União Eleitoral Mariliense (10 de abril de 1958)

De acôrdo com o que noticiamos, realizou-se segunda feira última, na Sociedade Luso-Brasileira, a reunião preliminar de um grupo de pessoas de nossa cidade, ocasião em que foi fundada a União Eleitoral Mariliense.

O referido movimento, sem nenhuma côr política, religiosa, social ou filosófica, apresentará um único e distinto objetivo: batalhar entre o eleitorado local, de maneira democrática e pacifica, para esclarecer convenientemente ao público em geral, da necessidade de cerrarmos fileiras em torno de nomes de candidatos marilienses.

A União, conforme nos foi dado presenciar, através de sua primeira assembléia, saberá respeitar os direitos dos demais candidatos de fóra, sem nenhum motivo de hostilizacao ou desprestígio. Entretanto, alertará o eleitorado local, das conveniências e necessidades que Marília apresenta, em eleger, desta vez, seus legítimos representantes parlamentares.

Efetivamente, dispõe Marília de colegiado eleitoral suficiente para tal empreendimento; por outro lado, conta com nomes dignos e honrados para a desincumbência dessas funções. Se, no passado, não tivemos a efetivação dessa aspiração, que representa também uma das antigas lutas do autor destas linhas, atribuímos como motivo responsável do fato, a dispersão de votos e a consignação de sufrágios em torno de candidatos alienígenas, principalmente em prol daquêles que só lembram da existência de Marília e dos marilienses, em vésperas de eleições.

Convencemo-nos, portanto, de que os primeiros frutos da campanha em que modestamente vimos participando há muito, principiam a surgir. Primeiro, o P. S. P. local, que, conforme dissemos, teve uma atitude das mais elogiáveis, decidindo, em reunião (apesar das tentativas de torpedeamento de dois pessepistas), que emprestaria apôio a um candidato da terra, uma vez que o candidato nato do partido, dr. Adhemar de Toledo, não iria concorrer ao pleito. Posteriormente, o P. R. P., que não deixa também de ter seu colegiado eleitoral local, declarou, através da palavra de seu presidente, que não concorreria com candidato próprio no dia 5 de outubro. Embora não tivesse externado a firmeza de apoiar um candidato de Marília, é de esperar-se que o partido do sr. Plínio Salgado, em Marília, cerre fileiras em tôrno de um nome de nossa cidade.

Depois, a U. D. N.. O próprio Prefeito, simpatizando com o movimento óra referido, retirou sua candidatura a deputado federal, para prestigiar o nome já lançado, do dr. Aniz Badra. Igualmente, o sr. Leonel Pinto Pereira declinou de sua inscrição, com o objetivo de que concorresse, pela legenda udenista, ao Palácio 9 de Julho, o candidato nato da “eterna vigilância”, dr. Guimarães Toni. Não se pode negar, a existência de boa vontade inicial por parte dos próprios partidos locais. Tudo faz crêr que êste ano conseguirá Marília, justamente, eleger seus lídimos advogados parlamentares. Depende do não truncamento dos entendimentos e propósitos já delineados e – principalmente –, do próprio povo mariliense.

Araçatuba, vibrante cidade da Alta Noroeste, deu um grande exemplo nesse sentido, reunindo na Câmara todos os próceres políticos, para a escolha de um candidato único. No passado, Birigui, Ibitinga, Santa Cruz do Rio Pardo e outros centros, alguns de menor expressão política do que Marília, conseguiram eleger representantes, porque souberam unir-se. Por que, nós, não poderemos fazer o mesmo?

A União Eleitoral Mariliense está fadada a obter inteiro êxito. Seus integrantes são pessoas idôneas, antigas de Marília, insuspeitas e apolíticas, o que é uma inequívoca garantia de bons e patrióticos propósitos.

Cumpre ao povo acercar-se dêsse movimento e compenetrar-se devidamente de suas nobres e bem marilienses finalidades.

Extraído do Correio de Marília de 10 de abril de 1958

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)