Sangue para os pobres (30 de agosto de 1958)

Sabem todos, que, na ocasião em que um doente necessita de transfusão de sangue para sobreviver ou para atenuar um mal físico, encontra, quase sempre, sérias dificuldades, sendo a maior de ordem financeira, mormente se o enfermo pertencer à classe póbre.

O plasma custa um preço bastante caro, mesmo quando doado, tôdas as vezes que a transfusão é feita por um médico particular e não por um Banco de Sangue oficial.

Os pobres de Marília vinham lutando com o problema em apreço e a respeito tivemos o ensejo de ouvir, versos diversas acêrca dêsse particular. Falou-se muita coisa, especialmente criticando alguns médicos especializados nesse mister. Nós, por experiência própria, não estamos em condições de condenar ou aplaudir as referências, algumas até pejorativas, que a respeito circularam e continuam a circular na cidade.

Em fase disso, o assunto ganhou proporções tais, que veio a público e chegou a ser focalizado na Câmara Municipal. Posteriormente, criou-se e instalou-se um Banco de Sangue anexo à Santa Casa de Misericórdia local, para atender aos pobres necessitados. Informa-se que nem sempre o referido organismo dispunha de estoque de plasma suficiente, ocasionando por vezes dificuldades para seu próprio funcionamento e desobrigação de suas elevadas e humanas finalidades.

Louve-se, entretanto, o número de bons marilienses, incluindo-se ali os componentes da Fôrça Pública, que se prontificaram a doar periodicamente o sangue necessário.

Agora, o “Lions Club” de nossa cidade, prosseguindo na sua caminhada de prestígio e ações em pról da assistência social e principalmente em benefício dos pobres, resolveu também participar dêsse movimento verdadeiramente altruístico.

Tanto assim que deu os primeiros passos, oferecendo a Maternidade e Gota de Leite duas dúzias de frascos especiais para o acondicionamento do plasma e igual número dêsses utensílios à Santa Casa de Misericórdia.

Ao par dêsse oferecimento espontâneo, foi também empenhada a promessa pela diretoria da entidade, às direções dêsses dois estabelecimentos hospitalares, de que o “Lions Club” organizar-se-á de tal maneira, no sentido de que jamais falte o sangue destinado a socorrer os pobres e necessitados dêsse suco da vida humana.

Colaboração inestimável vem ser acrescentada ao movimento em apreço, óra empreendido pelos “leões” marilienses, representada pela presença pessoal e profissional do dr. Arnaldo de Barros, que dispensará em pról da causa, graciosamente, os serviços de sua especialidade.

Gestos como êsses, dos “leões” e do dr. Arnaldo de Barros, dão a certeza de que o espírito de solidariedade humana existe abundantemente em Marília e a convicção de que, por êsse motivo, nenhum pobre deixará de viver.

Congratulamo-nos com a atitude do “Lions Club” e do dr. Arnaldo Barros, nessa luta altruística e humanitária que representará a salvação de muitas vidas de nossa cidade.

Extraído do Correio de Marília de 30 de agosto de 1958

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