As prévias eleitorais (8 de março de 1957)

A imprensa paulistana anda atarefada presentemente, com o pleito eleitoral que terá lugar em São Paulo, no próximo dia 24, para a escolha do prefeito da paulicéia.

Um órgão de imprensa tem mesmo que noticiar, informar, orientar. As prévias eleitorais óra em vigência, no entanto, estão deixando muito a desejar. Os resultados e os pareceres, em confronto entre si, mesmo em idênticos bairros, têm sido apresentados de maneira diferente. Por que? Por dois motivos: Ou o público consultado é inconstante e insincero na demonstração de seu ponto de vista a respeito, votando óra num e óra noutro candidato, ou essas prévias, em sua maioria não passam de u’a mal orientada publicidade indireta em torno de algum ou alguns candidatos.

Como é possível, que o jornal do Pedro ausculte a opinião da feira do bairro da Penha e obtenha uma votação diversa daquela que o periódico do Paulo conseguiu, no mesmo local e no mesmo momento?

Nas eleições passadas, já vimos que apenas uma emissôra tem apresentado o resulto dessa consulta à opinião pública com maior perfeição e mais aproximação da realidade. As demais, deram autênticos “fóras”. Todos recordam muito bem, que por ocasião das últimas eleições estaduais, o público, principalmente do interior, ficou submergido num dilema dos diabos, sem um serviço informativo completo, digno de confiança. Cada órgão de publicidade divulgava, simultaneamente, um resultado diverso, e, com uma diferença incrível! Quer dizer, ao invés do público ficar informado, o que aconteceu foi ficar completamente desorientado.

E a maioria das emissôras e dos jornais paulistanos, que apontaram até o final da contenda eleitoral o nome de um candidato com a “vantagem” de cerca de 25 mil votos na dianteira, ludibriaram o público, especialmente o do interior. Todos estão recordados ainda, que, mesmo quando a contagem final dos votos já era uma realidade e antes da palavra oficial do Tribunal Eleitoral bandeirante, ainda certos órgãos de imprensa, especialmente a falada, insistiam em criar a confusão no espírito público, divulgando mentiras deslavadas.

Agora, as prévias eleitorais estão, ao que parece, no mesmo caminho. Já principiamos a notar as diferenças das divulgações. Estávamos vendo, ainda há pouco, na redação dêste jornal, os motivos desta crônica: No mesmo dia, no mesmo bairro e no mesmo horário (portanto, o mesmo público opinante), uma diferença extraordinária entre a preferência para os nomes de Adhemar de Barros e de Prestes Maia. Por isso, repetimos: ou aquêle público que foi consultado não foi sincero em sua manifestação, ou, por outro lado, um dêsses órgãos não está sendo honesto na divulgação da verdade e está fazendo espalhafato, com propaganda mentirosa. E isto fazendo, estará ludibriando o público por duas vezes seguidas: Aquêle público que votou na prévia e aquela outra parte que acompanha a publicação, acreditando no noticiário a respeito.

As prévias eleitorais já começaram na capital do Estado. e com o mesmo sistema do passado. Agora, o público que acompanhou de perto o desenrolar das “perfeitas informações” do pretérito e que viu depois como a maioria errou, que tire as suas conclusões. Pelo jeito, está repetindo-se o acontecimento e nós entendemos que nem todos os que estão cuidando dessas prévias eleitorais estão sendo honestos para com o público.

Extraído do Correio de Marília de 08 de março de 1957

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