Homenagem Postuma (3 de julho de 1958)

No ról dos acontecimentos de importância da história de Marília, em parte que tange à gratidão, respeito e reconhecimento, a cidade operará hoje (3 de julho de 1958) por sí só e por outras pessoas, uma atitude bastante significativa.

Lógo mais, na Necrópole Municipal, perante as autoridades constituídas do município, representantes da imprensa e rádio e de entidades de classe, delegados especiais da Sociedade dos Veteranos de 1932 com séde em São Paulo, do Clube Piratininga e do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, serão exumados os despojos do herói mariliense da causa constitucionalista, José Vicente Ferreira.

A urna será encaminhada à edilidade local, onde permanecerá em Câmara Ardente até o dia de amanhã, quando, após a Missa que será celebrada por D. Hugo Bressane de Araujo, Arcebispo-Bispo de Marília, viajará para São Paulo, conduzida pelo cortejo, quando será depositada no Pantheon Constitucionalista do Ibirapuera.

Assim, os despojos daquele que auxiliou a levantar no Campo de Honra do Movimento Revolucionário de 1932, a bandeira de Marília, ao lado do Pavilhão de São Paulo, na luta pela constitucionalização e redemocratização do país, figurarão na galeria dos herois dessa arrancada gloriosa, que escreveu com letras de sangue, uma página de heroísmo e denodo dos mais altaneiros na história de nosso Estado.

Singelo, porém profundamente significativo deverá ser o acontecimento em referência. Grandioso em sua representação, porque perpetuará ainda mais a reverência de gratidão de todos os paulistas e colocará ao par dos nomes de um punhado de bravos que defenderam a nobre causa, o nome de Marília tambem.

Solidarizamo-nos com esse fato, prestigiando e participando déssa passagem que ficará indelevelmente marcada na história de nossa cidade.

E, no ensejo deste registro, quando atribuimos louvores à iniciativa tão elevada, não nos podemos tambem furtar a oportunidade de citarmos o acontecimento como um exemplo às nossas autoridades constituídas federais e militares, em comparação com os “pracinhas” da F.E.B., que ainda dormem sob o Cemitério de Pistoia. Providência para a trasladação dos despojos dos expedicionários já foram tomadas abundantemente. Mas nenhuma até agora tornou-se positiva, para decepção de familiares daqueles que nada deram do que a vida ou holocausto à Pátria, ao regime da tão propalada Democracia e Liberdade que nos ufanamos de usufruir e que eles, os “pracinhas” auxiliaram a mante-la e garanti-la, lutando de armas na mão, em terras estranhas, como o mais distinguido heroísmo.

Que a atuação da Sociedade dos Veteranos de 1932, nêsse pormenor, sirva, de qualquer maneira, para chamar um pouco as atenções daqueles que tem responsabilidades de proceder sôbre éssas propaladas providências, que, até agora, infelizmente, continuam “no tinteiro”.

Extraído do Correio de Marília de 3 de julho de 1958

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