Exposição de pintura (9 de agosto de 1957)

Marília, ultimamente está despertando para as artes. Até o povo em geral, ao que parece, está tomando gosto por tudo o que represente mostras artísticas, prestigiando valores novos ou veteranos, numa demonstração de cultura artística bastante acentuada. Isso prova o adiantamento de um povo, o gráu de cultura, o gosto apreciativo das artes.

Ultimamente, nossa cidade tem oferecido ao público, por intermédio de diversos artistas de renome, inúmeras exposições, que mereceram aplausos rasgados por parte de todos aqueles que sabem apreciar o gênero apresentado.

O prédio n. 600, da Av. Sampaio Vidal, de propriedade do Banco Brasileiro de Descontos S.A., têm sido cedido ultimamente ao fins referidos. Está quasi tornando-se um ponto permanente dessas exposições.

Depois de Brasilino Nelli, Collete Pujól e outros, os marilienses estão apreciando agora a exposição de télas da professora D. Conceição Caldarone. Uma excelente móstra, que foi inaugurada na noite de ante-ontem, com regular número de gente, onde se contavam, além de autoridades, artistas, representantes da imprensa, interessados e curiosos, grande número de populares. A afluencia pública à uma exposição dessa natureza, deve ser, por certo, um fato inegável de estímulo à quem organiza. Está, portanto, de parabens, o público marilense.

Nós somos suspeitos para dizer da maravilha dos quadros expostos por Conceição Caldarone, porque somos leigos na matéria. No entanto, isso não nos impéde de gostar ou não do que observamos, embora muitas vezes, não sejamos capazes de descrever, técnicamente, o porque dos fatos. O certo, é que gostamos muito dos quadros da pintora Conceição. Achamos as referidas télas, em número de trinta e duas, muito bonitas e ar(t)ísticas. Gostamos muito dos motivos “vivos” e da discrecao das tonalidades, sem exageros de coloridos, que mais parecem pinturas de principiantes. O chamado “jogo de sombra” apresentado nas pinturas da simpática artista, é agradável à vista, pela naturalidade que apresenta.

Já dissemos, somos “analfabetos” em questões de pinturas. Mesmo assim, gostamos da exposição que vimos e que óra tem lugar no antigo prédio do Banco Brasileiro de Descontos. A graça e a naturalidade estão alí habilmente trasladadas, pelo pincél da hábil Conceição Caldarone. Gostamos de pintura que nos despert(a) as atenções naturalmente, sem exigir esforços de nossa parte, para interpretar as figuras ou para estudar as proporções de certas partes do motivo focalizado. Coisa simples, aparentemente, embora na arte a simplicidade seja o maior obstáculo de um artista.

Assim como boa música faz bem ao espírito, a bôa pintura faz bem (a)os olhos. E Conceição Caldarone sabe fazer uma boa pintura.

Extraído do Correio de Marília de 9 de agosto de 1957

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