O Novo Paço Municipal (20 de maio de 1958)

Não estamos aquí para fazer defesas do prefeito, do engenheiro Badra ou da Câmara, na questão da celêuma levantada na última reunião da edilidade mariliense.

Igualmente, nem para condenar a atitude de quem-quer-que seja, no atinente aos “panos para manga” alí surgidos.

Abordamos, dentro de nosso critério e imparcialidade, os pontos dêsse motivo, sem que isto póssa desprestigiar poderes ou reforçar direitos. Simplesmente como trabalho jornalístico rotineiro.

Vemos que ainda existe contra-senso em Marília. Incoerências, mesmo.

Os marilienses muito se orgulharam do novo prédio e suas magníficas linhas arquitetônicas, pelo aspecto inédito que apresenta aos olhos do mundo, como um dos mais completos e perfeitos do interior. Jornalistas paulistanos aquí estiveram, colocando em relevo a importância da óbra (importância que ninguem poderá negar). O próprio plenário da Câmara, repetidas vezes abordou o assunto e muitos edís não pouparam elogios rasgados ao pioneirismo do empreendimento.

E o prédio foi “subindo”. Na sua essência material e no conceito e orgulho de todos os marilienses e forasteiros, tão grande foi a repercussão obtida, através do noticiário de órgãos da imprensa paulistana, de penetração em todo o Estado e circulação em Estados limítrofes.

Agora, após a finalização de sua estrutura de concreto, criou-se o “caso”, com a observação de que a parte destinada à Câmara não atenderá as necessidades reais de suas exigências precípuas.

Temos em vista de que foram feitas até acusações injustas ao engenheiro projetista (cujo projeto, caríssimo, nada custou a municipalidade). A responsabilidade, indiretamente veio inclusive e disfarçadamente comprometer a idoneidade e capacidade profissionais de ilustres engenheiros de nossa cidade, que, se reais as anomalias apontadas, demonstraram inépcia na execução da planta, não localizando os erros iniciais e não os trazendo ao conhecimento das autoridades competentes – Prefeitura e Câmara.

O erro maior de todas as discussões, foi a paixão e o alteamento alí verificado na ocasião. O segundo erro, foi a apreciação de assuntos técnicos por pessoas que não estão imbuídos da especialidade.

O caminho mais correto no caso, pensamos, seria convidar o engenheiro Badra, para, comparecendo à nossa cidade, elucidar as dúvidas sôbre o caso, ou reconhecendo o seu erro, dar a mão à palmatória e assumir as consequências. Tal não aconteceu.

Agora, sabe-se que o convite foi formulado e que o ilustre técnico (conhecidamente tido como um nome de grande prestígio no setor da engenharia moderna), para que esclareça a questão.

O que acontecerá, então, se o responsável pelo assunto provar, matematicamente, que os cento e poucos metros quadrados destinados ao recinto da Câmara são suficientes para atender suas exigências? Acontecerá o inevitável. Os que ferrenhamente combateram a óbra e discutiram aspectos técnicos se sujeitarão a um certo ridículo, sem o desejarem.

Sinceramente, para nós, que sempre gostamos de apregoar a grandeza da cidade e as realizações dos marilienses, o causou espécie.

Extraído do Correio de Marília de 20 de maio de 1958

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