Um teatro para Marília (8 de janeiro de 1957)

Marília, apesar de nova, é hoje uma cidade das mais modernas, sempre crescendo, sempre expandindo-se. Em vista disso, passa a exigir uma série de melhoramentos, condizentes com seu próprio e veloz dinamismo.

É uma consequência natural do desenvolvimento de qualquer grande centro.

Não ha muito, escrevemos algo acerca da necessidade de Marília possuir um teatro. Até ha pouco, contavamos com os serviços a respeito, dos dois cinemas da cidade, cujos palcos prestavam-se, perfeitamente aos preenchimento dêssa lacuna. Agora, com as instalações das telas panorâmicas das mencionadas casas, tornou-se impossível as representações teatrais em nossa cidade, com exceção aos teatros particulares ou de algumas entidades sociais.

E(m) resumo, não temos lugar em Marília, onde receber uma companhia teatral ou onde póssa realizar-se um espetáculo público de grandes proporções.

Na ocasião, recebemos inúmeras cartas de marilienses, louvando nossa idéia, aplaudindo o que disseramos.

Realmente, um teatro é u’a necessidade em Marília. Desde as épocas imemoriais dos gregos e romanos, foram a arte e a cultura a consolidação do desenvolvimento da própria humanidade e a tradução viva do adiantamento dos povos. O progresso dos povos está por isso mesmo, na razão indiscutível do grau de sua cultura.

A encenação das óbras primas da literatura nacional e internacional, ou os imortais da musica clássica, bem como representações teatrais de outra natureza, são uma obrigação de todo e qualquer centro civilizado.

Embora tenham os poderes públicos, a obrigação de dar o apoio a realizações como a que estamos citando, tornamos a repetir aquilo que antes dissemos: não iriamos apelar através desta secção, para que a municipalidade construisse um teatro, principalmente néstaa época em que muitos melhoramentos estão a reclamar providencias urgentes. No entanto, usa-se agora, nas capitais e mesmo em algumas cidades do interior, os conhecidos “teatros de alumínio”. Desmontáveis, cujos preços são perfeitamente accessíveis, têm ainda a vantagem de poder ser transferidos de local, além de oferecer ao público as mesmas facilidades dos teatros modernos e especialmente construidos.

Agora, na cidade de Sorocaba, um edil apresentou um projeto de lei, destinado a construção do “teatro de alumínio” na “Manchester Paulista”. Será o mesmo montado em terreno da municipalidade ou em outro que seja doado ou desapropriado pelo Prefeitura daquela cidade. A sua construção obedecerá, como não poderia deixar de ser, o critério da concorrencia pública, cujas despesas de execução do mesmo, correrão por conta do excesso da arrecadação municipal.

Aí está a idéia, que tal vez possa merecer as atenções dos poderes públicos marilienses.

Extraído do Correio de Marília de 08 de janeiro de 1957

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