Marília, políticos e candidatos (8 de maio de 1958)

Sabem todos os nossos leitores, que, de ha muito, vimos nos preocupando honestamente, com respeito a eleição de candidatos marilienses no pleito de outubro.

Igualmente, ninguem deve ignorar, que essa contenda nenhum outro sentido ou interesse representa de nossa parte, que não o desejo de vermos Marília perder de uma vez por todas, a sua indesejável e abjeta condição de órfã permanente nas Casas Legislativas do Estado e Federação.

E nós podemos apregoar essa luta, por duas razões primordiais: primeira, porque amamos a cidade e seu laborioso povo, em cujo meio sempre encontramos incentivo, crédito moral e amistoso, além de estima e respeito comuns, fatores preliminares para a cativação de qualquer cidadão bem intencionado e que busca meios para ganhar seu pão honestamente. Segunda, porque somos intrinsicamente apolíticos, não temos compromissos para com ninguém (politicamente falando) e tãopouco pretendemos favores políticos ou aspiramos nomeações de cargos públicos para algum parente ou amigo.

Isto posto, melhor nos encontramos para comentar a questão de que o eleitorado mariliense tem a necessidade inadiável de ser honesto consigo mesmo, com a cidade e seu grande povo.

Desprezar nomes da terra, capazes, honrados, honestos e de atitudes irrepreensíveis como políticos e como marilienses –, é cometer ingratidão aos destinos futuros de Marília.

Carrear votos para candidatos alienígenas, embora insuspeitos, capazes e provavelmente bem intencionados, representará um trabalho flagrantemente contrário aos nossos próprios interesses.

Cabalar votos para candidatos de fóra, fazendo trabalhos de “cabo eleitoral” de gentes de outras paragens, à troca de dinheiro, conviniências pessoais ou promessas de empregos públicos, significa atitude passível de repúdio, denotando, antes e acima de tudo, falta absoluta daquilo que se chama amor por Marília.

Não titubearemos em apontar, publicamente, como igualmente fará a União Eleitoral Mariliense, os nomes dos políticos locais que se valerem dêsse expediente de estômago, bolso ou conviniências pessoais.

A propósito, registramos a incoerência de dois conhecidos políticos locais, com assento à Câmara Municipal. De ha bastante tempo, vem os mesmos nos procurando seguidamente, elogiando “de corpo presente” nossa campanha e incentivando-nos a continuar na caminhada.

Pois não é que êsses dois vereadores, de uns dias para cá, principiaram a pôr “as manguinhas de fóra”, trabalhando pouco veladamente para candidatos alienígenas?

Muita gente, sabemos, já está de posse de material de propaganda política de candidatos de fóra, material êsse, que, certamente, deve ter sido acompanhado de outro “material”. Sonante, bem entendido.

Mas, voltando ao caso dêsses dois políticos, cumpre-nos dizer que os mesmos ocuparam seguidas vezes a tribuna da Câmara, bradando (e as vezes alteadamente), da necessidade mariliense de eleger seus próprios candidatos. Para nós, isso prova dupla personalidade, ou, no dizer vulgar do “zé povinho”, “duas caras”: Uma para a Câmara e outra – a verdadeira –, a do “Ego”, de conviniencias e apetites pessoais.

É realmente lamentável, mas é verdade.

Porisso repetimos sempre: O povo deve atentar para êsses fatos, não deve deixar-se arrastar pelo engodo eleitoreiro dos candidatos de fóra, deve repudiar os maus marilienses que mercadeiam a consciência, trabalhando contra os interesses de Marília e dos marilienses, como “cabos eleitorais”, servos remunerados de “doutores promessas” de outras plagas.

Temos em Marília, quatro candidatos, que reputamos enquadrados na condição de “candidatos marilienses”: Hélio Scarabotôlo e Aniz Badra, para a Câmara Federal; Guimarães Toni e Fernando Mauro para a Assembléia Estadual.

O resto é...

Extraído do Correio de Marília de 8 de maio de 1958

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