Estudantes e “bombas” (3 de dezembro de 1957)

Estamos na época em que se desenvolvem os exames anuais escolares. Hoje de incontida ansiedade, de um lado para os estudantes bem intencionados e de outro, para os pais dos alunos. Hora tambem de preocupações para os próprios mestres, que, ao par da neutralidade que norteia seus átos educadores, não deixam tambem, como humanos, de “torcer”, pelo menos intimamente, para que aqueles que corresponderam aos ensinamentos durante o transcorrer do exercício, conquistem a necessária média de aprovação.

Uma coisa temos notado ultimamente, em especial na época de pré-exames escolares: Um despreendido interesse pelos estudos, por parte de muitos alunos. Nos quintais, nas salas, mesmo nas ruas, vê-se à miude, moças e rapazes com livros e cadernos abertos balbuciando teorias e ciências, verdadeiramente distanciados do resto do mundo.

Significa isso, sem negar, um certo descaso pelos próprios estudos, durante o transcurso do ano todo. Representa um aproveitamento apenas relativo das ministrações recebidas e, por outro lado, algumas médias duvidosas nos exames pretéritos.

Estamos vendo, uma maratona louca de estudos, chamados de “recordações”, sempre em cima da hora. A não ser que tenhamos nós sido diferentes dos estudantes de hoje, as coisas, no passado, não foram assim. Nós, pelo menos, por decorrência normal de trabalho de subsistência, jamais procedemos a estudos e “recordações” estafantes e velozes, apressadas, de ultima hora, nas épocas de pré-exames. Isto, pensamos, porque tentamos o aproveitamento das aulas nas devidas ocasiões.

Hoje em dia, quer nos parecer, os diversos cursos de ensino, resumem-se, no pensar da maioria da classe estudantil, exclusivamente no perigo dos exames parciais. Durante o restante do ano letivo, a frequência escolar, para muitos estudantes, têm sido uma coisa exclusivamente mecânica.

Entendemos errado esse pensamento e ação de grande parte do mundo estudantil de nossos dias. Pensamos que o integral aproveitamento das aulas hauridas durante o ano e a menor ausência possivel na frequência das escolas, resulta, para o futuro, em aproveitamento mais sólido para os próprios estudantes. Isto, porque, das maneiras que as coisas estão caminhando, a preocupação de grande parte da mocidade estudantil de hoje, é apenas o “passar de ano”. Nem sempre as “passagens de ano” nas circunstâncias citadas, colocam o formando em condições perfeitamente condizentes com o gráu da cultura recebida! A respeito, existem exemplos incontáveis, por ninguem ignorados.

Por outro lado, é de todo inenarrável, a decepção dos pais, antes as indesejáveis “bombas” sofridas pelos filhos. O aluno chamado “repetente”, tem sempre contra si, por ínfimo que seja, um resquício de indiferentismo e por vezes de escárnio, embora nem sempre manifestados.

A mocidade estudantil mariliense está, em sua maioria, integrada néssa “maratona” de “recordações”. As “bombas” estão devidamente estocadas e aparecerão inevitavelmente. As causas, em nosso entender, não podem ser outras que não as referidas.

Extraído do Correio de Marília de 3 de dezembro de 1957

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