Desfazendo dúvidas (9 de maio de 1958)

Êste esclarecimento, embora sem endereço certo e quase desnecessário para a maioria dos marilienses, e, em especial, para nossos leitores, tem a sua razão de ser.

Um leitor do “Correio”, abordou-nos ontem na Avenida, para indagar-nos se na série de artigos que vimos escrevendo, acêrca da necessidade da eleição de um candidato de Marília, no próximo pleito eleitoral, consubstancia-se a opinião do jornal, em todos os sentidos.

Absolutamente.

Os escritos subordinados aos epígrafes diários desta coluna, são, como sempre foram, de responsabilidade total de seu autor. O jornal, pela sua direção e tradicional linha de conduta, sem vínculos ou compromissos políticos à qualquer facção partidária, é, antes e acima de tudo, um órgão de imprensa – livre, democrática e independente, graças a Deus.

Como um órgão de divulgação perfe(i)tamente legalizado e sem laços idealistas – no setor político-partidário –, acolhe em suas colunas idéias de variados prismas; têm os braços e portas abertas para todos. Como veículo publicitário, dá guarida à publicidade em geral. Esta a razão que nosso interpelante pergunta-nos se “fazendo campanha de candidatos locais, não estaríamos combatendo sistematicamente os candidatos de fóra”. Os pontos de vista da coluna “De Antena e Binóculo”, embora possa representar o jornal, não são o espelho fiél do pensamento da direção do órgão. Tanto assim, que o jornal aceita e divulga propaganda política de qualquer candidato, de Marília ou não, como qualquer órgão de imprensa e rádio. Aí entra a parte comercial, sustentáculo da imprensa – mesmo porque assinaturas anuais não chegam a pagar sequer o papel das edições normais.

Ademais, a campanha empreendida por esta secção, é mais de esclarecimento e apêlo públicos. Jamais combatemos os direitos dos candidatos de outras plagas (e nossos escritos estão aí, para corroborar a afirmativa), direitos êsses outorgados pela própria Constituição Federal. Pelo contrário, sempre respeitamos êsses direitos, ao utilizarmos os nossos próprios.

O que combatemos (e combateremos, não tenham dúvidas), são os trabalhos desenvolvidos por marilienses aqui radicados, que, como “cabos eleitorais” remunerados sob qualquer forma, dedicam-se a cabalar botos para candidatos estranhos.

É um ponto de vista pessoal – irredutível, diga-se de passagem – que nada tem a ver com o andamento da parte comercial e publicitária do jornal, não impedindo, em absoluto – e nem representando nenhum contra-senso – a aceitação de propaganda política de quem-quer-que seja, conforme vem acontecendo.

É fácil compreender o referido, que é decorrencia natural da vida de qualquer jornal (ou rádio-emissora, para reforçar a afirmativa).

A campanha subordinada a coluna presente, conforme já dissemos inúmeras vezes, é de integral responsabilidade de seu autor. E, cá p’ra nós, já é bem velhinha.

No passado a mesma existiu, sem que isto tivesse sido motivo do jornal divulgar publicidade de diversos candidatos. Pelo contrário, muitos candidatos fizeram questão cerrada de preferir nosso jornal, em decorrência do espírito democrático de sua orientação e preferência pública.

Ademais, a campanha désta coluna não impéde, não cerceia, não coage. Nós próprios já cançamos de repetir que o vóto é livre e cada qual tem o direito de fazer dele o uso que entender. Procuramos, apenas, alertar a consciência daqueles que reputamos como bons marilienses. E, repetimos, combatemos os que mercantilizem votos.

Extraído do Correio de Marília de 9 de maio de 1958

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