Discos voadores (4 de outubro de 1957)

Limos “por cima” notícia a respeito de que um cidadão de Santos, por sinal catedrático de direito, teria viajado num veículo interplanetário, conhecido como “disco voador”. Não nos preocupamos com a notícia, uma vez que ainda somos partidários da política de São Tomé a respeito.

Recebemos ha pouco uma carta em que se nos pergunta “o que pensamos a respeito”. Não pensamos nada, porque acreditamos tão grande a fantasia e a mentira, a ponto de nada dar para pensar. No passado, muita gente “viu” os “discos voadores”. Não tivemos nós a felicidade de ver nenhum desses objetos, por mais vontade que tivessemos. Nem siquer tivemos a oportunidade de conversar com alguem, daqui ou de fóra, que realmente tivesse visto os “discos”.

Longe de nós, o insinuarmos de mentiroso o prof. Freitas Guimarães, que diz ter viajado no “disco voador” e ter estabelecido novo encontro, que não aconteceu, apesar da expectativa de milhares de pessoas e de uma legião de reporteres e fotógrafos.

A pessoa que nos dirigiu a carta, tendo-se assinado Luiz Campos Simão, incita-nos a dar nossa opinião sobre o assunto. Verdadeiramente nenhuma opinião temos, porque não acreditamos nisso, enquanto não vermos, “com os olhos da cara”, tais aparelhos. Quando, no passado, a revista “O Cruzeiro”, iniciou uma série de reportagens acerca dos “discos voadores”, vimos, nas mesmas, tantas fantasias e tantas mentiras, tantas infantilidades e tantas incoerências, que julgamos incompatíveis mesmo com a tradição de tal órgão de imprensa. Daí para cá, a já pequena fé que tinhamos acerca da verdade do fato, desapareceu por completo. Até hoje não nos convencemos da existência dos “discos voadores”. Nos cinemas, temos visto filmes a respeito, dos mais fantásticos e absurdos, tão absurdos que chegam a irritar, fazendo-nos pensar que os produtores desse tipo de películas cinematográficas pensam que somos bobos.

É tudo o que podemos pensar a respeito dos chamados “discos voadores”, para a satisfação do leitor que nos escreveu. Nada mais, a não ser o desejo de que um dia um “disco voador” aterrise perto de Marília, com tempo suficiente para que possamos ir até o local. Então, teremos realizado a mais sensacional reportagem de nossa vida jornalística.

Extraído do Correio de Marília de 4 de outubro de 1957

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