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Mostrando postagens de abril, 2010

O homem, a ciência e Deus (25 de abril de 1958)

Participávamos um dia dêstes, de uma conversa entre dois amigos. Palestra casual, da qual os assuntos vêm fluentemente à tona, mudando de rótas diferentes. De um para outro ponto, acabou por ser abordado um motivo que um dos companheiros ouvira, através de um programa radiofônico, transmitido pela B. B. C. de Londres, em língua portuguesa. O noticiário referido, dava conhecimento de que, cientistas ingleses teriam inventado um “corpo humano artificial”, tão perfeito que apresentava condições de reprodução! O assunto suscitou controvérsias, como seria de esperar. Dúvidas mesmo e incredulidade. Se verdadeira a notícia, significa um atrevimento da ciência, incapaz que foi até agora, de descobrir “quem nasceu primeiro – o ovo ou a galinha?”. Ora, a ciência dos homens é incapaz de explicar do que é feito um simples grão de areia, qual a composição exata de um grão de arroz e como o mesmo é em sua essência, produzido. São mistérios da Natureza que provam a existência de Deus, o sábio dos sáb

Já temos quatro candidatos (24 de abril de 1958)

Sabem os leitores que de há muito vimos nos batendo, para que Marília não apresente mais do que dois candidatos a cada posto eleitoral, para o próximo pleito de outubro. Não porque não tenhamos gente capaz de bem representar nossa cidade, mas porque, simplesmente, vemos num número elástico de candidatos, as possibilidades menores de Marília via a alcançar os seus objetivos, de eleger um representante legitimo. Temos já quatro candidatos oficiais – dois ao Palácio 9 de Julho e igual número ao Palácio Tiradentes. Fernando Mauro e Guimarães Toni, concorrerão à Assembléia Legislativa e Aniz Badra e Hélio Scarabótolo à Câmara Federal. É bom que os demais partidos, especialmente os que ainda não definiram e nem tomaram posição real frente à situação em apreço, se compenetrem de que poderão prestar inequívocos e valiosos préstimos a causa em tela, se cerrarem fileiras em torno dos nomes já existentes, evitando-se, assim, a apresentação de novos nomes. Se isto acontecer, diminuirão as possibil

“Fãs-clubes” de artistas (19 de abril de 1958)

Positivamente, não conseguimos ainda saber as finalidades ou vantagens dos chamados “Fãs-Clubes” de determinados artistas nacionais. Só sabemos, de acôrdo com o que noticia a imprensa, que éssas “maravilhas” são, antes de tudo, um amontoado de desocupados, fanáticos ou “boas vidas”. Mais uma prova disso, poderá ser constatada, pela leitura de um telegrama, oriundo do Rio de Janeiro, transmitido pela “Meridional”. Eis o seu texto: - “Dezenas de moças integrantes do Fã Clube de Cauby Peixoto (vulgarmente conhecidas como “macacas de auditório”) ameaçaram, ontem, interromper o transito na Avenida Rio Branco, próximo da Praça Mauá, quando, após acompanhar ruidosamente o cantor, a pé, postaram-se na porta de um edifício, aos gritos de “Cauby, Cauby, Cauby”, enquanto do alto do predio centenas de pessoas jogavam nas “macacas” copos de agua e papel. “Envolvidas pelos curiosos que entraram a vaiá-las, as fãs de Cauby revidaram com bofetões atirados a esmo nos transeuntes, culminando a arruaça c

Seleção nacional de “foot ball” (18 de abril de 1958)

“Mens sana in corpore sano” – lema latino citado e invocado como o paradigma de nosso desporto, em suas diversas modalidades. Realmente, o esporte é necessário ao corpo, como o pão é indispensável ao organismo e a oração imprescindível à alma. Sucede, porém, que entre nós e mesmo entre a maioria dos países “civilizados”, o futebol profissional deixou de lado o sentido intrínsico da desportividade, para tornar-se um comércio dos mais vergonhosos, regra geral. Uma alavanca indiscutível de safadezas e mesmo de inflação. No Brasil, um bom “cartaz” de futebol ganha mais do que possa ganhar (honestamente) o próprio Presidente da República ou um Ministro de Estado. Mais do que um diplomata, detentor de curso universitário e concluinte do dificil “Curso Rio Branco”. Ser ou não analfabeto ou semi, não importa. O que é necessário, no Brasil, é que se saiba jogar futebol. Inda, se o futebol em si, enquadrasse irrepreensivelmente os princípios da honestidade esportiva em todos os sentidos, vá lá.

Construir & Destruir (17 de abril de 1958)

Certa feita, fomos censurados, porque utilizamos de um recurso próprio do jornalismo: dissemos que não tínhamos assunto para uma crônica e com a negativa previamente confessada, terminamos por escrever nosso habitual comentário. Usamos alguma coisa de filosofia, sem nenhum sofisma – mesmo porque o caboclo não sabe sofismar, como não sabe fingir, nem bajular. Hoje, somos forçados a empregar o mesmo método, isto é, escrever alguma coisa para plenar o espaço que nos é reservado, filosofando (sem sofismar), sôbre uma única frase. Ouvimos, sem participar da conversa, uma pessoa dizer à outra, referindo-se a um cidadão muito conhecido em Marília: “Admiro fulano, porque êle sempre procura construir e jamais destruir em Marília”. O assunto nos deu a pensar, principalmente à nós, que temos a pessoa penhorada na expressão supra, como um grande amigo, dos mais comuns e sinceros. Apesar de conhecê-lo, de com êle privar quase cotidianamente, não tínhamos até então, acurado o raciocínio numa análise

Preços dos Medicamentos (12 de abril de 1958)

Alguns órgãos da imprensa paulistana, divulgaram recentemente a grande elevação de preços sofrida nos medicamentos de origem nacional. A notícia a respeito, teve um tiquinho de “descoberta”, quando, na realidade, foi bastante extemporânea. A alta nos preços dos medicamentos não se verificou recentemente e sim vem sendo efetivada gradativa e intermitentemente. Difícil é o produto farmacêutico, hoje em dia e de há muito tempo, que consegue manter-se durante trinta dias consecutivos dentro da mesma cotação. Aquêles que são pais de família e que andam às voltas com médicos e farmácias sabem perfeitamente disso. Sinceramente, quase não existe um medicamento – desde os mais raros até os mais comuns – que não “suba” semanalmente. Parece até exagero de nossa parte essa afirmativa, mas não o é. Nós mesmos, desta coluna, já abordamos a questão. Nessas “broncas” não vão insinuações contra os revendedores das farmacias locais, pois êstes nada mais são do que instrumentos involuntários dos laborató

O drama nordestino (11 de abril de 1958)

Relato-nos a imprensa o drama punjente dos nordestinos, cuja vasta região foi grandemente assolada pela sêca, criando um caos moral dos mais lamentáveis em nosso país. Cenas dramáticas, foram delineadas pelos repórteres especializados, documentando os fatos tristíssimos. Foram anunciadas diversas providências, mas parece que mais rapidamente foram postas em prática dizem respeito à iniciativa privada, como sempre acontece no Brasil, uma vez que as medidas de caráter oficial cavalgam sempre a passo de tartaruga. Acontecimentos dos mais inéditos foram verificados em diversos arraiais e cidades. Assaltos de fome e de desespero, que não pouparam nem mesmo delegacias de polícia ou prefeituras municipais. O fato, em que pese o seu lado doloroso, é mais um exemplo a vir juntar-se ao grande rosário de necessidades governamentais do Brasil Gigante. Abertura de açudes e estradas, no nordeste, reclamam ações do Govêrno Federal, sem demagogias e sem organizações de “comissões de estudos”. As popul

União Eleitoral Mariliense (10 de abril de 1958)

De acôrdo com o que noticiamos, realizou-se segunda feira última, na Sociedade Luso-Brasileira, a reunião preliminar de um grupo de pessoas de nossa cidade, ocasião em que foi fundada a União Eleitoral Mariliense. O referido movimento, sem nenhuma côr política, religiosa, social ou filosófica, apresentará um único e distinto objetivo: batalhar entre o eleitorado local, de maneira democrática e pacifica, para esclarecer convenientemente ao público em geral, da necessidade de cerrarmos fileiras em torno de nomes de candidatos marilienses. A União, conforme nos foi dado presenciar, através de sua primeira assembléia, saberá respeitar os direitos dos demais candidatos de fóra, sem nenhum motivo de hostilizacao ou desprestígio. Entretanto, alertará o eleitorado local, das conveniências e necessidades que Marília apresenta, em eleger, desta vez, seus legítimos representantes parlamentares. Efetivamente, dispõe Marília de colegiado eleitoral suficiente para tal empreendimento; por outro lado,

Um comércio pouco louvável (9 de abril de 1958)

Não há negar que nos dias atuais o mundo infantil é bem mais orientado, seguro e encaminhado para o futuro do que nos tempos idos. É um sinal dos tempos, uma evolução natural de vez que no passado, conforme nos contam nossos avós e conforme muitos de nós tivemos experiências próprias faltavam às crianças uma orientação diretiva mais sólida, mas esclarecedora. Hoje as crianças recebem noções do caminho a seguir. São instruidas, são melhor e mais facilmente educadas. Entretanto, nem tudo ainda está feito. Muita coisa existe para completar. Verdade é que nossas autoridades e mesmo os pais de família e os mestres escolares, não descuidam hoje, como no pretérito, daquêles que serão os homens de amanhã. No entanto, como tudo evolui, como tudo se expande e cresce espiralmente, também a mentalidade infanto-juvenil de nossos dias, apresenta maiores expansões e mais Franca elasticidade de idéias do que nos tempos idos. Portanto, proporcionalmente, o problema continua a existir. Em Marília, bem c

Hosanas a Marília (4 de abril de 1958)

Nêste 4 de abril, data magna da emancipação municipal de nossa grande e querida cidade, aqui estamos também, para exteriorizar nossa alegria pelo ensejo do transcurso. Estamos em festa e participamos dos acontecimentos que hoje se desenrolarão em todos os pontos da cidade, com a alegria incontida de todos os marilienses – autênticos ou genuínos –, de tôdas as que pulsam de amor por estas plagas acolhedoras, esta colméia de labor insano e profícuo, esta célula de dinamismo e arrojo, dentro do Estado líder da Federação. Vinte e oito anos de emancipação administrativa, completa hoje nossa cidade. Pouco mais de um quarto de século e menos de trinta anos de vida municipal. Tempo relativamente curto, frente ao vulto de realizações do povo mariliense, coeso com suas autoridades, ombreado num só desiderato: engrandecer a Capital da Alta Paulista. Justifica-se, perfeitamente, o nosso bairrismo, como fenômeno natural de todo sêr humano. Esta cidade, que escolhemos para nosso lar e que é o berço

Sexta Feira Santa (3 de abril de 1958)

Hoje, Endoenças, data que precede o grande Dia da Paixão de Nosso Senhor Jesús Cristo, é um dia de respeito profundo e recolhimento interior dos mais elevados. Amanhã, Sexta Feira Santa, marcará a data maior da cristandade, dia inteiramente devotado à lembrança Daquêle que morreu na cruz para nos salvar. Haverá uma pausa de natural respeito em todos os pontos das atividades humanas. Um respeito obrigatório, consciente, leal. A santidade do majestoso dia de amanhã assim o exige. A importância da data, no Calendário de Cristo, obriga a essa reverência meticulosa e sincera, profundamente meditativa. Seu significado é por demais grandioso, rememorando a Paixão e Morte do Filho de Deus, que se fez homem para salvar a humanidade. Vilipendiado, sacrificado, surrado, lancetado e pregado com cravos desumanamente na cruz, Jesus Cristo não teve para com seus algozes nenhuma palavra de desaprovação, de censura, de hostilização. Humildemente, limitou-se a dizer: “Pai, perdoai-lhes, porque êles não

O P.S.P. dá o exemplo (2 de abril de 1958)

Estivemos segunda feira última, em missão exclusivamente jornalística e convidados que fomos pelo sr. Otávio Barreto Prado, na séde do Partido Social Progressista. Fomos apreciar os trabalhos de reestruturação do Diretório Municipal. A Mesa foi presidida pelo delegado da legenda, dr. Adhemar de Toledo e foi reeleito para o comando social-progressista em nossa cidade, o popular Tatá, à quem, nesta oportunidade, apresentamos congratulações. O que mais nos encantou naquela reunião, foi a atitude digna de louvores, dos pessepistas locais: Explicou o sr. Otávio Barreto Prado, que, não tendo o P. S. P. um candidato próprio de Marília, para concorrer ao posto de deputado estadual, uma vez que o dr. Adhemar de Toledo, candidato nato do partido, não iria disputar as próximas eleições, o P. S. P. achava por bem tomar a decisão de apoiar outro candidato, mesmo de outra legenda, desde que fôsse mariliense. Esclareceu o popular Tatá a decisão, dizendo que nenhum desrespeito significaria à sua legen

Bôas Notícias... (1 de abril de 1958)

Positivamente, hoje é um dia em que compilamos uma série de boas notícias para nossos leitores. Do compêndio e da seleção que conseguimos realizar, aqui estão as boas novas: --:-- Em conversa telefônica ontem com o deputado Luciano Nogueira Filho, procuramos nos inteirar “em que pé” andam as providências acêrca do projeto de lei 111, de sua autoria, visando conceder verba de 8 milhões de cruzeiros para a construção de passagem de nível sôbre os trilhos da Paulista, na Rua 9 de Julho. Conversamos cêrca de meia hora com o ilustre deputado, ficando sabendo de que as Comissões Especiais da Assembléia já deram pareceres favoráveis ao projeto e que existe trabalho harmonioso para a aprovação da mencionada proposição. Por outro lado, informou-nos o deputado Luciano Nogueira Filho, da existência de u’a emenda da Comissão de Finanças, elevando de 8 para 13 milhões o “quantum” da verba respectiva, visando assim, a construção de “escadas rolantes” laterais, para pedestres. A firma interessada “Sh