Filmes sobre Marília (25 de abril de 1957)

Juntamente com outros convidados especiais e autoridades do município, assistimos na noite da última terça-feira, no auditório da Rádio Dirceu, à exibição de um filme sôbre Marília, película essa realizada pelo sr. Sebastião de Souza Lima.

Escarmentados que estávamos, pelo fato de termos poucos dias antes, presenciado no Cine São Luiz, o “documentário” sôbre a cidade, filmado pelo sr. Marino Neto, pensávamos que iríamos ver, ainda desta vez, um autêntico “abacaxi”, conforme acontecera anteriormente. Tal não sucedeu, porém; o que vimos foi realmente um filme natural, que deixou em evidência, embora com alguns claros, a pujança de nossa cidade e os trabalhos de nossa gente. Um filme, que se completo não foi, pelo menos demonstra, com maior propriedade, o dinamismo de nossa “urbe”.

Um filme, em resumo, eqüidistante em perfeição, plenitude e intenções, frente ao “documentário” que nos impingiu o sr. Marino Neto, documentário êsse que não chegou a arrancar um único aplauso dos que o viram. Em verdade, o propalado filme sôbre o último aniversário da emancipação municipal de Marília, deixou muito e muito a desejar. Conforme já tivemos a oportunidade de dizer, o que vimos, foram umas fraquíssimas vistas aéreas, rápidos flagrantes da chegada do general Juarez Távora, velocíssimos “flashes” da sessão solene da Câmara Municipal e algumas fachadas de pouquíssimos estabelecimentos comerciais da cidade.

O filme do sr. Sebastião de Souza Lima, foi completamente diferente. Em que pese a condição de amador dêsse mariliense, que conseguiu a minguada importância de seis mil cruzeiros, como auxílio do poder municipal, importância insuficiente, conforme podem perceber mesmo os que não entendem do “metier”, a película do sr. Souza Lima, embora incompleta pela falta de recursos financeiros, é, sob todos os pontos, mais completa e mais perfeita, e, o que é principal, atende melhor e mais objetivamente os interêsses do município.

Após a exibição da película referida, que muito agradou aos que a presenciaram, o dr. Aniz Badra, presidente da Câmara, bem como outros senhores vereadores, interessaram-se pelo motivo, de vez que tinham bem percebido a diferença entre um e outro filme, no sentido de alcançar as reais colimadas de nosso centro: mostrar Marília do começo aos pés, sem exibir tão sòmente flagrantes pré-estudados. Aquêles que não conhecem nossa cidade, vendo o filme do sr. Marino Neto, ficarão “na mesma”. No entanto, os que assistirem à película de Sebastião de Souza Lima, depois de completada, pensarão de modo bem diferente.

O curioso nisso tudo, foi a boa fé com que a Comissão dos Festejos de 4 de abril agiu na questão, consignando, segundo estamos informados, cerca de duas centenas de contos de réis ao sr. Marino Neto, que produziu um autêntico “abacaxi”, não do ponto de vista técnico, mas do ângulo objetivo da propaganda de nossa cidade. Enquanto isso, com apenas meia dúzia de contos de réis, o sr. Souza Lima realizou um filme sem paralelo frente ao do sr. Marino Neto, preenchendo de modo mais seguro e real as finalidades que interessam ao nosso povo.

Bom seria que o sr. Prefeito conhecesse tal película (uma vez que a Câmara já a viu), interessando-se em oferecer meios para a ultimação da mesma, bem como, solicitando da Emprêsa Peduti, a sua exibição nos cinemas da cidade, e, se possível, nas salas do circúito Peduti. É verdade que a largura do filme em apreço é de 16 milímetros e não 35. Mas também é verdade que os objetivos estão mais ou menos preenchidos nesse filme e que sua exibição é de interêsse geral, especialmente para nossa cidade.

Aqui fica a sugestão.

Extraído do Correio de Marília de 25 de abril de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)