Ainda o candidato de Marília (22 de junho de 1957)

Leitores indiscutivelmente bem intencionados, verdadeiros amigos de Marília, escrevem-nos solicitando a continuidade de escritos acerca das próximas eleições estaduais, quando nossa cidade deverá, sem desculpas ou delongas, eleger seu representante próprio.

Realmente, é ainda um pouco cedo para o avivamento dêsse brado de alerta, infelizmente necessário a muita gente de nossa terra. É preciso que o povo vá se apercebendo dos êrros do pretérito, para que possa corrigí-los em tempo, a fim de que Marília não continue a sua condição de “órfã” nos parlamentos. Verdade seja dita, temos contado vez por outra, com apoios de parlamentares ilustres, que têm procurado voltar suas vistas para Marília e seu povo. Mas tais fatos não têm deixado de ser favores, inegavelmente.

Pessoalmente, várias pessoas nos fazem o mesmo apêlo, para prosseguimento dessa lembrança, a fim de que fique a necessidade perfeitamente incutida no espírito e no patriotismo de todos os eleitores da cidade.

Como já dissemos anteriormente, o número de eleitores inscritos em nosso município e a porcentagem dos que compareceram às urnas nos últimos pleitos, autorizando-nos a acreditar em meios e forças para que Marília “faça” no mínimo um deputado estadual e um federal. A dispersão de votos entre nós, distribuida para diversos candidatos de fora, alguns que jamais souberam existir nossa cidade e desta só lembraram em épocas das campanhas eleitorais, é a prova disso.

Se contássemos com um lídimo advogado mariliense no Palácio 9 de Julho ou no Palácio Tiradentes, não estaríamos à mercê de uma série de exigências progressistas para nós próprios, muitas das vezes de direito. Assisti-nos-ia, nessas condições, a faculdade de exigir tais trabalhos em pról do povo mariliense, ao invés de estendermos o chapéu para solicitar favores.

Continuamos ainda com nosso ponto de vista, de que a eleição de no mínimo um deputado estadual é a obrigação geral dos marilienses. Dispomos de meios irrefutáveis para tal. Contamos, por outro lado, com gente capaz de bem representar-nos em qualquer parlamento nacional. O que até aqui tem sido verificado, tem sido a incompreensão geral e um certo indiferentismo pelas coisas da cidade.

Não pararemos; se nosso deputado não for eleito, a culpa não será nossa.

Extraído do Correio de Marília de 22 de junho de 1957

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