Candidato mariliense e opinião dos municípios vizinhos (27 de agosto de 1957)

Em nossa campanha em pról da eleição de um ou mais candidatos marilienses, sempre nos demos ao cuidado de referir a representação e os resultados benéficos que terá Marília e a região toda.

Num de nossos comentários do pretérito, citamos o exemplo de Biriguí (cidade cuja população equivalerá ao colegio eleitoral de Pompéia ou Vera Cruz), que conseguiu eleger esse grande municipalista que é Lot Neto, homem que têm procurado e conseguido atender em parte os interesses públicos de Biriguí e de outros centros da região.

Apontamos uma série de erros cometidos no passado e por vezes nos mostramos pessimistas quanto às possibilidades de Marília atingir o seu objetivo. Tentamos fazer uma campanha de esclarecimento público, em benefício de nós próprios, de Marília e região. Os écos dessa campanha atingiram, ha muito, outras cidades irmãs, que principiaram a meditar sobre o assunto, pensando conscientemente os interesses próprios, em relação às possibilidades de eleição de candidatos de Marília e de “paraquedistas” e “caçadores de votos”.

Não poderíamos furtar-nos, de fórma alguma, de transcrever, “in totum”, o que a respeito publica o jornal “A Época”, da cidade de Pompéia, edição de 25 último, sob o título “...E seu indiscutível líder”, artigo assinado pelo colunista Tabajara Solimões. Eis a íntegra do aludido escrito:

“Porque sente na própria carne” os perniciosos efeitos da atuação do seu eleitorado, o Mariliense argumenta, clama e batalha por u’a orientação diferente nas eleições que se avisinham.

“Possuindo um colegio eleitoral por sí só capaz de eleger dois Deputados à Assembléia Legislativa do Estado, Marília até hoje não conseguiu que algum dos seus varios candidatos conquistasse siquer u’a terceira suplencia em qualquer das legendas partidárias.

“A dispersão de votos tem sido a razão principal do fracasso dos nomes alí apontados.

(“)E diversas, incontestavelmente, são as causas dessa orientação do seu eleitorado.

“O maior erro, porem dos políticos da “Cidade Menina” é o seu permanente indiferentismo aos municípios vizinhos.

“Tarvez porque se julguem auto suficientes, não mantem o mínimo contacto até mesmo com os correligionários da região.

“É comum comentar-se que os seus homens públicos, principalmente os atuais dirigentes, se “dão ao luxo” de não tomar conhecimento do que se passa na vizinhança.

“Nas suas datas cívicas, eles se isolam nos limites da cidade, certamente porque não desejam que “intrusos” maculem as suas comemorações.

“Sendo, inquestionavelmente, a “Capital da Alta Paulista”, Marília jamais convida Prefeitos e Vereadores da região para um debate dos problemas de interesse desta.

“Enquanto os demais “centros de zonas” procuram captar as simpatias dos visinhos, Marília se omite ostensivamente, a ponto de alguns dos seus Prefeitos não se dignarem dirigir um simples cumprimento aos colegas que talvês representem o “papel de primos pobres”.

“Com tão antipatica e antipolitica orientação, podem os marilienses contar com o apoio dos municípios da região na luta pela escolha de um seu representante para o Palácio 9 de Julho?

“Não acreditamos.

(“)Outróra incontestavel lider da Alta Paulista, Marília de dia para dia perde terreno, exclusivamente porque os seus homens públicos não têm sabido dar um tratamento cordial aos visinhos.

“Daí o indiferentismo pelos candidatos apontados pela “Cidade Menina”.

“Se os nossos interesses não se chocam, e, ao contrario, se completam, unidos deveriamos estár, caso outra fôsse a atenção a nós dispensada.

“E quem lucra com essa desunião são os “paraquedistas”.

“Candidatos de outras zonas, apesar de completamente desconhecidos, aqui encontram “campo propicio” para a coléta de votos, não raro mediante o “financiamento de contumazes empreiteiros de eleições”.

“E, vencido o pleito, não mais “dão confiança” aos municípios desta região, sob o convincênte argumento de que compraram votos.

(“)Isso vem ocorrendo desde 1947, e, fatalmente o “feito” se repetirá em Outubro de 1958.

“As agremiações partidárias sabiamente têm forçado a indicação de numerosos candidatos da “Alta Paulista”, e o resultado é a dispersão de votos, beneficiando os nomes da confiança dos donos dos diretorios regionais.

“Esse (“)golpe” infelizmente, ainda não foi compreendido pelos homens do interior.

“Marília, por falta de políticos habeis, não conseguiu tirar proveito da sua privilegiada situação.

“E o município mais importante da “Alta Paulista”, por isso, tem representado um papel verdadeiramente nulo no setor político, quando dispõe de “todas as cartas” para sêr o se(u) indiscutível líder”.

Extraído do Correio de Marília de 27 de agosto de 1957

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