O problema da mendicância (16 de maio de 1957)

Não ha muito, desfechou a autoridade policial local, uma oportuníssima campanha acerca da mendicância da cidade. Foi u’a medida salutar e necessária e não teve o intúito de “abrir fogo” frontalmente contra os que entendem a mão à caridade pública. O Dr. Helio Negreiros Penteado, delegado regional de polícia de Marília, por seus auxiliares e algumas vezes pessoalmente, esteve abordando os mendigos que afluem à nossa cidade a aqueles que fazem “ponto” em determinados locais.

Constatou a autoridade policial, na ocasião, que muitos pedintes são originários de outras cidades e que aquí comparecem para fazer a “ronda”, que, certamente, oferecerá bons resultados. Da campanha, as medidas foram elogiáveis: expulsão dos pedintes de fóra que aquí aportam e estudos de condições daqueles que aquí residindo, empregam-se ao mistér de pedir, impedindo, por outro lado, o prosseguimento daqueles que pedem por vício ou vagabundagem e encaminhando a instituições assistenciais, os que mendigam por necessidade irremediável.

Deu bons frutos a campanha deferida, sendo de lamentar-se agora, tenha a mesma esfriado um pouco. Isto pensamos, em virtude da invasão de mendigos nas ruas da cidade. Crianças, homens e mulheres, circulam pelas vias públicas, cercando todo o mundo, pedindo, pedindo sempre.

Gostaríamos que o movimento referido fosse avivado novamente, pois as providências anteriormente tomadas a respeito, trouxeram, sem dúvida, bons resultados.

Nós mesmo noticiamos, inúmeras vezes, o andamento da campanha, quando divulgamos inclusive, nomes de gente de outras cidades, que aquí compareciam, utilizando-se dos mais variados meios de transporte, para fazer a “féria” e regressar à noite. Informamos tambem, o encaminhamento de alguns pedintes a instituições assistenciais, por intermédio da Delegacia de Polícia e da Legião Brasileira de Assistência.

Ultimamente a mendicância voltou com maior ímpeto em Marília. Principalmente mulheres e crianças, que inundam as ruas, cercando toda a gente e pedindo continuamente.

Não somos contra êsse verdadeiro exército de miseráveis, principalmente quanto as pessoas, que, verdadeiramente infortunadas, vêm-se na contingência de entender a mão à caridade pública. O que reprovamos, é aquilo notoriamente conhecido: o grande número de mendigos que péde por vício e por preguiça de trabalhar.

Um dia dêstes, um nosso companheiro de redação, ao ser abordado por u’a mulher que pediu um “ajutório”, respondeu que não tinha trocado. A mulher não perdeu vasa e retrucou imediatamente: “Não faz mal, eu tróco”.

Tambem um outro conhecido nosso, ao ser interpelado por um mendigo e dizer o clássico “agora não tenho miudo”, recebeu a resposta malcriada da pedinte: “Tomara que nunca tenha”! ... ...

O reínicio dêsse movimento, sem dúvida, está se tornando necessário.

Extraído do Correio de Marília de 16 de maio de 1957

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