa Vista, está conseguindo adquirir muitos gêneros nas fontes de produção e outros diretamente junto à COFAP e COAP por incrível que pareça.

Sem dúvida, tal proceder deveria servir de exemplo para muitas Prefeituras do Interior, inclusive para Marília.

Além dos benefícios que presta ao povo a referida municipalidade, está combatendo diretamente, o alto custo de vida.

Extraído do Correio de Marília de 26 de outubro de 1956

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