Homenagem a um municipalista (3 de novembro de 1957)

No próximo dia 9 de dezembro, serão tributadas sensíveis homenagens póstumas ao grande municipalista que foi Stelio Machado Loureiro.

O municipalista Stelio, um dos precussores da bandeira dos Municípios em todo o Brasil, como todos sabem, foi desditosamente tragado pelas águas do Rio Paraná, nas proximidades do Salto de Urubupugá.

À 9 do mês vindouro, deverão reunir-se no local, prefeitos e vereadores de diversos municípios do Brasil, para render êsse tributo de saudade e homenagem póstuma à memória do saudoso Stelio Machado Loureiro.

Defronte do local do desaparecimento do inditoso municipalista, foi erguida, pelo Prefeito da cidade de Castilho, uma capéla, em cujo local, no dia mencionado será celebrada Missa por intenção da alma daquele grande soldado do municipalismo.

Será u’a homenagem singela, das mais sinceras e reconhecidas. Render um preito de saudade à memória daquele que no passado, deixando em segunda plana as reivindicações das capitais e o conforto do asfalto, para voltar suas vistas aos problemas do interior, focalizando e lutando ardorosamente pelas causas das comunas, é um dever justo dos homens públicos interioranos.

O nome de Stélio Machado Loureiro é hoje uma bandeira, uma força de incentivo para os batalhadores déssa causa, que de um pensamento arrojado no início é hoje uma força viva e patente. Graças aos ideais de homens como Stélio Machado Loureiro, os municípios de hoje em dia estão encontrando seu verdadeiro lugar no conceito das mais diversas e divergentes esferas político-administrativas das capitais. A descentralização, ponto-chave da luta muncipalista, principía já a demonstrar seus verdadeiros frutos e convivências, embora contem todavia com a antecipação de idéias contrárias, que poderiamos tachar de possuidores de carater pejorativo.

Hoje, os homens do interior, principalmente os homens públicos, já possuem melhor identidade quando se acercam dos poderes centrais, tendo facil acesso aos órgãos administrativos e governamentais, onde suas reivindicações e clamores já são ouvidas. No passado, antes da luta municipalista, tais afirmativas éram uma contundente utopia.

Ninguem mais do que nós, os interioranos, é capaz de bem avaliar o trabalho do muncipalismo no Brasil, embora ainda dentro dos propósitos déssa contenda verdadeiramente digna e nobre, possa haver lugar para pequenas explorações demagógicas ou de interesses pessoais e políticos.

Se atentarmos para o lado bom, o lado verdadeiro e intencional da luta municipalista, outra coisa não nos cumpre fazer, a não ser partilhar com carinho e boa vontade, direta ou indiretamente déssa contenda que é, acima de tudo e sob todos os prismas, de exclusivo interesse das comunas brasileiras.

Aí está a razão porque achamos meritória e elogiável a homenagem póstuma que será tributada à memória do saudoso Stélio, no próximo dia 9 de Dezembro.

Marília, que é uma cidade que póde ser chamada “berço do municipalismo”, não poderá permanecer indiferente ao acontecimento mencionado, devendo, por isso mesmo, fazer-se representar ao áto citado, na Ilha Grande, no vindouro 9 de dezembro.

O nome de nossa cidade, mesmo que seja através de um único representante, deverá tambem ser desfraldado junto as bandeiras municipalista dos diversos rincões do Brasil, que, numa única coesão, renderão éssa homenagem póstuma à memória saudosa do grande e intransigente municipalista que foi Stélio Machado Loureiro. Principalmente tendo-se em conta que Stélio Machado Loureiro fôra, no pretérito, agraciado com o título de “Cidadão Mariliense”.

Extraído do Correio de Marília de 3 de novembro de 1957

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