Carnaval (2 de março de 1957)

Oficialmente, as festas momescas serão iniciadas amanhã; tradicionalmente, a folia carnavalesca começa hoje. Muita gente aguardou com ansiedade êstes momentos; muita gente vê com maus olhos o carnaval e suas brincadeiras.

Em ocasiões passadas, já tivemos o ensejo de manifestar o nosso ponto de vista acerca do carnaval. Não pertencemos nem aos do contra e nem aos que são francamente do reinado de Momo. Somos neutros na questão, respeitando a predileção de todos. Somos até pelas brincadeiras sadias e bem intencionadas, porque pensamos que sendo o carnaval uma festa tradicional do povo brasileiro, considerada mesmo a maior festa popular do país, é justo que dela participem os que a apreciam. O povo brasileiro, que vive sobremaneira sacrificado com as agruras da vida de nossos dias, deve divertir-se quando pode e como pode. Dentro dos postulados da decência e do respeito comum, é lógico.

Apenas não concordamos, com inúmeros abusos e liberdades, que à miude são praticadas por aquêles que são fracos de espírito e levianos de atitudes, sob o infundado pretexto de que “carnaval é assim mesmo”.

No mais, aqui deixamos consignados nossos votos de bons divertimentos àqueles que irão “pular o carnaval”.

Por falar em carnaval, a COAP acaba de baixar duas portarias “ad referendum”, tabelando em São Paulo – Capital e interior –, tôdas as bebidas e sanduíches, por ocasião dos folguedos carnavalescos. A medida é mesmo oportuna, pois sabem todos, que ao par da existência de comerciantes sensatos, existem muitos que abusam das prerrogativas da exploração, especialmente nas ocasiões dessas oportunidades.

Outra coisa que êste ano deverá ser observada, é a questão do excesso das liberdades e o uso de roupas atentatórias à mora pública. Com referência ao segundo fato, podemos afirmar que o povo mariliense sempre soube portar-se condignamente. Aludindo-nos à primeira questão, o mesmo tem sempre acontecido; se algumas exceções verificamos no passado, foram mínimas e consequência de embriaguez visível.

A polícia êste ano, mais do que nos anteriores, exercerá severa fiscalização acerca do assunto, para que os folguedos carnavalescos decorram num ambiente perfeitamente presenciável por todos. Até o vício da aspiração de éter, será observado com rigidez, de conformidade com a determinação do sr. Secretário da Segurança Pública, em atenção a despacho do Governador do Estado.

Os clubes estão preparados para proporcionar aos seus associados e simpatizantes, um belo carnaval. Nossos votos para que tal possa acontecer.

Na rua, como sempre, o carnaval talvez não seja dos melhores, pois nos últimos anos vem definhando visivelmente nesse sentido. Teremos êste ano a ausência do “Cordão IV Centenário”, por motivos alheios aos seus próprios integrantes.

Consuelo Castilho, o popular “C. C.”, como sempre, promete uma brincadeira sadia aos presentes, nas ruas da cidade. Segundo informa-se, o “C. C.” está preparando uma “geringonsa” para exibí-la na Avenida do Fundador.

Oficialmente, o carnaval inicia-se hoje.

Àquêles que são verdadeiros foliões, os nossos votos para que divirtam-se bastante.

Extraído do Correio de Marília de 02 de março de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)