A Fazenda “Santa Helena” (13 de março de 1958)

Através de sua crônica diária, o nosso apreciado colaborador reverendo Álvaro Simões externou ante-ontem, uma idéia magnífica. Focalizou êsse eterno preocupado com as coisas de nosso município, a possibilidade de ser a mencionada gleba, transferida para a municipalidade, para que esta a sub-dívida em pequenas áreas (aproximadamente de cinco alqueires), a fim de ser vendida a longo prazo a lavradores do município.

Excelente a idéia. Se existem planos e mais planos, que jamais chegaram a consumar-se e se se tornou público agora, novo intento de ceder-se a aludida área a imigrantes espanhóis, através de um plano de financiamento do Banco do Brasil, por que, então, não interessar-se o Govêrno Estadual, no sentido de acolher a sugestão óra preconizada pelo reverendo Simões? Poder-se-ia aproveitar o referido plano de financiamento, no sentido de que o próprio município gerisse a questão, retalhando a área citada e vendendo-a a pequenos lavradores. Em síntese, o município não iria comerciar a respeito. Iria assumir apenas um compromisso de financiamento, que seria amortizado com o produto das vendas da gleba, dentro de igual prazo.

Seria, conforme asseverou o vice-presidente da Câmara Municipal, um verdadeiro e revolucionário plano de reforma agrária, guardadas as necessárias proporções. E teria a seu favor o sentido eminentemente insofismável de servir os pequenos agricultores, ao lado de representar o aproveitamento dessa gleba ora em completo abandono, apesar das lutas e da celêuma que em torno da mesma se criou.

A região tôda, não só o município de Marília, lucraria com isso. Uma grande área, hoje árida, seria transformada, com seu aproveitamento e policultura. Maior seria a produção agrícola da balança municipal e muitos benefícios seriam prestados, junta e condignamente a algumas dezenas de famílias de trabalhadores, especialmente aquelas que acalentam, como um sonho, o ideal de possuir um pedaço de terra própria, para ali viver, plantando e produzindo.

As autoridades municipais, especialmente o sr. Prefeito, deverão estudar a sugestão felicíssima do reverendo Simões. E estudando e acolhendo a mesma, por certo irão tomar medidas e providências no sentido de procurar o sr. Jânio Quadros, expondo ao Governador a revolucionaria idéia. Merece atenções especiais o fato em apreço. Marília, que sempre primou pela magnificência de bons exemplos, deverá prestigiar êsse ideal. Seria uma verdadeira vitória de relação municipalista.

O cunho da idéia é dos mais patrióticos possíveis. Sua efetivação, pensamos, mais prática e fácil do que os planos anteriores, que deram panos para manga, criaram casos, comprometeram estudos e nada resolveram de positivo.

Por outro lado, o próprio presidente da Associação Paulista de Municípios, que com tanto carinho e interêsse tem acompanhado as demarches a respeito da ex-Fazenda “Revoredo”, temos a certeza, irá também dispensar ao fato as suas costumeiras atenções. A A. P. M. deverá também entrar nessa luta, que é nobre, digna, patriótica, e, acima de tudo, bem mariliense.

Secundando a idéia do reverendo Álvaro Simões, aquí fica também nossa lembrança aos poderes constituidos responsáveis pelas coisas de nosso município.

Extraído do Correio de Marília de 13 de março de 1958

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