Ruas, passeios e buracos (23 de novembro de 1957)

Sem nenhum negar, o atual Prefeito Municipal é um administrador de grandes realizações. A construção do Paço Municipal, por si só, recomenda seu govêrno, como um administrador dinâmico e bastante trabalhador. O prolongamento da rede de água e esgoto, a extensão da rede de iluminação, o aumento do calçamento da cidade e os planos de asfaltamento, são, sem sombra de dúvida, elogiáveis atividades do sr. Argolo Ferrão.

Sucede, conforme dissemos em outras ocasiões, que os problemas municipais são complexos variados e diversos. Ao par das grandes realizações, mistér é que se olhe também para pequenas questões, aparentemente fúteis. Os buracos de determinadas ruas, o desnível do calçamento em inúmeros pontos da cidade e os buracos dos passeios públicos, são também assuntos que devem merecer atenções da administração municipal.

Muitas reclamações nos chegam ao conhecimento, acerca de buracos nas ruas da cidade. Ponderamos aos reclamantes, que problemas de maior monta estão ocupando as atenções do Prefeito e que assuntos de pequena importância serão resolvidos em tempo oportuno. Isso temos feito, não em defesa do sr. Prefeito, mas unicamente em consonância com nosso espírito de compreensão. Um cidadão, no entanto, nos desarmou, numa ocasião em que lançamos mão dessa argumentação. Disse-nos que o Prefeito não iria mesmo ter a obrigação de, pessoalmente, estar correndo ruas da cidade, para verificar onde existem buracos, onde a rede de esgoto foi ligada e a terra não foi aplainada, onde os passeios (principalmente os de “petit-pavè”) estão em estado miserável, etc.. Para isso – justificou a pessoa em questão – a Prefeitura dispõe de órgãos auxiliares especializados, com pessoal próprio e responsáveis também.

Refletimos sôbre a argumentação em tela e achamo-lá razoável. De fato, muitas coisas dêsse porte, aparentemente insignificantes, poderiam merecer melhor atenção da Prefeitura, através dos departamentos responsáveis.

As ruas onde não existem calçamento, esgoto ou mesmo guias de sarjeta, apresentam estados contraditórios ao próprio progresso e importância de Marília. Quarteirões há em que pequenos trechos apresentam paralisado o progresso em virtude da falta de conclusão de poucos metros de rede de esgoto.

O pior, no entanto, diz respeito aos passeios esburacados. Em pleno centro da cidade, estamos percebendo trechos que dificultam o próprio trânsito pedestre, tal o abandono em que se encontram certos “pedaços” de passeios. O chamado “petit-pavè”, por exemplo, empregado em maioria nesses serviços, apresenta o inconveniente de desfazer-se facilmente, desde que uma única pedrinha seja deslocada de seu devido lugar. Em pouco, aquela pedrinha dará lugar a uma verdadeira “cratera”, que fica indefinitivamente irreparável, não sabemos se parte de providências da Prefeitura ou por descuido dos proprietários responsáveis pelos imóveis enquadrados nesse caso.

Urgem remendos em diversos passeios da cidade. Para sermos francos, em quase tôdas as ruas ou em tôdas as ruas de Marília.

Extraído do Correio de Marília de 23 de novembro de 1957

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