Programações cinematográficas (26 de abril de 1957)

Decididamente, conforme já dissemos anteriormente, parece que a pessoa encarregada das programações dos filmes para Marília, ou não gosta de nossa gente, ou não leva muito a sério os negócios da emprêsa.

O Cine São Luiz, que é o melhor cinema da cidade, tem apresentado aos marilienses, verdadeiros “abacaxis”. Não nos recordamos de nenhuma película verdadeiramente notável durante o mês que está a expirar. Pelo jeito, entraremos em maio também sendo obrigados a engulir autênticas “bombas”, em lugar de bons filmes cinematográficos.

O pior, é que tais filmes que ultimamente temos visto, quanto mais ruins e pobres em história, maior número de dias permanece em cartaz. Se não existe má vontade por parte da pessoa incumbida de preparar e selecionar as programações cinematográficas para nossa cidade, chegamos a acreditar em falta de compreensão nesses trabalhos ou, o que é pior, na decadência da filmoteca do Sr. Emilio Pedutti.

O fato é que o “habituê” cinematográfico de nossa cidade, quase não tem oportunidade de presenciar um bom filme em Marília. Temos a impressão de que este estado de coisas piorou muito nos últimos tempos.

O “cinemeiro” contumaz reclama, com razão. A Empresa Pedutti precisa, com urgência, voltar suas vistas com mais carinho para esse particular, pois o mariliense sempre soubre prestigia-la como deve. É justo que seja recompensado, assistindo melhores películas nos cinemas da cidade.

Temos notado, como todos, que incontestes “abacaxis” permanecem três ou quatro dias em exibição, muitas vezes contrariando os próprios interesses comerciais da Empreza. Os gerentes locais, segundo pensamos, não podem fazer nada a respeito, pois a programação, é feita previamente em Botucatú. Temos mesmo a impressão que esse serviço de programação não atenta para certos pormenores, como altura das cidades, significado das salas de projeções, número de habitantes, etc... Até parece que o trabalho é rotineiro, obedecendo tão somente as facilidades da distribuição dos filmes, em relação ao “percurso” da circuito. A qualidade da película, têm sido, ultimamente, uma coisa que não tem sido observada, especialmente para os marilienses.

Já reclamamos uma vez acerca desse pormenor. Não descobrimos nenhum “ovo de Colombo”, pois apenas dissemos publicamente aquilo que todos pensam.

Extraído do Correio de Marília de 26 de abril de 1957

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