Miscelânea de Notícias (13 de novembro de 1957)

Clamava ainda ontem à tarde, determinado cidadão, queixando-se amargamente do tempo em Marília. “Veja você(“), explicava o homem, (“)se póde existir saúde bôa com um clima tão instável. Faz um calor dos diabos e duma hora para outra, o tempo muda, ventando, fazendo frio, chovendo e voltando o calor repentinamente(“).

Em verdade, o tempo tem estado verdadeiramente “camaleonesco” nos últimos dias. Acontece que todo o ser humano é, por si só, insatisfeito. Se chove, reclama. Se venta, reclama. Se faz frio ou calor, reclama tambem.

Reclamar é um mal de todos nós.

Acontece, que poucos minutos depois, deparavamos um outro cidadão, que mostrava-se infinitamente satisfeito com a chuvazinha da tarde e dos últimos dias. Motivo: o homem possue algumas dezenas de alqueires de terras semeadas de algodão.

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Não resta dúvidas de que no próximo ano funcionará a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília.

Trabalhos insanos vem sendo desenvolvidos pelas autoridades municipais e pela Comissão pró instalação dêsse curso oficial de ensino superior.

Entretanto, bom é que não se verifique nenhum descuido nas providências a respeito, porque o tempo, inexorável, caminha velozmente; 1957 vai se escoando com uma rapidês íncrivel e o mês de Março, para início das atividades da Faculdade, já está batendo às portas.

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Decidiu-se o Sr. Governador a amparar um “pracinha” da F.E.B. de nossa cidade. Trata-se de Augusto Gonzaga Moura, o popularíssimo “Donga”, que vai exercer agora o cargo de motorista na Delegacia Regional de Fazenda local.

É uma medida que deveria ter sido pósta em prática ha muito tempo, uma vez que assiste esse direito expresso em lei, para o amparo aos ex-combatentes. Por sinal, a legislação acerca dêsse assunto, entre nós, quer no âmbito federal, quer no estadual, é bastante vasta.

Pessoas de proeminente expressão política de nossa cidade, à cuja frente figurou o nome do Sr. Prefeito Municipal, empenharam-se no pedido de ha muito.

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Com grande rapidês e em perfeita ordem, os vereadores marilienses aprovaram em segunda discussão, na última quinta(-)feira, a proposta orçamentária para 1958. Foi u’a mostra de compreensão e de grande responsabilidade, mais uma vez demonstrada pelos legisladores da cidade.

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Sem decisão definitiva até o momento, a vergonhosa luta de diversos deputados federais, pela prorrogação de mandatos.

A confiança do público, repousa apenas no bom senso da maioria dos parlamentares, que deverá derrubar a citada imoralidade.

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Morreu a cadelinha russa que se encontrava no “Sputnik II”. Alguem declara que o animal foi sacrificado em pról da ciência. Nós pensamos que não e embôra nada entendendo de ciência e muito menos de veículos interplanetários, sabiamos de antemão, por uma lógica intuitiva muito natural, que o fim da “Laika” éra mesmo “esticar as canelas”.

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Choveu azul. Tão azul, que até manchou roupas brancas que se encontravam nos varáis. As informações dão conta disso, segundo a voz do Herón Dominguez, o “Reporter Esso”, da Rádio Nacional.

Se “ésso” não foi piada...

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Os “discos voadores” continuam aparecendo em diversos pontos do mundo. Em Amparo, segundo nosso companheiro João Jorge, que de lá regressou ontem, os “discos” são vistos por todo o mundo e quasi toda hora.

Será que nós não teremos tambem êsse privilégio?

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A respeito dos pedidos que temos recebido de vários marilienses, para que continuamos a alertar o eleitorado local, acerca de que possamos eleger um deputado por Marília, limitamos a responder como o “Jeca Tatu” do Monteiro Lobota: “Não paga a pena”.

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Após o pleito vindouro e depois de conhecermos o resultado das eleições, voltaremos ao assunto. Isto é, se não conseguirmos eleger ninguém.

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Assim como a cachaça, que é combatida por uns e apreciada por outros, a COMAP parece que está fazendo falta. Está existindo muita exploração por aí, com referência aos preços. Quem duvidar, que se dê ao cuidado de observar.

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Estávamos quasi sem assunto para a crônica de hoje. Sem assunto propriamente, não, porque cada tópico désta “salada” daria uma crônica completa. Acontece que preferimos variar hoje e “matar diversos coelhos com uma só cajadada”.

Extraído do Correio de Marília de 13 de novembro de 1957

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