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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Juventude Católica de Marília (28 de fevereiro de 1958)

Estivemos ontem visitando diversas obras e empreendimento da Juventude Católica de Marília, organismo de benemérita assistência social e espiritual, dirigido pelos congregados marianos da Paróquia de São Bento. Percorremos rapidamente a séde da entidade, à Rua Paraiba, 280 e pudemos constatar uma verdadeira revolução de idéias e ações naquêle local. Diversos reparos e ampliações do patrimônio imobiliário estão sendo executados, já quase no período final. O “Ginásio São Bento”, integrante da Juventude Católica de Marília, passou por radical reforma. Está agora o aludido estabelecimento de ensino médio, com sete amplas, magníficas e bem arejadas classes, com a capacidade média de 40 alunos por unidade de sala de aula. No ano passado, frequentaram o citado estabelecimento educacional, 125 alunos e até ontem, quando ali estivemos, verificamos que o número dos interessados matriculados atingia 306, número êsse possivelmente acrescido durante o dia de ontem e que deverá ser aumentado hoje, ú

O dia do município (27 de fevereiro de 1958)

Quatro de abril é o Dia do Município de Marília. Marcará a passagem do 29º aniversário de emancipação municipal da cidade. Cairá tal data, no ano em curso, na Sexta Feira Santa, conforme tivemos a oportunidade de lembrar aos poderes constituidos da cidade, em tempo hábil. Na ocasião, sugerimos até, a possibilidade de estudos, no sentido de que as comemorações aludidas sejam transferidas para o dia 6, domingo. O fato, entretanto, escolhido para a nossa crônica de hoje, não é bem a questão da transferência ou não da data. Isso compete à comissão respectiva que será nomeada pelo prefeito Argolo Ferrão, na qual colaborará, como sempre, a Câmara Municipal. Nosso objetivo à colaborar com os membros da aludida Comissão, lembrando-os de alguns pormenores atinentes ao caso. Por exemplo, a execução da Lei já aprovada pela edilidade e sancionada pela Prefeitura, acêrca do Salão de Belas Artes. Tal caso exige providências imediatas, pois se as ações a respeito forem deixadas para a última hora, tr

Introdução ao Direito Municipalista (26 de fevereiro de 1958)

Regressaram os membros da delegação mariliense, que esteve participando da Noite Municipalista levada a efeito no último sábado, na cidade de Botucatu. Aniz Badra, Coriolano de Carvalho, Edmundo Lopes e Álvaro Simões foram os vereadores de nossa cidade que representaram Marília nêsse rápido conclave. Nós que sempre fomos apaixonados dêsse redentor movimento, movimento que agora toma corpo de tal forma e ações irrefreáveis, procuramos contacto com um dos delegados marilienses. Em virtude dos encontros diários que temos com o rev. Álvaro Simões, êste foi o escolhido para nos prestar alguns esclarecimentos acêrca do desenrolar da citada noitada. Ficamos, em consequência, sabendo a confirmação daquêle mesmo pensamento por nós reiteradas vezes externado: ninguém segurará mais, ninguém deterá mais essa arrancada de reivindicações e defesa das comunas brasileiras. A força municipalista traduz-se agora em realidade, em respeito, em direitos. Ao par de possíveis intromissões de politiqueiros co

Cornélio Pires (25 de fevereiro de 1958)

Perdeu o folclore nacional uma das suas mais legitimas expressões, com o desaparecimento de Cornélio Pires. Poeta, humorista e cantor, foi o pioneiro das pesquisas folclóricas do nosso país, difundindo a vida pitoresca e as passagens cômicas do caboclo interiorano. Conhecemos Cornélio Pires e travamos contacto pela primeira vez com o grande “poeta caipira”, por volta de 1939 e de lá para cá, tornamo-nos fãs de seus trabalhos de apreciação das coisas de nosso caboclo brasileiro, especialmente o “caiçara” paulista, o “arigó”. O que mais se admirou em Cornélio Pires, foi a honestidade de sua poesia ou prosa, a “verve” sadia de seu humorismo real, agradável. Manteve sempre um principio de dignidade dos mais encomiosos, ao abordar a vida do povo interiorano. Soube e foi capaz de explorar o meio ambiente do matuto paulista, com uma sobriedade elogiável, sem deturpar fatos e sem ridicularizar o caboclo. Contou sua vida tal qual como é, sem pejorativismos, sem exageros, sem pornografias. Jamai

Atores para o cinema nacional (22 de fevereiro de 1958)

Acaba o Governador do Estado de aprovar, extenso parecer da Comissão Estadual de Cinema, acêrca da criação de um Curso Intensivo de Atores para o Cinema Nacional. Tal medida destina-se a funcionar “como primeiro passo e experiência, no sentido de uma ação maior futura do Estado, no plano do ensino cinematográfico”. De acôrdo com o plano previamente elaborado, o curso em referência terá a duração de 10 meses consecutivos, devendo iniciar-se já em março vindouro. Constará de aulas teóricas de 40 minutos e práticas de 90 minutos, dividido em 123 aulas de Noções Gerais de Cinema, 134 Aulas Teóricas de Interpretação e 180 práticas, além de 20 conferências de duas horas de duração cada uma. Patrocinará tal modalidade de instrução, o próprio Governo do Estado, por intermédio da Comissão Estadual de Cinema e será realizado em convênio com o Seminário de Cinema do Museu de Arte de São Paulo, entidade dotada de instalações adequadas e apetrechos necessários ao funcionamento do aludido ensinament

Imaginação do passado, realidade do presente (21 de fevereiro de 1958)

Há algumas décadas passadas, a leitura de Júlio Verne era encarada como cética, irreal, maníaca. Os que manuseavam, no pretérito, as obras do famoso escritor, faziam-no descrédulos, mais a título de curiosidade. Quase ninguém estaria em condições de dar crédito às “fantasias” de Verne. As leituras empolgavam, como continuam empolgando ainda hoje. Sòmente que agora, da comparação das idéias e imaginações emitidas no pretérito e das realidades do presente, pode-se concluir que o mestre tinha carradas de razões. Incríveis razões. Existem fatos inexplicáveis dentro do sentido eminentemente psicológico de propulsão das idéias. Por volta de 1930 e pouco, uma firma norte-americana de revistas em quadrinhos, editava um volume dêsse tipo de leitura intitulado “O quadrante amarelo”. Lemos, em criança, o referido volume. Na ocasião, o enredo se nos parecia empolgante, invulgar, inédito. A sua narrativa dava conta de um país atacando parte de um território estranho e em consequência, a eclosão de

Pílulas do Carnaval (20 de fevereiro de 1958)

Decorreram bem, no que tange à disciplina e ordem, os dias dos folguedos carnavalescos em Marília. Afóra algumas “broncas” e alguns “rolos” de importância pequena, motivados por alguns foliões e algumas bebidas, tudo transcorreu à contento. Não ha, ao que parece, nenhum assunto desagradável para ser comentado. –:-: – Esteve excelente e digno de encômios, o policiamento de trânsito de veículos participantes do corso da avenida. Muita ordem, muita harmonia, muita vigilância da Guarda Civil, no cumprimento das medidas preventivas determinadas pelo Dr. Severino Duarte. Parabéns. –:-: – Carnaval de rua, praticamente não existiu. Vimos grande desfile de veículos motorizados, de todos os tipos e marcas. Ausência completa de ranchos, préstitos, blocos e cordões. Nenhuma fantasia custosa, extraordinária. Pouco lança-perfume. Muitas bisnagas com água, éter e até alcool puro. –:-: – Só um carro alegórico, pertencente à Cervejaria Bavária. Só uma escola de samba, do “morro do querosene”. Nem aquel

Plano arrojado que poderá beneficiar Marília (15 de fevereiro de 1958)

Oportuníssimo requerimento apresentou o vereador Álvaro Simões, quinta feira última, na Câmara Municipal. A proposição referida, solicitou a nomeação de uma comissão especial de edís, para, em Bauru, avistar-se com o dr. Antônio Eufrásio Toledo, dirigente do Instituto Toledo de Ensino. Dêsse colóquio, resultará a apresentação da delegação mariliense, em nome da cidade e da sua classe estudantil, de um pedido ao ilustre dirigente educacional, de inclusão do nome de Marília como candidata à uma Faculdade de ensino superior a ser criada e superintendida pela citada organização educacional. Como se sabe, o prof. Antônio Eufrásio Toledo, ostenta, presentemente, a credencial de um valoroso e arrojado soldado da causa do ensino superior no interior paulista. Dedicado exclusivamente à questões educacionais, apresenta em pleno funcionamento, em Bauru, duas importantíssimas Faculdades – de Direito (cuja primeira turma de bacharéis ocorreu no ano findo) e de Educação Física. No ano vigente, funci

Verba para o Aeroporto (14 de fevereiro de 1958)

Acaba o Governador do Estado, de consignar a verba própria para o asfaltamento da pista do aeroporto municipal de Marília. Até aí, nada de mais, poderá parecer. Sucede que existe um pormenor digno de atenções nessa providência. É que, no ano passado, quando o “Diário Oficial” publicou as importâncias que seriam endereçadas à diversos municípios interioranos, para o fim em téla, ficou devidamente expresso que a consignação do “quantum” especificado, para nossa cidade, seria liberado em fevereiro corrente. Tal, de fato, vem acontecer. Em última análise, representa que o sr. Jânio Quadros está cumprindo à risca o que promete, o que não deixa de ser um motivo de agradável certeza nos destinos da atual administração estadual. Principalmente tendo Marília – igualmente como outros centros –, sido vítima, no passado, de uma série interminável de promessas governamentais não cumpridas. Marília reclamava mesmo, há tempo, êsse melhoramento. Sua flotilha de aviões particulares e emprêsas de táxi-a

O Excesso de Arrecadação (13 de fevereiro de 1958)

O pagamento regular das cotas de excesso de arrecadação estadual, devidas e consignadas constitucionalmente aos municípios, representa, sem sombra de dúvidas, um ponto alto no govêrno do sr. Jânio Quadros. Significa, por outro lado, uma consequência inequívoca e traduzida em realidade, nesse rosário das lutas e trabalhos dispendidos pela Associação Paulista de Municípios, em pról das comunas interioranas. O olhar-se com simpatia para o povo do interior, dispensando-lhe atenções e cumprindo fielmente os direitos emanados de preceito legal, representa, antes de mais nada, cabal cumprimento à própria lei. Até o govêrno passado, nêsse e em outros particulares, a gente “da roça” viveu sempre num eterno mar de indiferença governamental. As cidades que conseguiram empreender uma rota de evolução e desenvolvimento geral, tiveram, em sua maioria, tal decorrência à trabalhos e esforços próprios. Hoje, isso não acontece. Nos dias atuais, os próprios órgãos governamentais – auxiliares, técnicos ou

Servidor Emerito (12 de fevereiro de 1958)

Em reconhecimento aos bons serviços prestados em pról do aperfeiçoamento e difusão da ciência contábil, o Governador Jânio Quadros, acaba de conferir, “post mortem”, o título de Servidor Emérito, ao extinto prof. Francisco D’Aurea. O decreto governamental alusivo à consignação dessa justa e merecida honraria, tem o número 30.828 e data de 7 último. O falecido prof. Francisco D’Aurea, foi, sem dúvida, um grande precursor da contabilidade em nosso Estado e no Brasil. Enquanto a maioria daquêles que freqüentaram escolas de comércio, ao saírem dos estabelecimentos educacionais com o pergaminho debaixo do braço jamais procurou se preocupar com o prosseguimento da cultura da ciência contábil, o prof. D’Aurea foi um estudioso apaixonado, infatigável, voluntarioso em seus estudos e difusão. Além da folha de serviços prestada ao próprio ensino no Brasil, dentro do setor de contabilidade e finanças, deixou o ilustre morto uma coletânea de livros didáticos admiráveis e úteis, muitos dos quais ado

150 anos de medicina no Brasil (11 de fevereiro de 1958)

O próximo dia 18, marcará em nosso país, a passagem de um e meio século da fundação do ensino médico no Brasil. Tal processo de educação cientifica, para a formação de médicos brasileiros, foi instituído em 18 de fevereiro de 1808, na Bahia, pelo então Príncipe Regente, D. João VI. Em comemoração à data, serão realizados na Capital da República, dois importantes congressos médicos e históricos. Tais reuniões, serão patrocinadas pelos Instituto Brasileiro da História da Medicina e pela Federação Nacional da História da Medicina. O primeiro congresso denominar-se-á “Pan-Americano da História de Medicina” e o outro, “III Congresso da História da Medicina”. Todas as nações do novo mundo, através dos órgãos competentes da Comissão Organizadora do mencionado programa de realizações, foram convidadas para participar do primeiro conclave, esperando-se a presença das mais representativas autoridades médicas de diversas partes do continente. Historiadores médicos, representantes da ciência de Hi

CTB: dois pesos e duas medidas (8 de fevereiro de 1958)

Nosso escrito de ante-ontem (dia 6/2/1958, ao qual os editores deste blogue não tiveram acesso, seja porque o exemplar em questão sumiu, foi queimado ou destruído por enchente ou alagamento) trouxe-nos inúmeras manifestações de apreço. Significa que o objetivo colimado, em alertar mais ainda os poderes públicos locais, foi atingido. Realmente, somos contrários à aprovação da proposta da CTB aos marilienses. Sendo aversos ao proposto, não representa que seremos impecilho, porque a última palavra será dada pelos componentes da “mesa redonda” de terça feira vindoura, na Associação Comercial. Sob os costados de seus integrantes poderão pesar, tanto as consequências mediadoras que consultem os interesses gerais, como as responsabilidades de erros e seus resultados futuros. Nosso ponto de vista é pessoal, baseado na lógica dos próprios fatos. A Companhia Telefônica Brasileira jóga com dois baralhos – apresenta dois pêsos e duas medidas. Senão, vejamos: No Rio, intenta medida análoga à prete

“Muro de lamentações” (7 de fevereiro de 1958)

Positivamente, as nossas modestas crônicas nos colocam às vezes, em situações de manifestação diréta de desagrado por parte de algumas pessôas, ao passo que, outras ocasiões, fazem chegar até nossa redação, incontáveis referências elogiosas. Felizmente, êste último número tem sido bem maior. No início de nossa vida de rabiscadores da imprensa interiorana, sofremos muitos dissabores e pegamos “muito rabo de foguete”. Certas ocasiões, quase desistimos de chatear os leitores, paralizando nossos maçantes escritos. Depois, passados os momentos de raiva e entusiasmados por um jornalista linense (hoje falecido), prosseguimos na caminhada. Daquele tempo até hoje decorreram já cerca de três lustros (nota dos editores: “período de cinco anos; quinquênio”, segundo verbete publicado na página 800 do Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira de Letras em 2008) . Abrindo um parêntesis, gostamos de referir a “verve” de um cidadão local, que, outro dia, perguntado-nos