O 9 de Julho que passou (11 de julho de 1957)

Quer nos parecer, jamais São Paulo comemorou tão magnificamente a passagem da efeméride de 9 de Julho. Nós, aqui do interior, acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos, através da imprensa e dos noticiários radiofônicos da paulicéia.

Verdadeiramente, a programação elaborada e organizada pela Associação das Emissôras de São Paulo, da qual participaram tôdas as autoridades, tôdas as entidades representativas e todos os paulistanos, atingiu o “clímax” esperado. São Paulo vibrou como nunca, nas comemorações do 25º aniversario do movimento revolucionário de 1932, movimento êsse que foi o marco inicial do período do reconstitucionalização do país.

Espetáculos inéditos foram levados a efeito, inclusive para a petizada paulistana, que “teve a sua vez” também, participando dos festejos da efeméride.

Lavrou, sem dúvida, o sr. Edmundo Monteiro, presidente da Associação das Emissôras de São Paulo, um belíssimo tento de civismo. Nem todos, ao que parece, estão interpretando bem êsse movimento. Não cremos em nenhuma possibilidade de menosprezo a outros Estados do Brasil, com tais manifestações, conforme chegam algumas pessoas a afirmar. Pelo contrário, é uma demonstração inequívoca, de que São Paulo é essencialmente democrático, que vive pelo respeito e manutenção do regime constitucional, o primordial motivo da luta armada de 25 anos passados. É justo, portanto, que se levem a efeito as homenagens como as que aconteceram agora. Não percebemos nenhum motivo de independência a não ser de idéias sadias e democráticas, no feitío déssas belíssimas homenagens, as quais se associaram os irmãos de outros Estados e tambem o Sr. Presidente da República.

Em todos os municípios paulistas, por simples que fossem, as homenagens a respeito foram registradas. Em Marília, por exemplo, vivemos anteontem, belíssimas demonstrações de contentamento cívico. Nos mausoléos de Nelson Spielmann e Vicente Ferreira, mártires marilienses de 1932, as autoridades mais representativas do município depositaram coroas de flores naturais, reverenciando a memória dos mortos de 32. No Monumento dos Ex-Combatentes igualmente, demonstrações, insofismáveis de tributo ao transcurso da data foram levadas a efeito. As entidades de classe e estabelecimentos educacionais, além das três emissoras da cidade, realizaram programações especiais homenageativas ao acontecimento.

São Paulo, pelo que sabemos através das ondas hertezianas e pelos noticiários da imprensa, vivem espetáculos memoráveis. Os paulistanos entrelaçaram-se por um único ideal, tributando a gratidão, o reconhecimento e a saudade aos que participaram do redentor movimento revolucionário.

Daquí, congratulamo-nos com os p(a)ulistas todos, na pessoa do organizador déssas manifestações, Sr. Edmundo Monteiro, Presidente da Associação das Emissoras de São Paulo.

Extraído do Correio de Marília de 11 de julho de 1957

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