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Feliz Natal, leitores! (25 de dezembro de 1957)

Nésta data magna da Cristandade, no dia em que comemoramos o transcurso do nascimento do Filho de Deus, vamos fazer uma pausa na variedade de assuntos habitualmente focalizados nésta coluna. Ao assim procedermos, temos em mira, unicamente, o apresentar aos amáveis leitores do “Correio”, especialmente àqueles que nos distinguem com a leitura de nossos modestos escritos, os sinceros votos de um Feliz Natal. Natal! Dia de alegria, de felicidade. Até a natureza procura cooperar com a satisfação das gentes em todos os 25 de dezembro. Os semblantes irradiam algum explendor, traduzindo nos abraços-amigos trocados entre os que se estimam. Um dia de alegria, que todos procuram comemorar com alegria. Um dia feliz, que todos tentam passar dentro da mais indestrutivel felicidade. Nos últimos dias, vimos a cidade apresentando um movimento desusado. Gente, humilde ou abastada, nova ou velha, preta ou branca, ondulando as ruas, adquirindo alguma coisa ou não. Uns observando vitrines, outros comprando

O Foguete Brasileiro (24 de dezembro de 1957)

Verdadeiramente, o lançamento do foguete brasileiro explodiu como uma bomba! Não pela incapacidade do nacional, mas pelo sigilo que envolveu as operações, pela modéstia dos trabalhos e pelas indiscutíveis deficiências técnicas de nossas arrojadas e necessárias indústrias. É bom esclarecer devidamente a alusão sôbre “deficiências técnicas” acima. Falamos no sentido geral, em relação à equipagem de vulto nacional, cujo parque é falho e dependente do mercado exterior. Falamos do escasso material humano especializado, por falta de escolas capazes de ensinar, sem que tenhamos que recorrer a favores de nações amigas. Apenas isso. Voltando ao foguete: Tudo deve ser encarado de modo proporcional. Se isto fizermos, não há dúvida que teremos que nos orgulhar e louvar os militares da Escola Técnica do Exército que trabalharam nesse mistér. Se atentarmos para a fraca equipagem que dispomos nêste sentido, os estudos relativamente iniciais, a falta de recursos financeiros adequados, a escassez da ap

Democracia X Monarquia (21 de dezembro de 1957)

Para o autor destas linhas, o pensamento encerra um sentido esdrúxulo. Cremos que para muita outra gente também. O fato é que tenta-se, mais uma vez, o restabelecimento do regime monárquico no Brasil! Existe quem deseje (lutando ao mesmo tempo, pela instauração da monarquia), um Rei brasileiro. O Movimento Patrianovista empenha-se agora numa luta de propagação de suas idéias acerca da implantação do regime monárquico no país, destituindo, em consequência, o atual sistema político. Teremos, se o número de adeptos da idéia fôr concreto, a luta entre as duas forças. Não cremos, no entanto, nessa possibilidade, como não acreditamos, de forma alguma, em probabilidade da modificação do regime democrático. Declaram os partidários dêsse movimento, que, “sem rei, não há união nacional”. E acrescentam: “Só a doutrina monárquica salvará a Nação. Não há outra solução. Há 68 anos que nos impuseram viver dentro de um regime espurio. Há 68 anos que nos mentem, nos prometem, nos engodam, nos atrapalha

Ser deputado é bom (19 de dezembro de 1957)

Póde parecer despeito ou inveja, mas não é. Ser deputado é bom e bastante lucrativo, além de trazer incontáveis vantagens para quem usufrui essas qualidades. O deputado desfruta daquilo que se chama “imunidade parlamentar”, isto é, um privilégio que de certo modo, contraria os próprios postulados do regime democrático, uma vez que situa um separativismo de desigualdade, frente aos demais cidadãos. Deputado vive cercado de “filhotes políticos” que o endeusam e dêle esperam empregos e apaniguacoes. Em troca, conquista esperançosos “cabos eleitorais”, recebe frangos e presentes, principalmente por ocasião das épocas de fins de anos. Desfruta de descontos especiais em muitos hotéis grã-finos. Goza de abatimentos em algumas companhias de transporte e tem “passe livre” em outras. Ganha, honestamente, verdadeiras fortunas mensais. Isto sem contar-se com as oportunidades imorais que se lhe oferece, para consideráveis “mordidas” e ganhos “por baixo do pano”. Agora, a própria Assembléia Legislat

Natal dos póbres (18 de dezembro de 1957)

Se as manifestações de apreço e aplausos que chegaram até nós, com referência à um comentário que fizemos, sôbre o Natal das crianças pobres, tornarem-se efetivas, vai acontecer muita coisa boa êste ano. Diversas pessoas nos telefonaram ou nos procuraram, para indagar os meios que deverão utilizar, a fim de que cheguem aos meninos e meninas da Filantrópica e do Lar da Criança, alguns brinquedos de Natal. Despertaram nessa intenção, depois de nosso modesto e despretencioso comentário. A todos, dissemos exatamente aquilo que escrevemos não há muito: que se ponham em contacto com as diretorias dos respectivos estabelecimentos assistenciais. O que fizemos, foi apenas um trabalho jornalístico, no qual condensamos uma idéia, considerada útil. Nada mais. Agradecemos os aplausos que nos foram endereçados. Nenhum dêles é merecido, uma vez que apenas procuramos lembrar uma situação que deve ser lembrada. Realmente, muita gente pode dispender uma pequena parcela de seus orçamentos, para comprar u

Placas indicativas de ruas (14 de dezembro de 1957)

Nada como dar tempo ao tempo – diz um antigo brocardo. Não há muito que o fato aconteceu. Uma “firma” invadiu a cidade, alugou salas num edifício local, mobiliou escritórios, contratou espetaculares “brotos” e ludibriou a boa fé da Prefeitura e da Câmara Municipal. Propunha-se instalar na cidade, placas indicativas dos nomes das vias públicas, a exemplo das que existiam em Nova Iorque, Rio, São Paulo etc.. Um comércio, sem dúvida. Acontece que tudo é comércio e desde que o comércio fosse legal, honesto e de resultados concretos, nenhuma oposição poderia surgir. Tudo, de início, correu às mil maravilhas. Os malandros conseguiram levar “no bico” muita gente boa de Marília. Apresentaram-se aos comerciantes e industriais com uma fenomenal bagagem de “referências”, sendo-lhes facil a obtenção de seus desideratos. Muita gente concordou em “colaborar” com a cidade, embelezando vias públicas proporcionando aos forasteiros um serviço indicativo e nominativo das ruas da cidade. Sucede, que, desd

“Papai Noel” (13 de dezembro de 1957)

A “vinda” do bondoso velhinho de barbas brancas é uma tradição imutável, terna e cristã. Representa alegria, quasi sempre significa presentes. A garotada aguarda ansiosa, o dia magno da Cristandade; a maioria sem bem aperceber-se da grandeza da data. Os coraçõeszinhos infantis, distantes do aquilatamento da realidade dos fatos, exigem e esperam a ‘chegada’ do “Papai Noél”. Aqueles cujos pais encontram-se em condições – com sacrifícios ou não – de convocar a “vinda” do bom velhinho, são verdadeiramente felizes. Pódem ser contemplados com o clássico presente de Natal, seja grande e custoso, seja simples e pequeno. E os dos pais póbres? Daqueles que sendo chefes de família, mal pódem suportar as agruras da subsistência de um lar? Muitas crianças, jamais tiveram a oportunidade de receber um presente do “Papai Noél”. Devem considera-lo um ingrato, um separatista, que faz diferença entre filhos de rico e de pobre. E tem razões. A vida de hoje, caríssima e difícil, faz sofrer não só a classe

Todo excesso é prejudicial (12 de dezembro de 1957)

Lembramo-nos ainda. Um preto velho, carandeiro profissional, dêsses que “curam” qualquer moléstia, “desencostam” espíritos maus, benzem bicheiras de gado e já “conversaram” com milhares de assombrações, foi quem nos disse certa vez: “Todo excesso é prejudicial”. O têrmo usado pelo “seu” Zé Maria não foi bem êste. Ele dissera, simplesmente: “Tudo que é dimais prijudica”. Faz muitos anos, quando tal frase nos foi incutida, sem que disso nos déssemos conta. O decorrer do tempo veio corroborar a verdade filosófica alí contida. Efetivamente, todo excesso é prejudicial. Exceder-se em política, futeból e mesmo religião, para não citarmos outros casos, expõe o fanático ao ridículo. O gesto comedido, é sempre o aconselhável. Aquele que se fanatiza por determinada paixão, torna-se incapaz de aquilatar até que gráu de normalidade pratica. Não enxerga ninguém, especialmente os que pensam ou agem em contrário aos seus modos de entender as coisas. Fatos semelhantes, vemos seguindamente em todas as p

Dia do Reservista (10 de dezembro de 1957)

Regra geral, todo aquêle que cumpre a exigência militar que está sujeito, ao ingressar na Reserva do Exército, acredita-se completamente desobrigado para com a Pátria. É um êrro imperdoável. O reservista, em nosso país, até a idade limite de seu possível e viável aproveitamento militar, continua a apresentar um elemento suplementar das próprias Fôrças Armadas, que dêle poderão fazer uso em caso de necessidade pátria. No próximo dia 16, veremos transcorrer o Dia do Reservista. Êste ano, todos os Oficiais e Aspirantes a Oficial R/2, bem como os Sub-tenentes e Sargentos da reserva (remunerada ou não), do Exército ou da Fôrça Pública, devem apresentar-se a Junta de Alistamento Militar de nossa cidade. Também os cabos e soldados, possuidores para promoção a Sargento, oriundos do Exército ou da Polícia Militar, que foram licenciados de 1927 para cá, estão também sujeitos a essa exigência. Todos sabem que o Exército Brasileiro prepara-se, assim como tôdas as fôrças armadas do mundo, para even

Cavalos e cabritos (7 de dezembro de 1957)

A propósito de uma reclamação que nos foi dirigida por um leitor dêste jornal, lembramo-nos do susto que passamos u’a noite destas, quando quasi “atropelamos” um cavalo que se encontrava sobre um passeio, numa esquina escura da Rua Cel. Galdino. Caminhavamos distraidamente, e, ao cruzar a esquina, por pouco não “colidimos” com o pacato animal. Confessamos, que, nas circunstâncias como se verificaram os fatos, levamos um susto regular. Recordamo-nos ainda do “cavalo vira lata” citado por nós, ha muito. Hoje parece que desapareceu. Mas, como iamos dizendo, um leitor nos procurou. Para formular uma queixa contra o serviço competente da municipalidade. Móra o aludido cidadão, no populoso bairro de Vila Palmital. Lá, conforme asseverações de nosso informante, cavalos, cabritos e outros animais, sem contar com as manilhas de cães sem dono, estão ponto em polvorosa e desassossego os moradores de Palmital. Além do descaso na detenção desses animais, existem outros fatos que estão a reclamar as

Variedade em denúncias (6 de dezembro de 1957)

Não há (como) negar, de que os mais curiosos casos de denúncias apresentadas em Juizo, fazem, inquestionavelmente, parte do grande rosário de processo de divórcios dos Estados Unidos. Vez por outra, a imprensa nacional sente-se no dever de explorar tais acontecimentos, satir (iz) ando e temperando à gosto, assunto dêsse jaez, tão de agrado dos leitores brasileiro (s) . Efetivamente, temos conhecido casos que escapam às raias do absurdo. Óra é o marido que justifica o pedido de separação, porque sua “cara metade” roncou durante o sono. Outra vez, é a mulher que pede o divorcio, acusando o esposo de “crueldade mental”, porque êste impediu que o “luluzinho” dormisse na cama de ambos. E assim por diante. Agora, lendo o confrade “Comércio da Franca”, edição de 1º do corrente, deparamos, sob a manchete “Denunciada a COMAP pela prática do curandeirismo”, a seguinte notícia: “A Associação Profissional do Comércio Varejista de Franca, acaba de formular documentada denúncia, contra a COMAP local

Enfermidade de Eisenhower (5 de dezembro de 1957)

Através do noticiário telegráfico internacional, ficou o mundo ciente de ter sido acometido de grave enfermidade, o presidente Eisenhower, dos EE. UU. da América do Norte. Um mal súbito, que não deixou de acarretar aos povos do mundo civilizado uma certa apreensão, porque abalou um pouco a estrutura física de um homem, que, nos últimos anos, têm se destacado pelas suas ações político-administrativas internacionais. Verdadeiramente, é mistér que se reconheça, na pessoa de Eisenhower, uma capacidade política das mais elogiáveis do mundo. O atual presidente dos Estados Unidos assumiu a direção do país amigo, numa época das mais conspurcadas, dificeis e confusas. Quando a prudência fez-se sentir como estrela de primeira grandeza, numa série de ações, que, mesmo dentro de determinadas fronteiras poderiam repercutir em diversas nações do mundo, Eisenhower foi capaz de demonstrar éssa qualidade e um senso de responsabilidade incomuns. Delegado e participante de diversos congressos de estudos

Acerca de Escolas... (4 de dezembro de 1957)

Nossa despretensiosa crônica de ontem, trouxe-nos alguns comentários encomiosos. Talvez sem motivo, uma vez que não descobrimos nenhum “ovo de Colombo”, não desvendamos nenhum segrêdo. Acontece que um leitor nos procurou para felicitar-nos e agradecer-nos o conteúdo do escrito. Declarou que nosso comentário “abriu-lhe os olhos”. E justificou a afirmativa dizendo, que, até aqui, nunca se preocupara com o estado de aproveitamento escolar de seus filhos e só voltava os olhos para o assunto, por ocasião dos exames finais, conhecendo os resultados do ano letivo. Achou que tínhamos razões no ponto de vista emitido, de que a preocupação de hoje, na maioria do mundo estudantil, resume-se naquilo que dissemos chamar-se “passagem de ano”. E citou-nos exemplos conhecidíssimos. Efetivamente, o fato acontece conforme dissemos. O aproveitamento das aulas recebidas durante o ano letivo, regra geral, vem se apresentando pouco concreto. Algumas “recordações” em cima da hora dos exames e um pouco de sor

Estudantes e “bombas” (3 de dezembro de 1957)

Estamos na época em que se desenvolvem os exames anuais escolares. Hoje de incontida ansiedade, de um lado para os estudantes bem intencionados e de outro, para os pais dos alunos. Hora tambem de preocupações para os próprios mestres, que, ao par da neutralidade que norteia seus átos educadores, não deixam tambem, como humanos, de “torcer”, pelo menos intimamente, para que aqueles que corresponderam aos ensinamentos durante o transcorrer do exercício, conquistem a necessária média de aprovação. Uma coisa temos notado ultimamente, em especial na época de pré-exames escolares: Um despreendido interesse pelos estudos, por parte de muitos alunos. Nos quintais, nas salas, mesmo nas ruas, vê-se à miude, moças e rapazes com livros e cadernos abertos balbuciando teorias e ciências, verdadeiramente distanciados do resto do mundo. Significa isso, sem negar, um certo descaso pelos próprios estudos, durante o transcurso do ano todo. Representa um aproveitamento apenas relativo das ministrações rec

Liberdade para Prestes (30 de novembro de 1957)

Sem atinar verdadeiramente com os motivos, porém acreditando em boas intenções, aquí estamos para atender uma solicitação que nos foi formulada, escrevendo algumas linhas acerca da propalada luta óra em vigência, objetivando a liberdade do Sr. Luiz Carlos Prestes. Em primeiro lugar, consideramos o lider comunista como um mau brasileiro (embora nada tenhamos contra ele e nos sintamos no dever de respeitar seus pontos de vista doutrinários). Consideramo-lo mau brasileiro e não podemos perdoá-lo, por mais humanos que sejamos, uma vez que ainda está viva em nossa lembrança a sua afirmativa de que lutaria o meso contra a Pátria, caso o Brasil viesse a guerrear contra a Rússia! Existe mandato de prisão preventiva contra o mesmo e no entanto, gente de responsabilidade, que se fantasia de defensora do povo, pactua com o ato, desprestigiando a própria Justiça e tentando a liberdade do citado cidadão. Propugnar pela liberdade de Carlos Prestes, é um direito que assiste a qualquer um, gesto merec

Liberdade e violência (28 de novembro de 1957)

Não faz muito tempo, um famoso jornalista francês que visitou nosso país, teve a oportunidade de manifestar-se verdadeiramente abismado com a destemoridade da imprensa brasileira. “A imprensa do Brasil é a mais destemida e violenta do mundo” – declarou o citado profissional de imprensa, por sinal um nome de capacidade e projeção internacional. Para nós, habituados já ao atual “modus vivendu” da imprensa nacional, a afirmativa em apreço deu-nos um pouco que pensar. Isto, porque, em nosso modo de ver as coisas, analisando os fatos sob o prisma de imparcialidade, neutralidade e independencia – bandeira norteadora da boa imprensa nacional – habituamo-nos a encarar a decorrência natural da vida de nossa imprensa, como perfeitamente normal e idêntica à de todo o mundo. Pelas declarações do diretor do “Paris Match”, no entanto, pudemos perceber que nem toda a imprensa nacional é aquilo que se póde e deve considerar como “boa imprensa”. Ainda ontem (27/11/1957) , um amigo nos exibia duas revis

Título Eleitoral (26 de novembro de 1957)

No próximo dia 31 de dezembro (de 1957) (e) xpirará o prazo de validade dos títulos de eleitor, presentemente chamados “antigos”. Depois dessa data, nenhum brasileiro maior de 18 anos estará em condições de requerer a expedição de qualquer documento ou exercer atividade dependente de apresentação de papéis necessários e oficiais, sem a posse do novo título eleitoral. Por todos os meios possíveis, as autoridades eleitorais estão de há muito divulgando essa necessidade. Conforme escrevemos há alguns dias passados, parece-nos que o interêsse (e obrigação) geral está se apresentando um tanto “fria”, ou, mais precisamente, não correspondendo aos prognósticos inicialmente elaborados. Conforme dissemos, é bastante estranhável a atitude de grande parte dos nacionais, em não se interessar de pronto pela solvição dêsse compromisso de brasilidade. A obtenção de carteiras profissionais, a inscrição em concursos para cargos públicos, etc., etc., será inviável e impraticável para qualquer cidadão em

Ruas, passeios e buracos (23 de novembro de 1957)

Sem nenhum negar, o atual Prefeito Municipal é um administrador de grandes realizações. A construção do Paço Municipal, por si só, recomenda seu govêrno, como um administrador dinâmico e bastante trabalhador. O prolongamento da rede de água e esgoto, a extensão da rede de iluminação, o aumento do calçamento da cidade e os planos de asfaltamento, são, sem sombra de dúvida, elogiáveis atividades do sr. Argolo Ferrão. Sucede, conforme dissemos em outras ocasiões, que os problemas municipais são complexos variados e diversos. Ao par das grandes realizações, mistér é que se olhe também para pequenas questões, aparentemente fúteis. Os buracos de determinadas ruas, o desnível do calçamento em inúmeros pontos da cidade e os buracos dos passeios públicos, são também assuntos que devem merecer atenções da administração municipal. Muitas reclamações nos chegam ao conhecimento, acerca de buracos nas ruas da cidade. Ponderamos aos reclamantes, que problemas de maior monta estão ocupando as atenções

Voto de analfabetos (22 de novembro de 1957)

Continua em discussão o problema atualmente em foco na Câmara Alta, acerca da instituição do direito de votos para os analfabetos. As opiniões são diversas. Ainda não se conseguiu apurar u’a maioria esmagadora pró ou contra a questão. Os pareceres daquêles que têm sôbre os ombros a missão de solucionar tão grave questão, divergem entre si, mas nenhuma parte conseguiu, de modo positivo e cabal, subjugar a parte contrária. Entendemos, nós, que a instituição do direito de voto aos analfabetos representa uma verdadeira imprudência política. Reconhecemos nos brasileiros em geral, iguais direitos, menos êste. É verdade que estamos num regime democrático e que numa democracia não há lugar para distinção de preferências políticas, não se justificando o afastamento dessa órbita dos que não sabem ler e escrever. Mas também é verdade que o colegiado eleitoral brasileiro ainda está bastante “verde”, crú mesmo. Se estamos nessas condições, ao entendermos êsses direitos aos analfabetos, estaríamos,

Porteiras da paulista (21 de novembro de 1957)

Voltou-se a agitar a questão da necessidade de encontrar-se uma solução cabal e correspondente, para o problema verdadeiramente calamitoso que representa para Marília as “célebres” porteiras da Cia. Paulista. Há longos anos êste jornal vem focalizando (o) fato, tendo provocado, inclusive, entendimento de autoridades municipais e associações de classe com os altos dirigentes da grande empresa ferroviária. O problema, no entanto, permaneceu insolúvel. Recordamo-nos que no passado, sugerimos entendimentos diretor do sr. Prefeito Municipal (ainda antes do atual período de redemocratização nacional) com a direção da Paulista. Tais entendimentos foram levados a cabo, mas as providências até hoje não surgiram. O dr. Jaime Cintra, já recebeu por diversas vezes emissários da cidade, que expuseram pormenorizadamente ao ilustre diretor da Paulista, os problemas e a necessidade de sua solução. S. S. não ignora, portanto, a urgência do fato, e, apesar das boas intenções anteriormente demonstradas

Mercado Municipal (20 de novembro de 1957)

Há muito tivemos a preocupação de escrever alguma coisa acerca da necessidade de remodelação total do atual Mercado Municipal de Marília. Ainda no govêrno do sr. Adorcino de Oliveira Lírio, martelamos o assunto por diversas vezes. Mais tarde, com a posse do sr. Argolo Ferrão, voltamos ao assunto, que fô (r) a anteriormente focalizado, quer na administração do sr. Neves Camargo e Adhemar de Toledo. Agora, na última sessão da edilidade mariliense, o vereador dr. Fernando Mauro voltou a agitar a questão, dizendo em plenário da carência de Marília em face (da situa) ção total do atual Mercado. Tem razão o edil pedecista, como também nós há muito tempo. O prédio do obsoleto Mercado Municipal, de há muito deixou de acompanhar o progresso e as necessidades marilienses. Tornou-se pequeno, acanhado, insuficiente para atender as suas reais finalidades. Até as condições da moderna higiene não encontram cabal acomodação dentro dêsse próprio, uma vez que a sua construção passou a figurar no ról das

Esporte e amor à Marília (19 de novembro de 1957)

Ainda está servindo de “prato do dia”, o acontecimento esportivo da última sexta-feira. Não a realização da peleja amistosa entre o Vasco da Gama e o Brasil Bandeirantes, propriamente dita, mas sim o rumo que as circunstâncias tomou. Muitos pormenores e alguns nomes relacionados com o caso em téla são de todos conhecidos. Existe, todavia, um fato que deve merecer atenções públicas. É o sentimento de zelo e amor à Marília, demonstrado na hora propícia por alguns cidadãos marilienses, muitos dos quais nem poderiam ser considerados esportistas em toda a extensão do vocábulo. Alguns cidadãos, numa demonstração de cuidado pela repercussão desfavorável que surgiria fatalmente em torno do nome de Marília, praticaram uma atitude salvadora, procurando e resolvendo o “impasse” criado pela decorrência de uma irreflexão (sem negar bem intencionada) de uma só pessoa. O problema foi contornado de módo satisfatório, com a sua responsabilidade pesando sobre os ombros de duas outras pessoas “que nada t

Miscelânea de Notícias (II) (15 de novembro de 1957)

A primeira “miscelânea” saiu somente “para variar de tempêro”. No entanto, alguns dos nossos amáveis leitores gostaram e pediram bís. Se sinceridade ou brincadeira, não sabemos; assim pois, com nossa costumeira bôa vontade, vamos atender os pedintes. Por isso, ésta “segundona”. --:-- Comemora-se hoje o 68.o aniversário da proclamação da República. Se o Marechal Deodóro da Fonseca fôra vivo e visse às quantas anda a “sua” República, por certo a “desproclamaria”. --:-- Dona Conceição da Costa Neves, ex-Conceição Santamaría, uma das integrantes da Comissão de Parlamentares que visitou ha pouco a Rússia, fez uma série de palestras através da Rádio Piratininga de São Paulo. E não disse nenhuma coisa adocicada. Falou “misérias” do regime soviético e do “pêso” da doutrina comunista! Coisas de arrepiar os cabelos! Agora chegou a vez do deputado Lucioninho, outro integrante da aludida caravana. Vamos aguardar o que o mesmo disser, para, posteriormente, tendo já ouvido “dona” Conceição, formarmo

Fiscalização de presos (14 de novembro de 1957)

Existem opiniões diversas quanto à reorganização da COMAP mariliense. Os que acreditam na possibilidade do mencionado órgão controlador e fiscalizador de preços ser dirigido por gente capaz e bem intencionada, são de parecer que sua existência e atividades só poderão trazer benefícios públicos. Os que, desanimados e desiludidos com exemplos pretéritos, vêem na vida do citado órgão, apenas a continuidade de uma inércia e uma pusilanimidade “tradicionais”, são, com razões, contrários à sua reestruturação. Nós somos ainda dos que se enquadram no primeiro pensamento. Entendemos que a COMAP deve ser reorganizada para trabalhar com afinco e dentro dos princípios básicos de suas precípuas finalidades controladoras e fiscalizadoras. Ultimamente o mariliense tem sido vítima de uma série de explorações das mais descabidas. Todo o mundo “tira a sua casquinha” na primeira oportunidade. Não que estejamos pretendendo baixas absurdas em determinados artigos e gêneros de primeira utilidade ou compleme

Miscelânea de Notícias (13 de novembro de 1957)

Clamava ainda ontem à tarde, determinado cidadão, queixando-se amargamente do tempo em Marília. “Veja você (“) , explicava o homem, (“) se póde existir saúde bôa com um clima tão instável. Faz um calor dos diabos e duma hora para outra, o tempo muda, ventando, fazendo frio, chovendo e voltando o calor repentinamente (“) . Em verdade, o tempo tem estado verdadeiramente “camaleonesco” nos últimos dias. Acontece que todo o ser humano é, por si só, insatisfeito. Se chove, reclama. Se venta, reclama. Se faz frio ou calor, reclama tambem. Reclamar é um mal de todos nós. Acontece, que poucos minutos depois, deparavamos um outro cidadão, que mostrava-se infinitamente satisfeito com a chuvazinha da tarde e dos últimos dias. Motivo: o homem possue algumas dezenas de alqueires de terras semeadas de algodão. --:-- Não resta dúvidas de que no próximo ano funcionará a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília. Trabalhos insanos vem sendo desenvolvidos pelas autoridades municipais e pela C

Parques Infantis (12 de novembro de 1957)

Na votação da proposta orçamentária municipal para 1958, aprovou a edilidade mariliense uma oportuníssima emenda de autoria do reverendo Álvaro Simões. A reconsignação de uma verba de um milhão de cruzeiros, destinada a construção de Parques Infantís em nossa cidade. Como sabem todos, Marília possui um único Parque Infantil – diga-se de passagem, moderno e bem aparelhado. No entanto, insuficiente para atender as necessidades locais e difícil para muita gente interessada, uma vez que a densidade demográfica da “urbe” está de há muito a exigir novas localizações dêsse melhoramento imprescindível, em outros pontos da cidade. Os parques infantis, hoje em dia, não são privilégios de filhos de ricos, como possa alguém assim pensar. Nesses recantos, tantos filhos de ricos como de pobres, pretos ou brancos, encontram um ambiente sadio e alegre, uma vida ao ar livre, a prática de esportes e a leitura de bons livros, ao lado de brinquedos adequados e uma alimentação suplementar sadia e bem dosad

Um passado no presente (9 de novembro de 1957)

Curioso, como algum fato passado, enterrado nas gavetas do esquecimento normal, possa transportar uma pessoa a recordações pretéritas das mais vivas! Assistimos na última quinta-feira, no Cine São Luiz, como “aperitivo” do estupendo filme de James Mason intitulado “Delírio da Loucura”, um interessante “short” colorido. A curta metragem referida, colocou em evidencia determinadas telas elaboradas por um artista do século XVII na Itália, cuja memória e arte hoje são consagradas em todo o mundo. Apresentou aquilo que se poderia chamar de uma história, um acontecimento natural numa vida: o retorno de um ex-combatente à legendária Itália, com o espírito de observar no presente, aquilo que êle vira por acaso no passado, numa época de guerra na qual participava. O homem principal, que apareceu como soldado adentrando o local em apreço, retornou, conforme nos mostrou o filme, alguns anos depois, como um apreciador das artes do pincél. Assistimos o filme e não conseguimos evitar a vibração de n

Prorrogação de Mandatos (8 de novembro de 1957)

A prorrogação de mandatos, óra pretendida por alguns parlamentares, eiva-se, sem sombra de dúvida, de uma verdadeira imoralidade. É um processo que denota temor indisfarçado de alguns deputados, que não souberam cumprir fielmente suas obrigações parlamentares e receiam a inevitável derrota nos próximos pleitos. Um meio, enfim, de continuar mais algum tempo dependurado às grossas tetas do herário público, mercê de um expediente condenável, onde se advoga em causa própria. Gostaríamos que aquêles que são apologistas dêsse processo de prorrogação de mandatos, realizassem um plebiscito para auscultar a opinião pública a respeito. Apesar de combatidos, os defensores dessa infeliz idéia tentam argumentar de modo infantil, as “necessidades” da questão, quando nenhuma necessidade existe e apenas conveniências pessoais que beneficiarão uns poucos, em prejuizo de muitos. Os partidários da prorrogação dos mandatos, são, sem dúvida, os que poucas realizações de destaque conseguiram efetivar; a mai

Um Banco de sangue para Marília (7 de novembro de 1957)

Não há (como) negar, que nosso apreciadíssimo colaborador, reverendo Álvaro Simões, ao utilizar-se do espaço diário que prazerosamente lhe é reservado nêste jornal, do mesmo só se tem valido para patrocinar boas causas, em favor direto da coletividade, e, em especial, dos desamparados e necessitados sob qualquer forma. Como se já não bastassem as inúmeras vitórias conquistadas nessa caminhada, em decorrência de sua brilhante e bem intencionada pena, o incansável cidadão, sempre preocupado com o bem estar comum, olvidando seus próprios interêsses, vem de encetar agora uma das mais nobres e dignas, campanhas – a criação de um Banco de Sangue para Marília. Já dissemos anteriormente, repetidas vezes, que as intenções desta coluna diária objetivam o destaque de acontecimentos mais importantes da ocasião, relacionados preferencialmente com a cidade ou povo mariliense. Por isso, aqui estamos para colocar no devido relevo, essa elogiável iniciativa do mencionado articulista, paradigma como se

O Finados que passou (6 de novembro de 1957)

O Dia de Finados, êste ano, parece que apresentou menor afluência pública ao Cemitério Municipal. A não ser que estejamos equivocados, foi menor a porcentagem das visitas ao Campo Santo de Marília êste ano do que nos anteriores. Em proporção, o grosso do movimento humano verificado nas partes da manhã e da tarde do último sábado, deve ter sido bem menor daqueles movimentos dos últimos anos. Parece que está “caindo da moda” o visitar-se as necrópoles no Dia dos Mortos. Não pretendemos dizer com isso que registrou-se pouco movimento, mas sim que nos pareceu menor. Nos anos anteriores, principalmente no período da tarde do mencionado dia, o próprio trânsito de pedestres no interior do Cemitério fôra bem mais acentuado, por vezes difícil, não pelo sentido de desorganização do movimento dos visitantes, mas sim pela menor afluência pública. Êste ano, a locomoção de um para outro lado foi relativamente mais fácil, levando-se a crêr o que estamos afirmando. O trânsito motorizado, pareceu-nos q

José Arnaldo (3 de novembro de 1957)

José Arnaldo, nosso colega de trabalhos, que vem colaborando com o “Correio” desde 1944, quando, nos campos de luta da Itália já nos remetia apreciadas crônicas sobre a vida dos “pracinhas” brasileiros, acaba de demitir-se do quadro de locutores da Rádio Dirceu de Marília. Na citada emissora José Arnaldo exercia as funções de Diretor do Departamento de Reportagens e Titular de Esportes. José Arnaldo continuará na imprensa mariliense, acumulando as funções de reporter dêste jornal, conforme vem acontecendo ha doze anos. Extraído do Correio de Marília de 3 de novembro de 1957

Homenagem a um municipalista (3 de novembro de 1957)

No próximo dia 9 de dezembro, serão tributadas sensíveis homenagens póstumas ao grande municipalista que foi Stelio Machado Loureiro. O municipalista Stelio, um dos precussores da bandeira dos Municípios em todo o Brasil, como todos sabem, foi desditosamente tragado pelas águas do Rio Paraná, nas proximidades do Salto de Urubupugá. À 9 do mês vindouro, deverão reunir-se no local, prefeitos e vereadores de diversos municípios do Brasil, para render êsse tributo de saudade e homenagem póstuma à memória do saudoso Stelio Machado Loureiro. Defronte do local do desaparecimento do inditoso municipalista, foi erguida, pelo Prefeito da cidade de Castilho, uma capéla, em cujo local, no dia mencionado será celebrada Missa por intenção da alma daquele grande soldado do municipalismo. Será u’a homenagem singela, das mais sinceras e reconhecidas. Render um preito de saudade à memória daquele que no passado, deixando em segunda plana as reivindicações das capitais e o conforto do asfalto, para volta