O discurso do Presidente (5 de janeiro de 1957)

O sr. Juscelino Kubitschek, presidente da República, dirigiu-se ao povo brasileiro, por ocasião das festas de fim de ano. Proferiu a sua saudação de boas festas. E foi além: disse muita coisa que os brasileiros gostaram, embora muita gente ande descrente hoje em dia, acerca das possibilidades de melhoria, dentro do atual nível de vida em que nos encontramos.

É nosso dever louvar e prestigiar os atos de governantes, quando vêm diretamente de encontro aos anseios do público. No entanto, bom é que se analise a situação econômica do país sem paixão simplista. As coisas, em verdade, não andam boas. A despeito do que se fez no atual govêrno do sr. Kubitschek, o nível de dificuldades aumentou também. E, cremos, numa ascencão mais veloz ainda. Isto quer dizer que a situação piorou. Não é segredo para ninguém, o que estamos asseverando.

O presidente da República falou bem. Principiou a demonstrar que está bem intencionado, embora para nós, honestamente, ainda não possamos tecer-lhe elogios acerca de sua administração.

O “projeto-cadillac”, vetado, foi, nada mais nada menos, do que uma imposição de consciência. Se o presidente não apusesse o veto, depois dos gritos do público, traduzidos nos clamores da imprensa de todo o Brasil, que mostrou ao povo, o timbre desbriado de vários parlamentares, então, estaria tudo perdido.

Calma e canja de galinha, segundo se afirma, não faz mal a ninguém. É por isso que não nos entusiasmamos muito com o discurso do sr. Juscelino. Principalmente nós, que ainda recordamos muito bem, das fabulosas promessas (não cumpridas) do sr. Kubitschek, quando s. excia. promovia a sua campanha eleitoral.

Extraido do Correio de Marília de 5 de janeiro de 1957

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