Pílulas do Carnaval (20 de fevereiro de 1958)

Decorreram bem, no que tange à disciplina e ordem, os dias dos folguedos carnavalescos em Marília. Afóra algumas “broncas” e alguns “rolos” de importância pequena, motivados por alguns foliões e algumas bebidas, tudo transcorreu à contento. Não ha, ao que parece, nenhum assunto desagradável para ser comentado.

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Esteve excelente e digno de encômios, o policiamento de trânsito de veículos participantes do corso da avenida. Muita ordem, muita harmonia, muita vigilância da Guarda Civil, no cumprimento das medidas preventivas determinadas pelo Dr. Severino Duarte. Parabéns.

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Carnaval de rua, praticamente não existiu. Vimos grande desfile de veículos motorizados, de todos os tipos e marcas. Ausência completa de ranchos, préstitos, blocos e cordões. Nenhuma fantasia custosa, extraordinária. Pouco lança-perfume. Muitas bisnagas com água, éter e até alcool puro.

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Só um carro alegórico, pertencente à Cervejaria Bavária. Só uma escola de samba, do “morro do querosene”. Nem aqueles “grupinhos” improvisados que se verificavam nos anos passados, imitando blocos, circularam.

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Consuelo Castilho, o popular “C.C.”, saiu à rua com sua nova invenção carnavalesca: o “Sputnik” III.

Todos os anos esse folião dá a nota, apresentando uma novidade original. É, a rigor, o unico que colabora com o carnaval de rua, divertindo-se sozinho. Só um defeito: Suas “invenções” são de fazer força e pesadas. O “C.C.” e seus comparsas trabalham p’ra xúxú...

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Disciplina nos bailes e nas “matinées”. Poucas “briguinhas”, que foram facilmente extinguidas. Boa cobertura acêrca dos folguedos carnavalescos, apresentada pelas emissoras da cidade. Ausência de talco.

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Praticamente nenhum excesso por parte de foliões irresponsáveis, uma vez que, conforme dissemos antes, as consequências a respeito foram bastante menores e menos frequentes do que nos anos anteriores.

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Uma brincadeira de mau gosto verificou-se terça feira à noite no Marília Tenis Clube. Um “engraçadinho” espalhou algum pó no salão, provocando espirros sem conta em muita gente. Rapé?

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Boa medida foi tambem posta em prática pelas autoridades policiais. Enquanto se desenvolveram as folias momescas, a policia e a guarda noturna intensificaram a vigilância na zona periférica da cidade, evitando assim desassossego público e garantindo melhor a inviolabilidade dos lares. Nessa situação, um larápio “manjado” foi detido, quando ensaiava um assalto.

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Pequeno foi o número de prisões durante os dias de carnaval. Pequeno, em relação aos anos anteriores. Afóra o ladrão referido, as detenções tiveram motivos a embriagues e pequenas brigas.

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A imprensa e rádio muito trabalharam em suas rondas pela cidade e pelos clubes, objetivando acompanhar todos os acontecimentos do desenrolar dos folguedos carnavalescos. Nesse particular, os órgãos divulgativos tem bastante afinidade com a polícia. Quanto mais o povo se movimento ou diverte, mais eles trabalham.

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Enfim, terminou o carnaval de 1958. Agora, ao trabalho (depois de curada a ressaca, é claro). Vamos pensar em outras coisas.

Extraído do Correio de Marília de 20 de fevereiro de 1958

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