Tópicos carnavalescos (7 de março de 1957)

Pela segunda vez, leitores, ocuparemos nossa coluna dêste órgão, para falarmos sôbre o carnaval que passou, com estas pílulas acerca do reinado de Momo.

Está mesmo desaparecendo o carnaval de rua em Marília. Definha ano a ano. Em 57, de carnaval, só vimos um desfile de veículo pela principal artéria da cidade e alguns grupos de pessoas tentando dar aos folguedos carnavalescos uma vida que realmente não existiu.

Nenhuma fantasia caríssima ou digna de nota especial, conseguiu nossa reportagem ver, quer nas ruas, quer nos clubes onde se realizaram bailes carnavalescos.

O pessoal da polícia e da imprensa, tiveram, durante o carnaval, uma particularidade bastante comum: um trabalho de mais de vinte horas diárias, durante quatro dias seguidos.

Nem todos os clubes tiveram a mesma animação dos anos anteriores. O “Kai-Kan”, por exemplo, embora com muita vida, não alcançou o mesmo sucesso do passado. A Associação dos Alfaiates apresentou os bailes com menor afluência pública, embora dentro de um excelente ambiente social. O Tenis e o Yara deram a nota alta neste carnaval, arregimentando a maioria das preferências populares.

Repetiu-se neste carnaval aquilo que aconteceu no ano passado: Com a venda de bebidas alcoólicas liberada, verificou-se menos casos típicos de embriaguez. Isto é, o povo abusou menos da bebida com a inteira liberdade de venda, do que quando a mesma fôra proibida pela polícia.

Em conversa com a autoridade policial da cidade, dr. Walter de Castro, delegado adjunto, soube nossa reportagem que nenhuma ocorrência lamentável registrou-se em Marília durante os folguedos carnavalescos. As ocorrências verificadas foram as habituais, e, mesmo assim, em número relativamente pequeno.

Dentro dêsse pequeno número, incluem-se alguns “sururus” no Tenis Clube e algumas “garrafadas” no “Kai-Kan”.

Verificou-se também o furto de um jipe, tendo a polícia conseguido apreender o veículo roubado e agarrado em tempo o ladrão.

Os verperais infantis decorreram bastante animados, nos clubes da cidade, quando a reportagem conseguiu notar o maior número de fantasias carnavalescas.

Pouquíssimo lança-perfume foi gasto neste carnaval. Tôda gente alegou como motivo dessa nota, a falta de dinheiro e a alta dos preços do produto.

Como sempre, a reportagem do “Correio” foi fidalgamente recepcionada em todos os pontos onde se realizaram bailes carnavalescos, quando os diretores dos clubes facilitaram em tudo e por todos os modos, os nossos trabalhos de observação.

Pessoa residente em Catanduva, entrevistada pela Rádio Dirceu na noite de terça-feira, declarou que êste ano transformou-se num verdadeiro mito o carnaval daquela cidade, considerado sempre como o melhor do interior. Declarou mais, que o carnaval de rua de Marília foi superior ao de Catanduva.

Êste ano, como sempre, vimos inúmeros “marmanjões” bolindo com senhoras e senhoritas que apreciavam na Avenida, o carnaval de rua que não existiu.

Num dos clubes da cidade, um cidadão tentou pular sem camisa, tendo sido impedido de fazê-lo.

Nos Alfaiates, o rapaz que deu a nota divertidíssima dentro do salão, foi Tomaz Mascaro. Divertiu-se sozinho durante as quatro noites, “desconjuntando-se” todo.

Foi desvirtuado o uso das bisnagas de matéria plástica, quando muita gente utilizou ditos apetrechos com liquidos suspeitos. Mesmo apesar da proibição da polícia, muita gente continuou esguichando água e outras coisas nas pessoas descuidadas.

O “Duo Estrela D’Alva”, Biguá e o compositor Zacarias Mourão, da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, vieram passar o carnaval em Marília. Estiveram hospedados na residência de Brabo Ferro Velho, tendo participado do carnaval de rua e ainda realizado exibições na Rádio Dirceu.

Sensível aumento percebemos, de homens vestidos de mulheres nas ruas de Marília, por ocasião dos folguedos carnavalescos.

Vimos alguns foliões brincarem duas vezes por; durante o dia, foram crianças e durante a noite transformaram-se em adultos.

Num resumo e em pequenos tópicos, aí está o compêndio do que conseguimos ver no carnaval que passou.

Extraído do Correio de Marília de 07 de março de 1957

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