Marília precisa de silos (17 de julho de 1957)

Sem dúvida alguma, Marília ostenta situação-chave na Alta Paulista, servindo ainda de entroncamento das zonas sorocabana e proporcionando ensejos de escoamento de gêneros e cereais de norte do Paraná. De há muito, está a cidade e região, reclamando a construção de silos, não só para servir a lavoura local, como também para atender as necessidades de diversos outros pontos adjacentes.

Faz parte de plano governamental do sr. Jânio Quadros, a instalação dêsses empreendimentos em diversos grandes centros do interior, conforme é do conhecimento de todos. Por outro lado, sabe-se também que tais melhoramentos exigem dispêndio fabuloso de verbas, o que até certo modo torna difícil o atendimento de tôdas as regiões que estão a reclamar dito cometimento.

Nossa cidade precisa, com urgência, ser dotada de silos, para servir não só a Marília, como também inúmeras outras cidades da grande e exuberante região da Alta Paulista.

Temos entre nós, gigantescos armazens pertencentes ao D. N. C., completamente abandonados. Representa uma obra gigantesca, descuradamente ao abandono pelo órgão federal. Uma vez que existe, como é sabido e confesso, intenções do poder central em melhor atender as reivindicações do interior, seria aí o caso da I. B. C., que deve ser o sucessor do D. N. C., ceder ao Govêrno de São Paulo, para o referido uso, tais armazens.

Seria a prestação de um serviço inestimável ao povo da região e indiscutivelmente, o vir de encontro aos anseios do Govêrno do sr. Jânio Quadros. A verdade é que dá lástima, o ver-se abandonado aquêle grande recinto, num autêntico ato de desleixo governamental. Tudo o que é abandonado, acaba por estragar e desgastar em tempo superior ao que seria de esperar-se naturalmente. Um capital verdadeiramente grandioso, ali se encontra, na entrada da cidade, inteiramente entregue “às traças”.

E isto não é de hoje. De há muito, a situação é a mesma, com os referidos armazens, inexplicavelmente abandonados, quando poderiam ser ocupados para um fim especifico e de interêsse geral, como é o caso dos Silos em Marília.

Se o próprio Governador em exercício sr. Porfírio da Paz, interceder junto ao I. B. C., por certo, poderá Marília ser aquinhoada com essa necessidade há muito reclamada. Temos a impressão de que nenhuma desculpa convincente poderá ser apresentada, uma vez que o estado de abandono total e completo em que se encontra a citada construção, será do agrado de nossa gente. Tudo aí, pensamos, depende de boa vontade e de entendimentos. Apenas. Será preferível servir-se a região tôda com êsse empreendimento, do que caturrar no abandono dos aludidos armazens.

Aqui fica a sugestão, para que dela procurem tirar proveito, em nome de Marília e da região, as pessoas que melhor têm interêsses pelo progresso e necessidade de Marília. O estado de abandono dos referidos armazens, ao lado da urgência dêsse empreendimento reclamado por Marília e região, é alguma coisa que pode revestir-se de um verdadeiro contrasenso. É mais do que isso: é um verdadeiro pecado!

Extraído do Correio de Marília de 17 de julho de 1957

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