Andar errado por caminho certo (19 de outubro de 1957)

Dentro das mais sinceras e insuspeitas boas intenções, estivemos durante algum tempo, ocupados em “pregar” aos marilienses, acerca da imperiosa e irretorquível necessidade que se nos apresentava, de elegermos, no próximo pleito eleitoral, um legítimo deputado mariliense. Foi um trabalho jornalístico honesto e bem intencionado, que outro desiderato não visou, a não ser o esclarecimento necessário sobre os erros do passado, com a mesm(a)o dispersão de votos do passado. Nenhum lucro, diréto ou indireto objetivamos e nenhum favor prestamos à quem-quer-que seja.

Dissemos, no pretérito, que nos bateriamos acirradamente contra a eventualidade de vir Marília a apresentar, um número ou equivalente ou maior do que dois candidatos à deputação estadual. É pois, chegado o momento déssa contenda, que, no entanto, para decepção de alguns e gáudio de outros, não será levada a efeito. Não pensem que seja covardia ou receio de “abrir fogo” contra o número já notório dos candidatos marilienses; apenas porque acabamos por nos convencer, de que iremos perder tempo e gastar fosfatos inutilmente. Nossos leitores nos perdôem o “pulo para trás”; é que, como estavamos muito bem intencionados, acabamos por nos tornar excessivamente ingênuos. Em todo o caso, o unico que podemos desejar ainda daqueles que nos acompanharam néssa caminhada, é que analisem a questão e os motivos de nossa luta com absoluta imparcialidade.

Como dissemos, procuramos realizar um trabalho honesto, sob todos os ângulos possíveis de imaginar – mesmo por espíritos malévolos.

Se bem que tivessemos recebido algumas manifestações contrárias ao nosso ponto de vista, cérto é que porcentagem de aplausos chegados até nossa redação, esteve equidistantemente superior aos pensamentos adversos. Convencemo-nos agora, que estavamos andando errado por um caminho cérto, embora isso pareça um paradoxo. Confessamo-nos que cometemos mesmo o maior erro de nossa vida profissional, ao aspirarmos a eleição de um legítimo deputado mariliense. Fomos de uma infantilidade à toda prova, quando nos pensamos que Marília, cidade grande, dinâmica, progressista e revolucionaria, tinha e tem capacidade para comportar não três, mas cinco, dez ou quinze candidatos à deputado estadual! Por que, então, estavamos nós pretendendo um número limitado dêsses pretensos deputados? Por que, então, estavamos nós de atalaia, contra aqueles que residindo fóra de nossos pagos, aqui aportam com o objetivo de conquistar votos dos marilienses?

Marilia comporta muitos candidatos. Existem muitos interessados. Que não percam tempo e se candidatem em seguida. Há lugar para muita gente e ainda sobram muitas “beiradas” para os alienígenas. Se somos uma cidade grande sob todos os prismas, por que haveremos de ser pequenos e apresentar tão somente dois candidatos?

Aí estão os motivos de nosso erro; não haviamos pensado nisso.

Extraído do Correio de Marília de 19 de outubro de 1957

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