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Mostrando postagens de setembro, 2009

MARÍLIA VISTA DE FORA (28 de setembro de 1957)

Estivemos ausentes desta coluna durante alguns dias, por motivos alheios à nossa vontade. Tiramos umas “férias forçadas”, por questões de doença. Regressamos ontem, bastante saudosos désta querida Marília, apesar do curto espaço de tempo que daquí nos afastamos. Estivemos em diversos lugares, passamos por cidades grandes, inclusive São Paulo. Pareceu-nos, no entanto, que nenhuma das cidades que visitamos se compara à Marília e é imensurável a satisfação daqueles, que, gostando déstas plagas, aquí retornam depois de breve ausência. Assim nos sentimos. À propósito, tivemos o ensejo de encontrar vários marilienses que hoje residem fóra de nossas fronteiras. Encontros casuais, que trazem em sí aquela alegria verdadeiramente familiar. Todas as pessoas que estão afastadas de nossa cidade, são inconformadas e saudosas. Todas são unânimes em afiançar que o valor à Marília só é dado quando a gente se afasta desta cidade. É um fato. Dentre as muitas pessoas que deparamos, encontramo-nos em Santo

“Férias forçadas”

O jornalista José Arnaldo, titular da coluna “De Antena e Binoculo”, esteve em “férias forçadas” por dez dias, de 18 a 27 de setembro de 1957. Por consequência, os textos dele deixaram de ser publicados pelo Correio de Marília nas edições impressas entre 19 e 27/9/1957. Os editores

Ainda as leis e seus cumprimentos (18 de setembro de 1957)

Dissemos ha dias, que no Brasil, as leis, em sua maioria, são “tradicionalmente” desrespeitadas entre nós. Motivos palpáveis, plausíveis, não existem. Condenaram certa ocasião, alguem, num gesto rasgado de honestidade, foi tomado como desprestigiador de nossos códigos e como anti-patrióta, quando afirmou: “No Brasil existem as mais completas leis para tudo e para todos; falta apenas uma única lei: a lei que obrigue o cumprimento das demais leis existentes”! Efetivamente, hoje em dia, qualquer contador, qualquer advogado ou qualquer estudioso do assunto, que tenha se preocupado, uma vez apenas, em conhecer “de visu” as lei (s) referentes às aposentadorias obrigatórias em nosso país, ha de convir conosco: as leis a respeito, em sua essência, “no papél”, são completas, perfeitas. Nossos diplomas legais a respeito, já serviram de moldes à outros paises, tão completos e bem elaborados que são. Isto para nós, não deixa de ser um orgulho; acontece que ao par dêsse orgulho, traduz-se tambem u

“Caçadores de votos” (17 de setembro de 1957)

Ninguem póde negar que têm a sua razão de ser o nosso grito de alerta, acerca da necessidade inadiável que nos urge, para que elejamos no próximo pleito eleitoral, no mínimo um deputado a Assembléia Legislativa do Estado. Nossa campanha encontrou inclusive repercussão favorável e mereceu mesmo elogios de outros órgãos de imprensa, de vários outros pontos de nosso Estado. Serviu mesmo de exemplo para outras cidades e isto dizemo-lo sem qualquer convencimento, apenas para reforçar a sua continuidade, uma vez que justificadíssimos já estão os motivos de nosso firmado ponto de vista. Está tecida a nossa cêrca de resistência às pretensões dos “caçadores de votos” e dos “doutores promessas”. O que ainda não foi feito e muito lamentamos, é que os círculos políticos locais ainda não tenham formado nesta trincheira oficialmente, embora alguns já tenham, pessoalmente, manifestado-se favoráveis a nossa clarinada de alertas. Precisamos mesmo formar um círculo de férro, que se traduza em altamente

O problema do desemprego (14 de setembro de 1957)

Ao que parece, jamais o problema do desemprego no Brasil atingiu proporções tão assustadoras como agora. A situação, embóra para muitos despreocupados não represente nada além de uma contingência dos próprios tempos, tende a trazer consequências funestas, caso não sejam tomadas providências urgentes. A verdade está saltando aos olhos de qualquer um e só os que alimentam visões otimistas e conformistas não pretendeu ver a calamidade dos fatos. No Brasil todo, o número dos desempregados deve andar aí pela casa de mais de um milhão. Os que trabalham, hoje, já quase passam fome. Imaginemos os que não têm emprego e poucas possibilidades de consegui-lo. Não estamos pintando de preto o já triste quadro da realidade nacional. Apenas focalizando um aspecto da própria vida brasileira, que ninguem, especialmente os homens dos govêrnos, deve continuar ignorando ou protelando. As consequências, se perdurar tal estado de coisas, poderão ser imprevisíveis. Consta que o Sr. Presidente da República, or

“A lei, óra a lei...” (13 de setembro de 1957)

A frase dêste epígrafe foi proferida pelo então Presidente Getúlio Vargas, num de seus discursos dirigidos aos trabalhadores do Brasil. No começo, pareceu alguma coisa contundente, o ver-se o próprio Governo Federal declarar publicamente a ineficiência do cumprimento da maioria das nossas leis vigentes. A questão, entretanto, deixou de ser observada por um outro ângulo – o da honestidade e do reconhecimento. De fato, as leis no Brasil, via de régra, existem apenas para aumentar o compêndio dos diplomas legais e nem sempre para serem aplicadas. Não por imperfeições, mas sim por menosprezo de muita gente que tem deveres e obrigações na execução e cumprimento das mesmas. Perguntem isso aos ex-combatentes da F.E.B., que, legalmente, possuem “amparo” em Lei; no entanto, todas as vezes que batem às portas dos Governos, para solicitar, não um favor, mas sim o cumprimento de um preceito legal, deixam de ser atendidos. E eles, os “pracinhas”, recebem dos governos e dos políticos, todas as vezes

Um Deputado Mariliense (12 de setembro de 1957)

Não poucas pessoas nos têm instado a prosseguir com a campanha que vimos desenvolvendo, no sentido de esclarecer devidamente o eleitorado mariliense, para que este tenha bem viva na consciência, a lembrança da necessidade que temos, em eleger, no mínimo, no próximo pleito eleitoral um cidadão de nossa terra. Em verdade, jamais desistiremos da idéia. Queimaremos o último cartucho a respeito. Sabemos que poderemos perder desta vez, como já perdemos no passado. Sabemos, por outro lado, que muita gente pouco se importa com os destinos e as urgências futuras de Marília, muito embora por aí ande a ufanar o peito e clamar que é mariliense. Não importa. O caso e de consciência, de reconhecimento. Os partidos políticos podem não estar de acôrdo com o nosso ponto de vista, porque ou pretendam ter eles seus candidatos próprios, ou porque tenham necessidade de seguir determinações partidárias elaboradas “de cima”. Os partidos podem assim agir mas o povo nem sempre é obrigado a segui-los. Quem faz

O negócio é o seguinte (11 de setembro de 1957)

Tinhamos dado como encerrado, o “caso” dos direitos das mulheres, presentemente discutido em assembléia feminina levada a efeito no Rio de Janeiro. O comentário inicial, não foi propriamente idéia nossa, e, obedeceu antes de mais nada, à uma solicitação por escrito, assinado por M.L.R.. Posteriormente voltamos a focalizar a questão, ainda em virtude de nova correspondência do mesmo (ou mesma) missivista. Mais cinco cartas chegaram até nós, versando sobre idêntico assunto. Quatro foram assinadas por mulheres, todas a nosso favor e a outra continuou a trazer as iniciais M.L.R.. As quatro correspondências primeiras, com nomes e endereços completos, algumas até com o número do telefone, atiraram algumas “pedrinhas” sobre a idéia de M.L.R., que, no entanto, em sua missiva, voltou a chamar-nos de “inimigo das mulheres”. A cartinha de M. L. R., desta vez foi mais “impetuosa”, mais arrogante, um pouquinho mais “picante”. Porém, sem alguma essência ou base que nos convencesse a pensar de módo d

O doente e o doutor (6 de setembro de 1957)

O Presidente da República, como médico que é, entendeu de curar a encefalite daquilo que éra de mudar-se a Capital do Brasil. Prescreveu o medicamento e fez a sua imediata aplicação. Esqueceu-se entretanto, que “dar tempo ao tempo” tambem é remédio. Não esperou a reação do paciente, não teve muita calma para aguardar o tempo necessário à irradiação da droga e a observação da mesma pelo organismo, para que o doente pudesse apresentar melhorias gradativas. Superlotou o doente de anti-bióticos, excedeu-se na aplicação de anti-tóxicos. Por outro lado, abusou da ministração de alcalóides. O doente principiou a esboçar uma reação. Reação natural, temporária, com muita glicose, terramicina, cálcio, extrato de fígado, cânfora e algumas pitadas de coramina. Aparentemente o doente está reanimando-se dia a dia. Tudo faz crer que se reerguerá em definitivo. A junta médica que se reuniu para acompanhar o caso, não póde dar palpites. O sr. Juscelino é o cirurgião-chefe da referida junta e sua opiniã

Não devemos “dormir de botinas” (5 de setembro de 1957)

Efetivamente, os eleitores marilienses não devem e não podem “dormir de botinas”, no que tange à eleição de um deputado estadual, no mínimo. Temos meios e forças suficientes, para mandar até dois deputados ao Palácio 9 de Julho e possibilidades indiscutíveis de eleger um deputado federal. Tudo depende de nós próprios, de nossas consciências, de nosso amôr por Marília e pela região da Alta Paulista. Outro dia, transcrevemos nesta secção, um artigo assinado por Tabajara Solimões e publicado pelo jornal “A Época”, de vizinha cidade de Pompéia. Transcrevemos o mencionado artigo, por alta recreação, uma vez que apreciamos o seu conteúdo e vimos, não as entrelinhas mas sim o seu inteiro teôr, muitas verdades, que deverão merecer as atenções dos políticos de nossa cidade, e, especialmente, dos diretórios municipais locais. Não encontramos uma única pessoa que conosco conversasse a respeito, que não estivesse de acôrdo com as assertivas do Tabajara Solimões. Devemos até agradecer ao mencionado

Hosana a Dom Hugo (4 de setembro de 1957)

Está em festas hoje a Diocese de Marília. Dom Hugo Bressane de Araújo, Arcebispo-Bispo local, está aniversariando nésta data. Quasi que obrigatoriamente, todos os marilienses participam da efeméride, com imensa satisfação. As datas natalícias das pessoas estimados, são comemoradas condignamente, numa integral comunhão de alegria e louvores aos céus, para que tenham infinda continuidade. O dia de hoje é assim. Dom Hugo tornou-se querido e respeitado em Marília, não só pela importância de seu valor moral de Príncipe da Igreja, como tambem pela magnificência de sua pessoa, sua lhaneza de trato e sua inatingível personalidade. Humilde, apesar de sua grandeza representativa, o ilustre aniversariante não é um obrigacionário da Igreja Católica apenas; é, antes de tudo, uma estrela espiritual que paira sobre os lares da grande família católica de nossa não menos grande cidade. Poucos se deram ao trabalho e cuidado de apreciar o grande sacrifício cotidiano de nosso Bispo Diocesano, as suas enor

Opiniões & Opiniões (3 de setembro de 1957)

Em nosso artigo de sábado, referimo-nos a uma consulta que nos foi endereçada por carta, por um leitor ou leitora que se assinou M. L. R., fizemos um comentário acerca do movimento feminino óra em curso no Rio de Janeiro, visando a igualdade de direitos entre os homens e as mulheres. Voltamos a receber carta de M. L. R.. Desta vez, u’a missiva “enfezada”, fazendo-nos crer ainda mais que as correspodencias referidas sejam de leitora e não de leitor. M. L. R. protesta veementemente com “as brincadeiras de mau gosto” que emitimos no artigo referido. Acontece que não existiram tais brincadeiras de mau gosto, uma vez que tratamos do caso com seriedade. A cartinha, com um misto de delicadeza e de austeridade, apresenta uma “bronca” de tamanho regular. O missivista (ou missivista), tem lá as suas opiniões a respeito do assunto; nós temos as nossas. Perguntamo-nos M. L. R. se existe “algum mal” em as mulheres terem direitos iguais, “como nos países mais adiantados do mundo”. Nenhum, achamos. O