Placas indicativas de ruas (14 de dezembro de 1957)

Nada como dar tempo ao tempo – diz um antigo brocardo.

Não há muito que o fato aconteceu. Uma “firma” invadiu a cidade, alugou salas num edifício local, mobiliou escritórios, contratou espetaculares “brotos” e ludibriou a boa fé da Prefeitura e da Câmara Municipal. Propunha-se instalar na cidade, placas indicativas dos nomes das vias públicas, a exemplo das que existiam em Nova Iorque, Rio, São Paulo etc..

Um comércio, sem dúvida. Acontece que tudo é comércio e desde que o comércio fosse legal, honesto e de resultados concretos, nenhuma oposição poderia surgir. Tudo, de início, correu às mil maravilhas. Os malandros conseguiram levar “no bico” muita gente boa de Marília. Apresentaram-se aos comerciantes e industriais com uma fenomenal bagagem de “referências”, sendo-lhes facil a obtenção de seus desideratos. Muita gente concordou em “colaborar” com a cidade, embelezando vias públicas proporcionando aos forasteiros um serviço indicativo e nominativo das ruas da cidade.

Sucede, que, desde as primeiras colocações, vimos nas placas referidas um serviço rudimentar, frágil, inseguro e de pouca durabilidade. “Levantamos a lebre” da questão. Procuramos chamar as atenções acerca do fato e das inconveniências de sua aplicação. Em certos pormenores, fomos mal compreendidos. Insinuaram mesmo, que encetamos uma campanha desmoralizadora contra a “firma” referida, que, outra coisa não era, senão um covil de malandros. Prova são os prejuizos sem conta que pesam hoje sôbre a gente mariliense.

Gritamos, repetidas vezes. Procuramos alertar o comércio, a indústria e as autoridades marilienses. Apontamos as inconveniências do processo e pusemos em dúvida a idoneidade moral da “firma” referida, apesar das “referências” exibidas na Câmara e na Prefeitura.

Temos agora a confirmação de nossas “brocas”. Para quem quiser ver, inclusive os mais céticos e os que defendiam os “honrados” e “dignos” componentes da citada “firma”. Sem citar as dívidas, os protestos, os cheques sem fundos e as outras demais bandalheiras, já de conhecimento da polícia, referimo-nos apenas ao estado em que se encontram as placas indicativas dos nomes das ruas de Marília. Uma verdadeira lástima. Destruidas, incompletas, pensas, esculhambadas. Tudo, devido a fragilidade inicial apresentada, cujo ponto foi por nós tocado seguidas vezes. Prejuizos para a estética da “urbe”, que apresenta hoje um panorama de desleixo nêsse particular, inédito em todo o mundo.

Estamos satisfeitos. Estamos satisfeitos, porque conseguimos fazer com que o próprio tempo provasse, para os olhos daqueles que nos interpretam mal, que a razão estava conosco.

Nossa agenda de acontecimentos e de nossas lutas tem ainda muito a registrar para o futuro. Por exemplo, a contenda que encetamos pela eleição de um deputado mariliense. Em época futura e oportuna voltaremos ao assunto. Com justificadas razões. Por isso, somos partidários do rifão citado no início desta crônica: Nada como dar tempo ao tempo.

Extraído do Correio de Marília de 14 de dezembro de 1957

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