Depois da fritura dos óvos... (12 de julho de 1958)

Sim: vamos primeiro fritar os óvos para depois ver a gordura que sobra.

Não é de nosso feitio endeusar Pedro ou Paulo nesta coluna, como, igualmente, não combatemos ninguém em têrmos pejorativos ou de carater simplista. Quando discordamos de alguém ou de alguma ação, dizemo-lo publicamente, em têrmos. Por isso, voltamos a referir-nos ao fato de algumas eivas de demagogia barata e interêsses pessoais de apetite eleitoreiro, tão comuns na época atual.

Pessoalmente, não temos preferências ou antipatias contra nenhum dos nomes óra em foco para a disputa do páreo das eleições de 3 de outubro. Nosso ponto de vista já foi exteriorizado incontáveis vezes, através desta coluna: desejamos que Marília seja representada no Parlamento Nacional, por um homem de nossa cidade. E tivemos o topete de discriminar a diferença entre um “legítimo” representante de Marília e um “autêntico” representante de nossa cidade. Inclusive respeitando os direitos eleitorais de quem-quer-que seja e ressalvando ainda as boas intenções de gente de fóra.

Já tivemos experiências no passado: Candidatos alienígenas não têm feito favores para Marília e se alguns benefícios conseguiram apresentar, ou dêles participar, apenas retribuiram os votos aqui arrebanhados. A grita constante de que Marília órfã na Assembléia tem sido relegada em muitos prismas e em diversas ocasiões, nos dá o direito de clamarmos em torno daquilo que poderá significar uma experiência: vamos tentar eleger um candidato da terra, para ver como acontecem as coisas; já sabemos como tem sucedido, sem candidatos locais eleitos; experimentemos agora eleger um, para vermos, no futuro, os resultados.

Certa ocasião, não faz muito tempo, comentamos a apresentação do deputado Luciano Nogueira Filho, referente o projeto de lei que consigna 8 milhões de cruzeiros para a construção de uma passagem de nível ferroviário em Marília. Não escondemos nosso modo de pensar relativo às poucas possibilidades de sua aprovação em tempo hábil, porque com a aproximação das eleições de outubro, a maioria dos deputados iria empenhar-se de corpo e alma no sentido de reeleição e o Plenário 9 de Julho ficaria “às moscas”, com poucas probabilidades de que a proposição referida pudesse ser convertida em lei antes do pleito vindouro. Ainda estamos com o mesmo ponto de vista e desejaríamos, sinceramente, estar equivocados.

Verdade que o sr. Wilson Rahal prestou agora inestimável colaboração ao mencionado projeto, com um parecer favorável dos mais animadores e gratos. Mas, convenhamos, só êsse fato nos dará a garantia de sua efetivação em lei?

Enquanto isso, as simpatias ou mesmo o dinheiro vão ocorrendo por aí, e as atitudes dos dois parlamentares vão sendo interpretadas de diferentes modos. E as eleições se aproximam. E como tal, os mesmos poderão ser eleitos. E se isto suceder e a verba da passagem não sair em tempo, isto é, antes das eleições, conforme dissemos no passado, estaremos errados?

Nada melhor do que o tempo para confirmar os fatos. Em nosso calendário, estamos fazendo hoje mais uma anotação a respeito.

Não acreditamos na consecução do assunto referido antes de 3 de outubro e cremos, piamente, que muita coisa que em torno do assunto gravita, tem objetivos eleitorais.

Vamos aguardar, para depois retornarmos sôbre a questão...

Extraído do Correio de Marília de 12 de julho de 1958

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