A Imigração Japonesa (4 de março de 1958)

Dissemos certa vez, que o braço estrangeiro entre nós, tem sido poderosa alavanca do progresso nacional. E não há segrêdo nisso. Realmente, o dinamismo brasileiro, especialmente no sul do país, em tôdas as esferas e principalmente na policultura, muito deve à operosidade do imigrante do Velho Mundo.

Sem menosprezo a nenhuma nação, pode-se dizer que os japoneses representam uma das mais úteis raças de imigrantes que o Brasil possui. Gente ordeira, operosa e pacata, prima pelo trabalho profícuo e pelo acatamento às leis brasileiras.

Souberam os japoneses, corresponder à hospitalidade recebida dos brasileiros e hoje se encontram perfeitamente integrados dentro da comunidade nacional, constituindo, juntamente com os povos de outros países, a grande família brasileira.

A raça nipônica – e hoje a “nissei” – é digna e merecedora de nossas simpatias – Benefícios sem conta trouxeram ao país, notadamente no setor econômico.

O próximo dia 18 de junho, assinalará o transcurso do cinquentenário da imigração japonesa em nosso país. A própria colônia, ramificada em diversos pontos do Estado, irá comemorar condignamente êsse acontecimento. A orientação geral dessas festividades partirá de São Paulo e será da responsabilidade do dr. Kioshi Yamamoto.

Marília sediará uma Comissão Regional, sob a presidência do esforçado sr. Yoshikaru Takitani. Como vice-presidentes, funcionam os srs. Akira Nagasse e José Yamashita, sendo que fazem parte ainda dessa comissão, os srs. Masao Sato, Hioshi Ihara e M. Hashimoto. Vários departamentos foram criados, para atender diversas exigências do vasto programa elaborado.

Em São Paulo, a Comissão Central, deixará indelevelmente escrita na própria história da gratidão da grande classe nipônica, a aludida efeméride. Construirá a colônia, nessa oportunidade, dois importantes pavilhões de assistência social – um no Hospital de Franco da Rocha e outro em Campos do Jordão.

Em Marília, os japoneses pretendem também perpetuar a passagem referida, ofertando ao município, uma belíssima “fonte luminosa”, que será construida no pátio fronteiriço ao novo Paço Municipal. Por outro lado, construirão no Cemitério Municipal, um Obelisco que demarcará ao acontecimento, ao par de render um tributo de gratidão aos imigrantes nipônicos já falecidos.

As solenidades, de cunho cultural, social e esportivos, terão a duração de vários dias.

Os govêrnos federal e estadual já deram seu beneplácito, oficializando as solenidades de 18 de junho. De nossa parte, a Prefeitura, órgão executivo que é, se porá, prazeirosamente, ao lado dos que programam os atos solenes.

Soubemos que o govêrno brasileiro, através do Itamaratí, convidou o príncipe Nikassa, irmão do imperador do Japão, considerado o mais democrata dos membros da realeza, sendo catedrático de história da civilização da Universidade de Tóquio, para, na época, visitar o Brasil, considerando-se provável a sua vinda a Marília.

Para as competições de beisebol, por exemplo, são previstas a presença das equipes da Universidade de Colúmbia (Estados Unidos) e da Universidade de Waseda (Tóquio). Haverá desfile de tratores, externando a pujança de nossa agricultura.

Extraído do Correio de Marília de 4 de março de 1958

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