Conservação de ruas (9 de janeiro de 1958)

Já dissemos outras vezes, que o jornalista ganhava muita idéia em ouvir conversas alheias. Talvêz por isso, de vez enquando, gostamos de sondar o que pensa o público, com o que conseguimos, vez por outra, material substanciado para a continuidade de nossas idéias ou mesmo objeto de idéias novas, relacionadas ou não com algum ponto de vista. Isto é, muitas vezes uma pessoa dizendo que “faz calor”, póde, sem o querer, auxilia-nos, para que opinemos ao público que compre cobertores e artigos de lã agora, com preços mais em conta do que no período inbernoso.

O jornalista torna-se, por força de habito e de profissão, um abelhudo. Dizem por aí que ninguém mais apropriado para meter o nariz na vida alheia do que o profissional de imprensa. o fato é que aquêles que escrevem, sempre lucram alguma coisa em idéias, ouvindo as “broncas”, os “desabados” e as opiniões alheias. Nós somos prodígios em descobrir “técnicos”. É só sair com os ouvidos afiados, captando o que dizem os populares, para sabermos que muita gente seria melhore do que o dr. Argollo se estivesse na Prefeitura ou que muito mariliense na direção técnica do Corinthians, o alvi-negro não teria perdido o campeonato de 57.

Outro dia, aquí mesmo na redação, numa “rodinha”, comentava-se alguma coisa de repercussão alguma coisa de repercussão do artigo escrito pelo (Geraldo) Tassinari (*), acerca das atividades do Prefeito, das ruas e buracos e da água e esgôto. Opiniões surgiram de variados aspectos. Houve os que apoiaram e os que verberaram o mencionado jornalista.

O homem externou um ponto de vista. Disse o que pensa, como um direito que lhe assiste. Para isso, estamos num regime democrático. Pelo menos, é o que dizem por aí.

Por sua vez, Pedro Bruno, refutou as ponderações do Tassinari. Tambem usou seu direito.

Entendemos que de tudo isso, alguma coisa de útil póssa surgir. Se, conforme diz o ditado, “o pior livro sempre tem alguma coisa de bom”, o mesmo poderíamos dizer acercado “do pior artigo”. Referimo-nos, é lógico, aos dois.

Mas, como íamos dizendo, na “rodinha” em que “batíamos papo” aquí na redação, depois de muitas conversas e nenhum café, o velho “senador” Aristides, baseando-se em exemplos de antanho, declarou que se ele fôra Prefeito, o estado de conservação das ruas seria impecável, inédito na Alta Paulista, beneficente e útil, e, sobretudo, barato. Em Dourado, neste Estado, em tempos pretéritos, a Prefeitura lançou em sistema “sui generis” para capinar e conservar as vias públicas – o concurso da criançada escolar. Com alguns tostões diários “per capitã”, uma fiscalização eficiente para medir-se desenvolvimento dos trabalhos em relação à capacidade infantil, ao lado do sentido de esportividade desfrutado pelos pequenos, trouxe a muitas famílias a certeza de que seus filhos não estavam lendo livros imorais, nem vendo filmes de “mocinho”, nem roubando laranjas, nem tomando banhos em rios, nem “pegando” rabeiras de caminhões, e outras coisas mais.

E asseverou “seu”Aristides que a medida foi tão bem recebida pela população , a ponto de muitas crianças, chocarem porque não conseguiram vagas para tais obrigações.

Isso foi em Dourado, no passado. Nós estamos em Marília, no presente. No entanto, isto, como muitas outras coisas, são questões que ouvimos por aí seguidamente e que, como agora, nos proporciona motivo para encher este espaço diário, pelo qual o “seu” Raul nos paga alguns cruzeiros.

Extraído do Correio de Marília de 9 de janeiro de 1958

(Nota dos editores: Geraldo Tassinari foi amigo de Marília e do jornalista José Arnaldo. Morreu em São Paulo na madrugada de 1/8/2004 aos 74 anos. Foi publicitário, jornalista e radialista. Trabalhou na McCann e na própria agência, a Tempo Publicidade, com Ricardo Ramos e Francisco Gracioso. Completou mais de 50 anos de carreira no radio, segundo
www.blubus.com.br)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)